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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Licença para cagar

Kruzes Kanhoto, 29.09.22

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Vão-me faltando as palavras para adjectivar o comportamento dos donos – tutores, pais ou lá o que eles se consideram – que permitem aos seus cães – patudos, anjos, filhos e mais a puta que os pariu – cagar na via pública. Desde que se iniciaram as obras no centro da cidade essa malta ficou com menos espaço para levar a canzoada a arrear o calhau. Vai daí largam a bosta no escasso metro de passeio que resta para a passagem dos peões. Devem achar-se nesse direito, os javardos. Todos os dias são várias as cagadelas, de diversos tamanhos e consistências, que aparecem logo pela manhã numa zona com diversas lojas e de passagem obrigatória para muita gente.

Não é que em termos de merda e de javardice faça grande diferença, mas seria interessante uma entidade qualquer – se calhar uma junta de freguesia, ou isso – encomendar um estudo para saber quantos cães existem na cidade. Depois podia confrontar com a base de dados do registo dos canitos, divulgar as conclusões e agir em conformidade.

Inquietação nacional...

Kruzes Kanhoto, 28.09.22

Tenho manifesta dificuldade em entender esta constante e generalizada preocupação com o salário mínimo. Se já assim era quando – para não dizer antes – o seu valor se situava nos quatrocentos e quinze euros, provavelmente seria tempo de percebermos que, se após setenta por cento de aumento continuamos com o mesmo problema, a solução não estará no valor que se paga pelo SMN. Parece-me evidente – e já aqui o escrevi em múltiplas ocasiões – que podem aumentar o que quiserem. Para cinco mil euros por mês, se lhes parecer bem, mas tudo permanecerá igual e o SMN continuará a valer o mesmo que valia quando o seu valor eram os tais quatrocentos e quinze euros.

O constante aumento do SMN não tem, como está amplamente demonstrado, produzido qualquer efeito no poder de compra de quem o aufere. Serve apenas, quando muito, para melhorar as contas da Segurança Social. Tem, isso sim, servido para desvalorizar os vencimentos acima. Quem governa, sustentado pela opinião pública e por quase todos os sábios especialistas na especialidade, acha que este é o caminho. A mim, que tal como o outro não tenho biblioteca nem percebo nada de economia, parece-me um disparate. Gostava de estar errado, mas a realidade anda há anos a insistir em dar-me razão.Só

Inferno fiscal

Kruzes Kanhoto, 26.09.22

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Por acaso nunca me aconteceu. Até agora a nenhuma alma caridosa ocorreu a ideia de fazer uma transferência para a minha conta. Mas, se tivesse ocorrido, parece que teria de pagar imposto. A lei que a isso obriga usa o termo “doação”, mas não estou a ver como é que o fisco distingue entre doar e transferir. De referir, também, que a intenção de taxar estes movimentos não é nova e que, muito provavelmente, a receita fiscal resultante destas operações deve andar próxima de zero. O preocupante disto é o falatório que ultimamente tem gerado. Desconfio que é mais uma frente onde o Estado pretende, a curto prazo, meter o bedelho.

Há quem se indigne com aquilo a que chamam paraísos fiscais. Lamentavelmente não conheço nenhum desses alegados lugares idílicos. E tenho pena. O que conheço é o inferno fiscal em que vivemos e a obsessão demoníaca do Estado-Mafarrico em se apropriar do dinheiro alheio. Infelizmente, apesar de sermos um povo maioritariamente católico, poucos se importam de ver os seus rendimentos consumidos nas chamas da fogueira fiscal. Pelo contrário. Há até quem argumente que quanto mais dinheiro arder no purgatório melhor se viverá no paraíso. Crendices de alguns anjinhos-contribuintes. Daqueles que não se importam de dar a outra face. E o respectivo imposto, que o Estado-Belzebu nem com doações se comove.

E que tal irem viver para a selva?

Kruzes Kanhoto, 25.09.22

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Nunca entenderei o que leva alguém a ter um cão encerrado dentro de casa. Amor pelo bicho não é de certeza. Se fosse não o condenavam a uma vida de clausura apenas interrompida para o levarem a cagar e a mijar na via pública. Quem assim procede, em apartamentos ou outros alojamentos parecidos, demonstra uma total ausência de respeito pelo bicho, pelos vizinhos e pelos demais cidadãos. Por mais que lhes chamem “filhos”, os considerem da família ou proclamem a sua bondade por tanto amarem os “patudinhos” e os preferirem às pessoas, isso não os faz melhores do que os outros. Antes pelo contrário. Apenas realça aquilo que realmente são. Uma merda.

