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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Estarolas

Kruzes Kanhoto, 25.09.23

Que os portugueses em geral, os políticos em particular e o país no seu todo não andam a “bater bem da bola” não constitui nenhuma revelação surpreendente. Salta à vista. Escolho apenas três afirmações, de outras tantas figuras públicas, porque não tenho tempo, vontade ou paciência para mais.

Começo por Marcelo, o Presidente. O homem sugere que os países que não aceitem migrantes paguem por isso. Assim uma espécie de multa que penalize esse mau comportamento. Países como a Polonia, que teve de recorrer à força para impedir a entrada no seu território de milhares de pessoas colocadas nas suas fronteiras pelo regime pró-putinista da Bielorrússia, teriam de lançar mais impostos sobre os seus contribuintes se esta ideia tresloucada fosse implementada. Felizmente nem todas as vozes chegam muito alto.

Paulo Raimundo, secretário do PCP, considera que PSD e CDS sofreram uma derrota indisfarçável nas eleições regionais da Madeira. Já o seu partido, com 2,7%, obteve uma grande vitória. Pois. Se ele diz, o melhor é nem o contrariar. Isso é coisa que não se deve fazer a pessoas com determinadas características.

Marques Mendes defendeu ontem, no seu espaço de comentário televisivo, que o governo proíba a venda de “raspadinhas”. Trata-se de uma dependência que está a arruinar a vida a muita gente, nomeadamente aos mais pobres garantiu o putativo candidato presidencial. Faz sentido. Eles que vão mas é comprar droga, que essa para além de legal gera dependência e ruina da boa.

Tendas e outras barracadas

Kruzes Kanhoto, 22.09.23

1 - Há acontecimentos que nunca passam nos meios de comunicação social. Os venezuelanos estão a fugir em massa do seu país rumo ao capitalismo norte-americano. Podiam ir para Cuba, onde ao que dizem certos sábios, se vive que é uma maravilha mesmo com um salário de poucas dezenas de euros mensais. Este êxodo, contudo, não merece nem uma nota de rodapé de nenhum telejornal. Não dá jeito. Pode estragar algumas narrativas muito em voga e outras tantas verdades que nos querem impingir. Nomeadamente quando se diz e escreve com inusitada frequência e demasiada leviandade que o capitalismo já demonstrou não ser solução. Pode não ser, mas o que as pessoas que fogem da Venezuela sabem é que o socialismo é o problema.

2 – O preço das tendas duplicou nas últimas semanas. Não será verdade, mas podia ser. Ou, quem sabe, talvez ainda possa vir a ser. A menos que um dos próximos apoios sociais, daqueles que o governo distribui generosamente pelo eleitorado, passe a incluir uma tenda de campismo. Isso ou fixar um limite máximo para o seu preço de venda ao público.

3 – Por cá o divino líder de um movimento de cidadãos, anteriormente no poder, afirma-se convicto da necessidade de muscular a oposição ao executivo autárquico em funções. Tendo a dar-lhe razão. Aquela malta da oposição são todos uns magricelas. Nada que se compare às vistosas adiposidades que durante anos dirigiram os destinos do concelho. Transformá-las em massa muscular é que é capaz de ser um bocadinho mais difícil.

Fixação pela fixação de preços...

Kruzes Kanhoto, 21.09.23

As pessoas andam esquisitas. Deve ser alguma coisa que anda no "astro", como diria a minha avó, que no tempo dela ainda não havia essas cenas das alterações climáticas. Reclamam por tudo e por nada, as pessoinhas. Agora dá-lhes para exigir que o governo fixe os preços de tudo o que se compra e vende. Sejam os combustíveis, as rendas das casas, os alimentos e o mais que achem demasiado caro. Qualquer coisa serve para reivindicar o tabelamento administrativo de preços à boa maneira marxista. Já esqueceram, ou provavelmente nunca souberam, o belo resultado a que essa prática conduziu nos países onde essas ideias parvas foram experimentadas.

A parvoíce está a ficar de tal forma preocupante que um dia destes, numa das minhas raras visitas a uma loja de chineses, deparei-me com uma velhota a exigir ao comerciante, de forma veemente e pouco educada, a devolução de três euros. Isto porque tinha acabado de encontrar noutra loja uma bengala três euros mais barata do que aquela que ali adquirira uns dias antes. E nem valia a pena o desgraçado do chinês tentar explicar-lhe que o preço do apetrecho em causa pode variar de loja para loja. Nada a demovia. Queria o graveto de volta e pronto. Não fiquei para assistir ao desfecho do conflito. Desconfio que, só para não aturar a mulher, o comerciante lhe tenha devolvido o dinheiro. Era o que eu faria, acrescentando a dispensa de voltar a cruzar a porta do estabelecimento.

