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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

A TAP e as lágrimas de crocodilo

Kruzes Kanhoto, 29.12.22

Quando o tema é marginalidade, assaltos ou patifarias diversas praticados contra pessoas e bens, há sempre alguém – provavelmente convencido que está num patamar mais elevado da evolução humana – a manifestar-se muitíssimo mais preocupado com os crimes de “colarinho branco”. Aqueles que roubam aos milhões, que fogem ao fisco e que põem o dinheiro nos “offshores”. Entre outras coisas que agora não me ocorrem, mas que essa malta gosta de enumerar. Registo, contudo, que vindo este tipo de discurso de apego aos milhões das pessoas de esquerda serão, afinal, estas que mais amam o “capital”.

Obviamente que cada sabe de si e escolhe preocupar-se com aquilo que mais preza. Por mim, confesso a minha cobardia, tenho muito mais medo de levar uma facada do que ficar sem a carteira. Mais euro menos euro a vida há-de continuar. Já se levar um tiro ou uma naifada as hipóteses de falecer aumentam significativamente. 

Por outro lado, reconheço, pouco ou nada posso fazer contra os meliantes de rua, chamemos-lhes assim. Já quanto aos outros, ainda que pouco, posso fazer alguma coisa. Nomeadamente não votar naqueles partidos que pretendem estender os tentáculos do Estado a toda a economia. Quanto mais Estado mais corrupção, mais crime engravatado e, ainda que legais, mais manigâncias de toda a ordem. Vidé o caso da senhora dos “quinhentinhos”. Se o BE, o PCP e o PS não tivessem nacionalizado aquilo não andávamos agora a chorar os milhões aos milhares que migraram dos cofres públicos directamente para a TAP. Podem agora chorar as lágrimas de crocodilo que quiserem, mas a culpa é exclusivamente da Geringonça. E de quem a apoiou, como diria o outro.

Habituem-se

Kruzes Kanhoto, 27.12.22

Foi a recomendação do primeiro-ministro aos portugueses a propósito da sua governação. Não era preciso dar-se ao incomodo. Já estamos habituados. Ou não tivesse, nos últimos vinte sete anos, o Partido Socialista governado o país durante vinte anos. Daí que é sem expectativa de qualquer espécie que aguardamos o próximo escândalo, tramóia, indecência ou seja o que for que um qualquer membro do governo ou do aparelho partidário tenha feito e que havemos de saber nos próximos dias. Não é uma questão de ter ou não feito. É de quando vamos saber que fez.

Relativamente à bronca da semana – a que envolve esta senhora da TAP, não vá haver por aí outra que eu não saiba – há que, a bem da verdade, ser justo com a criatura. Ela não se “abotoou” com meio milhão de euros. Cerca de metade, pelo menos, regressam aos cofres do estado. Não é que isso dê mais ou menos seriedade – ou retire, não interessa – à coisa. É só para reforçar a ideia, que não me canso de repetir, de que o maior vigarista que por aí anda é o Estado. Mas, também a isso, já nos habituámos.

Ninguém quer ser rico...

Kruzes Kanhoto, 26.12.22

A julgar pelas reacções, a noticia da multiplicação por cinco do número de ricos não agradou aos portugueses. Nada de surpreendente. Já no tempo do PREC assim era. Os revolucionários de então – lamentavelmente muitos deles ainda por aí andam - em vez de ambicionar acabar com os pobres pretendiam era exterminar os ricos. Opções de vida que, antes e agora, têm muito a ver com a ignorância e, principalmente, a inveja.

