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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Agricultura da crise

Kruzes Kanhoto, 29.01.23

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Enquanto apreciador da liberdade e da democracia, tabelar os preços de tudo o que não seja monopólio não se me afigura boa ideia. Nem mesmo quando estamos, como agora, a ser vitimas da mais desenfreada especulação. E esqueçam lá essa retórica demagógica das “grandes empresas”, do “grande capital” e de mais umas quantas patetices vindas, na maior parte das ocasiões, de génios auto-proclamados que pouco mais sabem da vida do que resulta da leitura do que a outros apeteceu escrever.

Nada justifica, entre outros exemplos que podia citar, o aumento do preço dos bens que os mercadores da nossa praça praticam sábado após sábado. Não pretendo, obviamente, que o governo fixe o preço da alface, da batata ou do grelo. O que me aborrece são as justificações de quem vende e as “soluções” de quem compra. Prefiro que me digam como o outro, “enquanto pagarem a gente vai subindo”. Ora nem mais.

Por mim, que por enquanto tenho essa possibilidade, prefiro a agricultura da crise a qualquer outra forma de protesto. Até porque, neste caso, os custos de produção não crescem de uma semana para a outra. As cenouras ou as alfaces não padeceram de nenhuma espiral inflacionista desde a sua sementeira, nem tal se espera que aconteça com os alhos ou as cebolas acabadinhas de plantar.

E uma cena em grande, não se arranja?! Daquelas que é preciso fugir para Vigo, ou isso...

Kruzes Kanhoto, 27.01.23

Presto pouca atenção a estas coisas da corrupção noticiada. A esmagadora maioria são “peanuts”, como dizia o outro. E, posso estar enganado, apenas servem para distrair o pagode e entreter as autoridades a quem compete investigar este ramo da actividade humana.

O “Expresso” de hoje é um exemplo. Vá lá saber-se porquê nunca mais ligou aquilo dos “Panamá papers”. Apesar de, na altura em que lançou a bisca, ter prometido revelar todo o escândalo. Promessas. Ou arrependimentos, sei lá. Em vez disso presenteia-nos com mais uma suspeita de corrupção desportiva a envolver o Benfica. Mesmo sabendo que enquanto o mundo girar em torno do Sol haverá sempre uma agremiação - alegadamente desportiva e cujo nome não será escrito neste blogue por respeito à decência  - a suscitar questões de natureza ética e criminal em relação ao maior clube português, não vou aqui fazer a defesa do Glorioso. Até porque “não ponho as mãos no fogo” por ninguém. Era o que mais me faltava.

A historieta que o dito jornal puxa para a capa revela, antes do mais, uma tremenda falta de imaginação. É que seria muito mais fácil acreditar que o Benfica teria subornado o Rui Patrício para dar aquele frango, num jogo contra o Marítimo na última jornada do campeonato, que permitiu ao Benfica ir à Liga dos Campeões. Ou ter pago ao Brian Ruiz para falhar, a meio metro da baliza deserta, aquele golo que deu a vitória em Alvalade e no campeonato ao Glorioso SLB. Agora pagar ao Edgar Costa para “jogar mal”...sinceramente não estou a ver a utilidade de gastar dinheiro numa coisa dessas. Isso, afinal, é o que ele faz sempre. Nem precisa de ser subornado.

Especialistas especialmente especulativos

Kruzes Kanhoto, 26.01.23

Segundo o estudo de uma empresa especialista na especialidade de fazer estudos, os portugueses estão entre os europeus que mais acreditam que o aumento dos preços dos bens alimentares se deve, essencialmente, às alterações climáticas. Apesar de ter poucos estudos e de não ser especialista em especialidade nenhuma, permito-me duvidar destes estudiosos. Não acredito que os portugueses sejam tão crédulos quanto o dito estudo revela. Nem tão parvos. Quando muito são pouco entendidos na especialidade, o que os torna demasiado crentes nas opiniões dos especialistas especializados na especialidade. Nesta e noutras.

Haverá, certamente, razões muito atendíveis e da mais variada ordem para o aumento dos preços daquilo que ingerimos. Uma delas pode, até, ser a mudança do clima. Não será, seguramente, a principal. Por mim, reitero o que já escrevi noutras ocasiões, a culpa é da especulação. Podia sempre voltar a citar o gajo das alfaces ou a senhora dos ovos. Será, reconheço, apenas uma especulaçãozinha a praticada por estes mercadores, mas por uns tiram-se outros e se os pequenos fazem isso imagine-se os grandes. É que isto só quem não percebe mesmo nada do assunto é que pode acreditar na existência de motivos razoáveis para os aumentos estratosféricos, de uma semana para a outra, dos bens produzidos numa horta e vendidos directamente do produtor ao consumidor a meia dúzia de quilómetros de distância. Será, admito, o mercado a funcionar. Mas essa já é outra história.