O que faz falta é divertir a malta!

Kruzes Kanhoto, 23.09.22

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Tal como acontece em muitas outras localidades, também por cá vamos ter uma espécie de “Feira do Idoso”. Ainda bem, que nisto de festas, festinhas, festarolas e divertimentos diversos não devemos ficar atrás dos demais. Por mim, que faço tudo para não voltar a ser acusado de “não querer é que as pessoas se divirtam”, até acho que devíamos ter mais “feiras”, ou lá o que lhes queiram chamar, desta natureza. Podíamos ter, entre outros, o “Festival do bebé”, a “Semana dos patudos” ou o “Encontro de carecas”. O sucesso, tenho quase a certeza, estaria garantido. Ficam as sugestões. Parvas, concordo, mas isto no que diz respeito a iniciativas autárquicas ainda não é conhecido o limite da imaginação.

Mas, voltando à dita “Feira do Idoso”, tenho uma certa curiosidade acerca do que poderá ser transacionado num certame assim designado. Vão lá estar barraquinhas de venda de raspadinhas, fraldas de incontinência e bancos a promover contas poupança-reformado? Podia, para tirar as dúvidas e porque a bem-dizer já faço parte do público-alvo destas fantásticas iniciativas, ir lá ver in loco. Mas não me apetece. Não vá alguém levar o nome do evento à séria e pretender mesmo levar para casa algum idoso em bom estado. Pelo sim pelo não o melhor é não arriscar. Depois contam-me.

Já ouviram falar do mercado, ou lá o que é?

Kruzes Kanhoto, 21.09.22

Muito se tem falado e escrito ultimamente acerca da habitação. Um problema, parece. Todos se queixam. Desde estudantes que não conseguem arrendar um quarto a um preço considerado decente, professores deslocados a quem é pedida uma renda por vezes superior ao vencimento e população em geral à procura de casa. Todos, admito, terão razão nos seus queixumes. Estão, contudo, a direccionar as suas queixas no sentido errado. Não são os senhorios, por mais especulativos que sejam os preços praticados, que têm por missão praticar a assistência social. Essa compete ao Estado. Sem o saque fiscal, que o Estado promove sobre os rendimentos e o património, seguramente seria menos doloroso o acesso ao arrendamento por parte de quem procura e mais atractivo colocar um imóvel no mercado do lado de quem arrenda. A preços minimamente aceitáveis apenas um doido varrido aceita fazê-lo. Por todos os motivos. Desde a fiscalidade à protecção que é dada pela lei aos inquilinos. Gente que, em demasiadas circunstâncias, nem numa caverna merece viver. Quando deixam uma casa, muitos deles largos meses depois de deixarem de pagar a renda, esta fica inabitável. Fruto, por vezes, na harmoniosa imundície em que vivem com cães e gatos ou da manifesta indisponibilidade para limpar o espaço em que habitam. Uns javardos, em suma.

Agricultura da crise

Kruzes Kanhoto, 19.09.22

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Feijão verde e abóboras. São, por assim dizer, os restos da época de Verão da agricultura da crise. Desta vez com algumas atribulações. Nomeadamente visitas inoportunas dos amigos do alheio, sequência prolongada de dias com calor extremo e ausência de cuidados por períodos demasiado longos terão ditado uma produção abaixo do esperado quando comparado com o ano anterior. Excepção feita às abóboras. Não foram semeadas – as sementes foram incluídas no estrume produzido no compostor doméstico cá de casa – mas, talvez por isso, o resultado foi o melhor de sempre. Resistiram a tudo e, agora que foi necessário arrancar as plantas, ainda havia toda esta quantidade.