Um dos argumentos mais vezes repetido, entre os que se sentiam indignados com este aumento do número de ricaços, é o crescimento semelhante da quantidade de pobres. Desconheço o indicador utilizador pelo fisco para determinar a partir de que rendimento alguém é considerado rico mas, desconfio, que será um valor relativamente baixo. Pelo menos a julgar por aquilo que é a tabela de IRS. Se calhar, digo eu, devia ser para aí que os portugueses deviam apontar a sua indignação. É que se um escravo é alguém a quem confiscam cem por cento da remuneração, então a partir de que percentagem de confisco do ordenado é que somos cidadãos livres? Mas isso, obviamente, não interessa nada. O tuga quer lá saber do seu recibo de vencimento. Chateia-se é se o tipo do lado ganha mais do que ele.

Agricultura da crise

Kruzes Kanhoto, 24.12.22

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Não é que me esteja a queixar da chuva. Até porque, como se diz por estas bandas, cá em baixo é que ela se bebe. Contudo as condições atmosféricas não têm sido propicias ao desenvolvimento de actividades agrícolas. Apesar disso a colheita da véspera de Natal tem todo este bom aspecto. E, além do mais, também ajuda a combater a inflação promovida por aqueles especuladores para quem qualquer pretexto é bom para aumentarem o preço dos seus produtos. Como, recordo, o gajo das alfaces. Por esta altura já as deve vender a euro e meio. Ou mais, que aquilo não é malta para se engasgar com pouco...

Lâmpada russa?!

Kruzes Kanhoto, 23.12.22

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Esta mania de verificar a origem dos produtos é antiga. Neste caso nem precisava de comprar uma lâmpada. Calhou a olhar para aquilo e, vai daí, vi de onde veio. Ainda bem que não me fazia falta. Acho que, na ausência de alternativa decente, teria preferido ficar às escuras.

Surpreende-me que o “Continente” continue a vender produtos com origem na Rússia. Pareceu-me ter visto e ouvido noticias acerca de uma invasão, merecedora de repulsa por parte de toda a gente civilizada, que levou à imposição de sanções aquele país. Será que, à semelhança do petróleo e do gás, as lâmpadas também foram excluídas desse boicote?

Ceguetas reivindicativos

Kruzes Kanhoto, 21.12.22

Tenho o maior respeito por quem reivindica melhores condições de vida. Seja a nível salarial, das condições de trabalho ou por melhores serviços públicos. Não consigo é ter respeito nenhum é por aqueles que apenas reivindicam conforme as circunstâncias. Que é como quem diz, a cor política que está no poder. Vejam-se, por exemplo, os professores. Ou as incontáveis comissões de utentes que, assim do nada, desataram a exigir maior eficiência ao SNS. Isto para não falar dos sindicatos que – só agora, mas mais vale tarde do que nunca – se queixam da aproximação do salário mínimo ao salário médio.

Foi preciso a geringonça acabar para toda esta malta, de repente, desatar a protestar e a reivindicar coisas. Durante os quatro ou cinco anos anteriores estiveram, certamente, a hibernar como o Nogueira aquele alegado professor. Provavelmente recuperaram agora da cegueira ideológica que não lhes permitiu ver o estado a que isto chegou. Ou então – o mais provável – seguem como cordeirinhos o guião das reivindicações que alguém ou alguma organização lhes fornece. E nestes casos, reitero, não merecem respeito nenhum. Só desprezo.

Vistos gold

Kruzes Kanhoto, 18.12.22

Segundo a primeira página de um pasquim os dez mil vistos gold já concedidos apenas terão gerados vinte postos de trabalho. Não sei como chegaram a este número, mas, quase de certeza, de tão poucos que são até deve ter dado para identificar cada trabalhador que conseguiu emprego graças a este programa de atracção de capital.

Claro que estes números suscitaram as mais acaloradas reações dos muitos entendidos que, nas redes sociais ou nas discussões entre amigos, dissertam acerca destas matérias. Uma vergonha, não serviu para nada e há que acabar com este favorecimento aos capitalistas que para cá trazem o seu dinheiro são as reacções da generalidade dos tugas. Gente entendida, reitero, em matéria financeira como a nossa história recente se tem encarregado de demonstrar.