Não vistam os bichos, porra!

Kruzes Kanhoto, 24.01.23

Só me apetece dar chapadões aquelas pessoinhas que insistem em vestir os cães e os gatos. Não percebem, os imbecis, que estão a mal-tratar os bichos. A natureza encarregou-se de dar defesas aos animais e, acreditem ou não os urbano deprimidos, eles sabem usá-las muitíssimo bem para se protegerem.

Hoje, pelas oito menos um quarto, fui dar comida à senhora dona gata. Estavam zero graus. Apesar disso o cão dos vizinhos, um rafeiro alentejano de grande porte, dormia todo refastelado na relva. Ao relento. Isto apesar da cama no alpendre e da casota nas imediações. Quando o chamei olhou para mim com um olhar que me pareceu repleto de indignação por o ter acordado a horas tão impróprias e continuou nos braços de Morfeu enquanto conseguiu resistir às informações que o olfacto lhe transmitia. Sem se importar com o frio. Mas isso é porque se trata de um cão à séria e os donos não são como esses parvos que querem fazer de um bicho uma pessoa em miniatura.

Entretanto, por causa da senhora dona gata, levantei-me alta madrugada. Coisa de que me arrependi mal cheguei à presença da bichana. Então não é me desloquei alguns quilómetros, com a consciência pesada por não lhe dar comida desde sábado, chego lá e ela tem um pardal, que deve ter caçado, ali mesmo à disposição e não o come?! Caiu vários pontos na minha consideração, a bicha. Se me faz outra passo a deixar-lhe lá cinco euros por semana e ela que se desenrasque...

VelhasFake

Kruzes Kanhoto, 23.01.23

Anda para aí uma polémica qualquer por causa de um actor que não é não sei o quê representar uma personagem que é não sei quantos. Julgava eu, na minha imensa ignorância, que a isso se chamava representação. Noutros tempos, claro. Agora exige-se que o papel de um mariconço seja representado por um actor mariconço. Se este principio fizer escola o César Mourão que se cuide. Um destes dias vai ter os seus espetáculos invadidos por hordas de velhas a exigir que as suas personagens sejam representadas por velhas à séria. Por  mim acho bem que o façam. Desde que não se dispam, como a outra coisa que invadiu o palco do S.Luiz. Basta berrarem “VelhasFake” com muita veemência e convicção.

PCC - Problemáticos Criadores de Causas

Kruzes Kanhoto, 22.01.23

Desconfio que há gente que, na falta de outra ocupação relevante, dedica todo o seu tempo a inventar novas causas fraturantes. Nomeadamente daquelas que envolvem minorias, que são as que mais incomodam as alminhas desventuradas desesperadas por notoriedade. Deparei-me hoje, numa rede social, com o lamento de uma dessas “gaja das causas” por quase não existirem professores negros em escolas com população escolar maioritariamente negra. Um desses alunos pode até passar doze anos numa escola pública sem nunca ter visto um professor negro, conclui quase em pranto a criatura. Imagine-se o drama, o horror, a tragédia e todos os traumas que isso constituirá para o fedelho. Por mim não consigo imaginar, mas devem ser próximos de zero.

O mesmo se passa no Alentejo. Escolas há onde o número de crianças ciganas é superior às restantes e, tanto quanto sei, não existe um único professor daquela etnia. Há, obviamente, que pôr fim a isto. Nomeadamente obrigando negros e ciganos a seguirem a carreira de professores. Ou, porque o processo formativo demora uns anos, esquecer a parte do professor e escolher para lecionar em função da cor da pele ou da origem étnica. Até parece que já estou a ver, num futuro próximo, um qualquer vereador da educação cá da terra sábado de manhã no mercado das velharias: “Bom dia senhor Anacleto. Noto que é cigano. A partir de hoje deixa o seu negócio e vai passar a dar aulas. Começa segunda-feira na escola do Caldeiro”.

No poupar é que está o prejuízo...

Kruzes Kanhoto, 20.01.23

A malta dos bancos não é especialmente reconhecida pela sua generosidade. É mais de se coçar para dentro, como dizia a minha sábia avó. Nem sequer chega aquele nível dos que dão um chouriço a quem lhes dê um porco. Darão, quando muito, as unhas do bacorito. Mal comparado é o que fazem com as poupanças dos portugueses. Apesar dos sucessivos apelos para que aumentem as taxas de juro a que estão remunerar os depósitos, o resultado é o que se vê.