A coitada da senhora até pode ser merecedora de alguma tolerância, dada a sua provecta idade. Mas só por isso. É que já não se deve lembrar do tempo em que até o preço do bacalhau que não havia era fixado pelo Estado.

Chicosta-esperto

Kruzes Kanhoto, 20.09.23

António Costa é um gajo esperto. Um espertalhão daqueles a quem vulgarmente apelidamos de chico-esperto. Toda a sua carreira politica, mais do que à elevada inteligência que certamente possuirá, se deve à sua Chico-espertice. Ontem, por exemplo, no debate da moção de censura que os seus aliados de ocasião fizeram o favor de levar a debate, tirou da cartola uma frase que deixou os comentadores e outros patetas perto do êxtase. “Se a oposição à direita não se entende para censurar o governo, como é que se há-de entender para governar”, proclamou a criatura. A tirada, admito, é bem esgalhada. Embora, vinda do tipo que repete não sei quantas vezes por dia que o país e a democracia correm perigo se o PSD se aliar ao Chega para formar governo, não mereça grande credibilidade e suscite as mais sérias reservas ao nível da coerência. Perante esta afirmação categórica do primeiro-ministro podemos ficar descansados quanto a isso de futuras alianças PSD-Chega. Não vamos correr esse risco. Palavra de socialista. Vale o que vale – e pelo que se vê vale muito pouco – mas, digo eu, deve ser suficiente para definitivamente afastar esta questão da agenda politico-mediática. Ficará muito mal aos cartilheiros do regime se continuarem a insistir no neste argumento contra o PSD depois de ontem António Costa ter morto definitivamente este “papão”. A menos que não acreditem na palavra do líder. Ele próprio, provavelmente, também não acredita.

Presidente das t(r)etas

Kruzes Kanhoto, 17.09.23

Não acho piada nenhuma ao Marcelo. “Ainda apanha uma gripe. Já viu bem esse decote?” ou “será que a cadeira aguenta?!” são apenas as últimas tiradas infelizes do tipo que ocupa a presidência da Republica. Pode haver quem lhe ache graça. Por mim dispenso estas piadolas a atirar para o javardote em que o Marcelo parece especialista. Mas, estranhamente, não vejo por aí grande indignação. Mesmo as feministas, sempre prontas a refilar por tudo e por nada, pouco se importaram com os dichotes parvos dirigidos a mulheres pelo presidente.

O irónico da coisa é o gajo que passa a vida a ser filmado e a deixar-se fotografar em cuecas, vir agora mandar bitaites alarves a propósito de um decote mais ou menos generoso. E, pior ainda, sugerir que a gripe não é transmitida por um vírus, mas contraída por causa do frio. Já nem digo que o cavalheiro – é uma força de expressão, obviamente – devia pedir desculpa pelas alarvidades. Bastava-me apenas que se portasse como um adulto. Embora isso, reconheço, o tornasse manifestamente impopular. Os portugueses estão demasiado infantilizados para apreciarem quem fala a sério.

Comparar o incomparável

Kruzes Kanhoto, 16.09.23

Cada vez que o Cavaco abre a boca o PS entra em sobressalto. Pânico, diria. E o pânico não é bom conselheiro. Esse estado de espírito leva-nos, quase sempre, a fazer disparates. Ou, no caso, a dizê-los. O melhor, nestas circunstâncias, seria ficar calado. Mas não conseguem. Toldados pelo ódio que têm ao homem, motivado pela raiva de nunca terem tido no período pós-Cavaquismo um líder que sequer lhe chegue aos calcanhares, os socialistas desatam a dizer baboseiras sempre que Cavaco Silva diz ou escreve alguma coisa. Desta vez pretendem comparar resultados da governação de então com a actual. Mais ou menos a mesma coisa que comparar o cú com a feira de Borba. Ao que parece para os lados da Rússia diz-se que, por lá, o passado é muito imprevisível. Por cá há quem queira que também seja. Provavelmente até irão conseguir reescrever a história e enganar muitos parolos. Mas, lá bem no fundo, eles sabem que são umas nulidades quando comparados com os governos de Cavaco e isso doí-lhes. Coitados, por comparação não passam de uns zeros. À esquerda.

Crises há muitas, seus palermas!