Por mim, como sempre, prefiro os números. De preferências aqueles que, por mais voltas que se lhes dê não se deixam manipular. Os do IMT, no caso. Aquele imposto que o Estado nos saca quando compramos uma casa. Escolho este indicador porque o imobiliário é – parece consensual – o principal sector onde esse dinheiro tem sido investido. Em 2013 a receita deste imposto foi de 382 milhões de euros enquanto no ano passado ultrapassou os 1 286 milhões. Todo este dinheiro - o que entrou nos cofres das autarquias e mais o resultante das vendas - deve ter criado algum emprego e gerado alguma riqueza. Digo eu, que gosto muito de dizer coisas.

Podia, ainda, ironizar acerca da evolução tecnológica que permitiu a reconstrução de inúmeros imóveis nas principais cidades sem recurso a mão de obra. Ou mesmo nas mais pequenas. Mas como nos últimos dois anos tive, em diversas ocasiões, de recorrer a especialistas especializados em construção civil durante largos meses fica-me difícil ironizar acerca do assunto. Se alguém souber um método de recuperar habitações sem intervenção humana que me avise.

Água é vida

Kruzes Kanhoto, 17.12.22

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Só quem nasceu ou vive há muito no Alentejo entende a satisfação que dá ver os regatos a correr. Nasci e cresci entre estes dois ribeiros. Quando era gaiato – já lá vão quase trezentos anos – corriam, com maior ou menor caudal, entre Novembro e Abril. Agora isso apenas acontece  esporadicamente. Quando chove durante alguns dias seguidos e com uma intensidade acima da média. Ou seja, muito raramente. Passam-se anos consecutivos sem que por ali escorra uma pinga de água. E esta, mesmo assim, vai ser de pouca dura.

Os especialistas especializados na especialidade terão, de certeza, uma explicação que não deixará de envolver as alterações climáticas, a pressão urbanística ou outra qualquer acção maléfica praticada pelo homem*. Neste caso em concreto, como por aqui não existe pressão urbanística nem tenho conhecimento de patifarias que envolvam a destruição destas linhas de água, a culpa só pode ser da irritabilidade do clima. Embora em matéria de irritação a  minha não seja menor quando penso que toda esta água vai acabar no mar.

*Não sei se sou só eu que reparo que quando estão em causa acções pouco abonatórias para a humanidade não se pratica aquela coisa da linguagem inclusiva...

Dar o peixe...

Kruzes Kanhoto, 15.12.22

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Ainda me lembro do tempo em que a esquerda citava com frequência as tiradas filosóficas proferidas pelos seus ideólogos. Recordo, por exemplo, aquela que garantia ser muito melhor fornecer uma cana de pesca a um pobre do que dar-lhe um peixe. Princípio que, desconfio, a dita esquerda já terá atirado às urtigas. O que não surpreende, dada a flexibilidade em matéria de princípios que afecta qualquer um quando está em causa a actividade piscatória ao eleitor.

Vem isto a propósito da distribuição massiva de “pescado” que o governo anda a fazer desde Setembro. Outra vez aos mais “vulneráveis”. Que é um conceito muito em voga entre a classe política, desde os comunas aos facholas. O arrastão fiscal permite-lhe isso e muito mais. E a vontade de se manter no poder, também. Nem que para tanto tenha até de roubar as sandálias aos “pescadores”. Já faltou mais.

Senhora Dona Gata

Kruzes Kanhoto, 10.12.22

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Hoje o destaque vai para a gata. A Senhora Dona Gata. Não tem outro nome. Só esse. E chega-lhe muito bem. Não entra em casa, dorme no alpendre dentro de um balde de tinta, come restos ou outra coisa que consiga caçar e não dá confiança a ninguém. Gosta de manter uma distância de segurança relativamente a toda a gente. Vive sozinha e não precisa de ninguém por perto para viver a sua vidinha. Uma gata à séria, em suma. Deve ser por isso que está gorda e luzidia...

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