Claro que, se existisse um banco público, o Estado podia intervir no mercado dando indicações a esse banco para subir as taxas. E quem diz os juros diz, também, reduzir ou eliminar as comissões absurdas que são cobradas aos clientes. Se esse banco público fosse, por exemplo, o maior do sector e seguisse essas práticas, os restantes não teriam outro remédio senão fazer a mesma coisa. Mas não. Por culpa das políticas de direita, dos ultra-liberais, do Passos, do capitalismo em geral ou do que mais calhar o Estado não é dono de nenhum banco. Para chatices já lhe chega a companhia de aviação que comprou um ano destes para os meninos do PS brincarem aos aviões.

O minimo, por mais que cresça, será sempre minimo...

Kruzes Kanhoto, 17.01.23

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Apesar dos inusitados aumentos dos últimos anos o salário mínimo em Portugal continua longe do que se paga noutros países. É o que temos. E, se calhar, o que merecemos. Já não se suporta o constante lamento em relação ao seu valor. Há anos que não pára de subir muitíssimo mais do que as remunerações médias e, ainda assim, é sempre a mesma lengalenga a todo o instante. O SMN até pode subir para cinco mil euros. Será sempre mínimo e valerá sempre o mesmo enquanto o seu crescimento resultar apenas de um decreto do governo. Ou alguém, em seu perfeito juízo ou fora dele, acha que o tipo da pastelaria da esquina continuará a vender os bolos ao mesmo preço se o ordenado dos empregados aumentar? E quem diz os bolos diz tudo o resto. Daí que a berraria era capaz de ser melhor direccionada para outras reivindicações...

Todos, bem ou mal pagos, queremos ter um ordenado melhor. Veja-se o caso dos craques – ou mesmo dos pernas de pau – da bola que, apesar de principescamente remunerados, fazem birra quando os obrigam a cumprir os contratos que livremente assinaram e que já de si lhes garantem uma vida faustosa. No caso do SMN só o Estado é que fica a ganhar com o seu aumento, como facilmente constatará quem o recebe. Basta fazer as contas. Ou ir às compras.

Impostos, professores e outros impostores

Kruzes Kanhoto, 15.01.23

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Ainda os professores. Acredito que terão, reitero, motivos de sobra para reclamar, mas no que diz respeito à questão da exigência de atingirem o topo da carreira a razão não lhes assiste. Em nenhuma organização ou categoria profissional todos chegam ao topo. Não seria, sequer, justo para aqueles que são efectivamente bons.

Já no que diz respeito aos vencimentos, têm toda a legitimidade para se considerarem mal-pagos. A tabela pela qual são remunerados é pública e as pensões – representarão cerca de oitenta por cento do vencimento -  que lhes são atribuídas também. As conclusões e as comparações ficam, naturalmente, ao critério de cada um.

Causa-me uma certa estranheza que os professores se refiram com insistência aos seus vencimentos líquidos. São, como muitos outros portugueses, vitimas da delinquência fiscal do Estado. Apesar disso nunca lhes ouvi uma palavra a exigir a redução do IRS. Pelo contrário, até conheço alguns que nem têm especial apreço pela ideia.

Catarina Martins, a pequena líder do conglomerado de minúsculos grupelhos esquerdalhos, marcou presença na manifestação de professores onde disse coisas. As mesmas que não foram resolvidas nos cinco anos em que fez parte da maioria que governou o país. Deve ter sido coincidência.

Ricos grevistas

Kruzes Kanhoto, 13.01.23

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Tenho o maior respeito por todos os que lutam por um futuro melhor. Principalmente ao nível das remunerações. Como é agora o caso da classe docente. Fazem os professores muito bem em reclamar aumentos, progressões na carreiras ou seja lá o que fôr que lhes acrescente uns euros ao final do mês. Para chatice já lhes chega aquela cena de andarem anos a fio com a casa às costas.

O que não acho nada bem – a ser verdade, obviamente -  é andarem a financiar grevistas, de outras categorias profissionais, que não têm nada a ver com aquelas lutas. Não é que não possam. Podem isso e muito mais. Pelo menos a julgar pelos valores com que se aposentam. Mas fica-lhes mal comprar a solidariedade de quem ganha pouco mais do que o salário mínimo. Não estão a dar um grande exemplo aos seus alunos, convenhamos.

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