Não sei se ainda existem as famosas “hortas urbanas” tão em moda nos anos da troika. Uma necessidade a que os portugueses, coitadinhos, se tiveram de dedicar nos anos de governação de Passos Coelho. Aquele malvado cujo único propósito era levar as pessoas à miséria. Provavelmente agora, que graças ao Costa somos todos ricos outra vez, ninguém precisará dessas coisas. Ou, se calhar, nem haverá tempo para agriculturas. A julgar pelas imagens das festas e romarias a crise não anda por estas bandas, o dinheiro abunda nos bolsos do pagode e a inflação, quando chega a hora de festejar, não é coisa que incomode. Ou, então, é a consequência da mudança dos tempos e das vontades. Antes dava-se terra para cultivar bens comestiveis, agora dão-se “apoios sociais”. Opções.

Nem todos podem morar na praça...

Kruzes Kanhoto, 17.09.22

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Segundo a jovem Secretária de Estado da Habitação, citada pelo Público, “toda a gente tem o direito a viver nas zonas mais caras de Lisboa e do país” e que “isso faz-se também com respostas públicas”. “Cabe ao Estado dar essa resposta”. Apesar da chacota de que está a ser alvo, a criatura tem toda a razão. Eu tenho direito a viver onde quiser. Desde que, obviamente, tenha dinheiro para pagar o exercício desse direito. E, não menos obviamente, ao Estado cabe, de facto, proporcionar-me condições para que eu o possa concretizar. Através de políticas públicas que promovam a nossa aproximação ao nível de vida dos países mais ricos, por exemplo.

Vindo de uma socialista o mais certo é não estarmos a ver o problema pelo mesmo prisma. Desconfio que a jovencita estará a pensar numa qualquer maneira de obrigar os proprietários dos imóveis situados nessas zonas, a vender ao preço da uva mijona ou em subsidiar qualquer pelintra que lhe apeteça viver na Lapa ou na Quinta do Lago. Nomeadamente se o pelintra for um camarada.

A malta que chega a estes lugares tem como principal mérito estar na “jotinha” certa, no momento certo. Da vida terão, quando muito, a experiência idílica que lhes terá sido proporcionada pela mesada paterna. Não os condeno por isso nem acho que, apenas por esse motivo, estes cargos lhes estejam vedados. Só lamento que não conversem mais com as avós. Elas de certeza lhes diriam que nem toda a gente pode morar na praça.

Caridadezinha socialista

Kruzes Kanhoto, 15.09.22

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Provavelmente muita gente já não se lembra – que isto, como dizia o outro, há muita falta de memória na política e nos políticos – mas convém não esquecer que foi a falta de dinheiro, provocada pela trágica governação do PS que conduziu o país à falência, que levou o governo de então a proceder a uma subida brutal dos impostos, nomeadamente o IRS.

Seria lógico esperar que, numa situação de relativo desafogo dos cofres do Estado, baixar os impostos fosse uma das opções quando se pretende aliviar a pressão que a inflação está a causar nos salários. Mas não. Isso não é coisa que ocorra a um governo socialista muito mais empenhado em governar para as clientelas que lhe garantem a reeleição.

Depositar cento e vinte cinco euros na conta de cada contribuinte vai servir de muito pouco. Servirá, quando muito, de propaganda eleitoral lá mais para frente e, no imediato, para injectar dinheiro nos bolsos dos empresários da restauração. É a caridadezinha socialista. Habitue-mo-nos, que para o ano há mais..

O Taremi é alentejano?

Kruzes Kanhoto, 13.09.22

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Há quem diga que o país perdeu o sentido de humor. De certa forma concordo. Não se podem fazer piadolas – nem, sequer, um simples dichoteacerca do aspecto físico, da desorientação sexual, da cor da pele, da origem étnica e do que mais calhar de ninguém. Só de alentejanos. Desses podem dizer-se as mais deprimentes graçolas. Ninguém se importa e quase todos acham graça. Menos eu. E - nem peço desculpa pela falta de modéstia – até sou um gajo com um sentido de humor de fazer inveja a muita gente. Não tenho é paciência nenhuma para imbecis como o senhor Jaime Coutinho, mediador de seguros e comentador de futebol no Facebook nas horas vagas. Profundo desconhecedor do país, também. Um tipo que deve conhecer tão bem o Alentejo como eu conheço Pataias. Podia, como bom alentejano, responder-lhe com uma piadola jocosa acerca disso de passarmos o tempo deitados. Mas não o faço. Até porque não sei se o senhor é casado ou se ainda tem mãe.

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