A resiliência da alface
Diz que uma alface demora vinte anos a decompor-se. No meu frigorífico não costumam aguentar tanto. Nomeadamente as que se compram nos supermercados. Essas, ao fim de dois ou três dias estão capazes de ir para o lixo onde, ao que garantem os entendidos em questões ambientais, resistem estoicamente durante duas décadas.
Longe de mim pretender contrariar as criaturas que queimaram as pestanas a estudar estas coisas. Ainda assim permito-me duvidar da resiliência da alface. No meu compostor ao fim de seis meses estão transformadas em fertilizante. Mesmo que em aterro as condições para a deterioração dos vegetais sejam outras, a diferença temporal parece demasiado exagerada. A ser assim é de equacionar a possibilidade de passarmos a guardar as alfaces no balde do lixo. Poupa-se na electricidade, ganha-se no período de vida dos alimentos e o ambiente agradece.
Estas teorias costumam aparecer sempre que no horizonte está a criação de mais um tributo verde. O pessoal aceita e acredita que, pagando, está a contribuir para salvar o planeta. Deve estar a resultar. Tantos impostos, taxas e taxinhas depois - tudo do mais verdinho que há – estamos a ter um Verão absolutamente normal em termos climatéricos. À noite até tem estado fresquinho.