Kruzes Kanhoto, 15.09.23

Parece que a pobreza não pára de aumentar e que as famílias a passar dificuldades serão cada vez em maior número. Coisa que, tanto quanto me recordo, acontece de forma sistemática pelo menos desde o início da década de oitenta do seculo passado, altura em que comecei a ter de me governar pelos meios próprios meios e que, por consequência, passei a ficar mais atento a estes fenómenos.

O conceito de crise é muito relativo, vai variando ao longo dos tempos e as diferentes gerações encaram-no de modo absolutamente diverso. Para os meus avós crise era não ter nada para comer. Passar fome, mesmo, pois nessa altura não havia banco alimentar nem outra coisa que lhes valesse. Para os meus pais crise era comer açordas sem azeite ou dividir um pão e uma sardinha pela família toda. E, normalmente, eram muitos nessa altura. Para mim crise era apenas comer frango aos domingos, peru no Natal, borrego pela Pascoa e no resto do ano açorda, sopas de tomate ou migas. Para a actual geração crise é não ter dinheiro para ir a restaurantes, viajar pelo mundo, comprar o telemóvel topo de gama ou morar no centro cidade. Ou melhor, o dinheiro não chegar para pagar os créditos que contrai para financiar tudo isso.

Não vou, só porque não me apetece, fazer juízos de valor acerca das prioridades de cada um. Até porque, seguramente, as sopas alentejanas com que me alimentaram eram de muito melhor qualidade do que a comida que as vitimas da actual crise encomendam pela Glovo.

Prioridades modernaças

Kruzes Kanhoto, 13.09.23

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Um adulto e uma criança – pai e filho – ficaram gravemente feridos após serem atingidos por um raio quando, durante uma trovoada, procuraram proteger-se da chuva debaixo de uma árvore. Não sei o que ensinam hoje aos gaiatos, mas noutros tempos era das primeiras coisas que ensinavam na escola primária a nunca fazer. Embora, muito provavelmente, por essa altura da vida de uma criança esse conhecimento já tivesse sido transmitido pelos pais. Mas isso era no tempo em que os progenitores perdiam o seu tempo a ensinar  coisas parvas aos filhos como, por exemplo, evitar a proximidade do arvoredo quando troveja. Há muito que parvoíces dessas devem, também, ter sido retiradas dos currículos escolares. Não há tempo para essas minudências. Ensinar que um menino pode ser menina, ou o contrário, se assim lhe apetecer é que é importante e valorizável. Não salva vidas, mas serve para manter entretidas as clientelas mais abichanadas, ou o raio que os parta.

Finórios e a gata finada

Kruzes Kanhoto, 10.09.23

1- Subtrair cinco mil euros a quem tem um rendimento médio e distribuir mil euros por cinco indivíduos que ganham – ou declaram – o salário mínimo, apesar do SMN ser cada vez mais próximo do mediano, pode fazer perder um voto mas faz ganhar cinco. Há quem lhe chame redistribuição da riqueza. Prefiro chamar-lhe “umas das formulas encontradas pelo partido socialista para se perpetuar no poder”. A outra, uma espécie de plano B, é o Chega. Perante tão refinada arte de governar será difícil encontrar oposição à altura.

2 - Pedir crédito para comprar carro é das piores decisões, a nível financeiro, que podemos tomar. Ainda assim, nos ultimos meses, os portugueses pediram emprestados aos bancos sete milhões de euros. Por dia. Para além de não sabermos fazer contas, não gostamos de andar a pé e adoramos fazer figura de rico, que isto não é qualquer popó que nos serve. Para ajudar há também aquela coisa de, em grande parte do país, não existirem transportes públicos...

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3 – A Senhora Dona Gata desapareceu. Não é avistada já lá vão três dias. Terá, provavelmente, entregue a sua alma de gata ao criador. Partiu precocemente, coitada, pois ainda era uma jovem bichana. Teria, talvez, uns cinco ou seis anos. Perdeu seis vidas e meia, a infeliz.

Pedras (quase) preciosas

Kruzes Kanhoto, 07.09.23

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Por mais rebuscada que seja, alguma razão haverá para os sacos de carvão vegetal incluírem no seu conteúdo um significativo número de pedras. Numa embalagem de cinco quilos, da qual apenas gastei um pouco mais de metade, já encontrei estas todas. Cerca de meio quilo. Sem contar com as mais pequenas que, no decorrer do processo de queima, foram caindo pelas ranhuras do grelhador. Assim como não quer a coisa a quantidade de calhaus deve andar pelos dez por cento. Provavelmente tive azar e calhou-me o carvão da base do monte. Ou, então, é estratégia para manter a margem de lucro. Não se aumenta o preço nem diminui a embalagem, mas metem-se umas pedras. Preciosas, estas ideias.

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