Um dos muitos famosos – ou vagamente conhecidos, vá - que por aqui têm segunda, terceira ou quarta habitação perorava um destes dias acerca do estio que se faz sentir por estas bandas. Entre outros considerandos o homem manifestava o seu lamento pela pouca abundância de árvores no espaço urbano. Coisa que, até porque se mete pelos olhos dentro, salta à vista de qualquer um. A menos que se seja vítima de cegueira ou se pertença ao conjunto de políticos que, no último meio século, tem governado o concelho.
Parece, desde que me lembro, que existe por aqui uma estranha aversão às árvores. De todos. A população, auscultada sobre o assunto, opta por um arranjo do Rossio – um dos maiores largos do país - que não contempla, para além de uma pila de dinossauro espetada no meio, uma única árvore num espaço equivalente a dois campos de futebol. Pior, chegou-se mesmo ao ponto de abater árvores em zonas habitacionais só porque os pássaros que nelas se acolhiam cagavam os carros aos moradores e as folhas sujavam os respectivos jardins. Não há inocentes nisto. Nem os políticos, que preferem fazer festas, festarolas e festinhas ou espalhar betão por todo o lado, nem nós os cidadãos que os elegemos e, qual os temerosos das trovoadas, apenas nos lembramos das árvores quando o calor aperta. Estamos bem uns para os outros, portanto.
Quanto ao resto do artigo, não acompanho os demais considerandos que o autor – no caso o senhor José António Saraiva - tece ao longo da sua escrita. Estremoz não era, à época que refere, uma cidade mais pobre do que qualquer outra, nem os seus habitantes trajavam uma indumentária diferente do que eram, na época, os ditames da moda. Nem desconfio de onde é que o cavalheiro em causa tirou esta ideia, mas, se calhar, foi só para encher mais uma linhas. Se receber ao “caracter” qualquer parvoíce dá jeito.