A TAP e as lágrimas de crocodilo
Quando o tema é marginalidade, assaltos ou patifarias diversas praticados contra pessoas e bens, há sempre alguém – provavelmente convencido que está num patamar mais elevado da evolução humana – a manifestar-se muitíssimo mais preocupado com os crimes de “colarinho branco”. Aqueles que roubam aos milhões, que fogem ao fisco e que põem o dinheiro nos “offshores”. Entre outras coisas que agora não me ocorrem, mas que essa malta gosta de enumerar. Registo, contudo, que vindo este tipo de discurso de apego aos milhões das pessoas de esquerda serão, afinal, estas que mais amam o “capital”.
Obviamente que cada sabe de si e escolhe preocupar-se com aquilo que mais preza. Por mim, confesso a minha cobardia, tenho muito mais medo de levar uma facada do que ficar sem a carteira. Mais euro menos euro a vida há-de continuar. Já se levar um tiro ou uma naifada as hipóteses de falecer aumentam significativamente.
Por outro lado, reconheço, pouco ou nada posso fazer contra os meliantes de rua, chamemos-lhes assim. Já quanto aos outros, ainda que pouco, posso fazer alguma coisa. Nomeadamente não votar naqueles partidos que pretendem estender os tentáculos do Estado a toda a economia. Quanto mais Estado mais corrupção, mais crime engravatado e, ainda que legais, mais manigâncias de toda a ordem. Vidé o caso da senhora dos “quinhentinhos”. Se o BE, o PCP e o PS não tivessem nacionalizado aquilo não andávamos agora a chorar os milhões aos milhares que migraram dos cofres públicos directamente para a TAP. Podem agora chorar as lágrimas de crocodilo que quiserem, mas a culpa é exclusivamente da Geringonça. E de quem a apoiou, como diria o outro.