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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Não há cá neutros...

Kruzes Kanhoto, 31.05.22

Nisto da agressão criminosa da Rússia contra a Ucrânia não faltam os especialistas na especialidade. Inclusive os especialistas em neutralidade. Que, diga-se, são os piores. Porque, lá bem no fundo, eles sabem tão bem como nós que isso da neutralidade não passa, neste caso, de mera retórica repleta de hipocrisia. Ou como diria, com as devidas adaptações às circunstâncias, um dos maiores malucos que governou este país, “não há cá neutros, ou se está com a revolução ou se está contra a revolução”. São estes neutros que me deixam confuso. Ora dizem que as sanções da Europa contra a Rússia podem ser consideradas um acto de agressão e conduzir a uma resposta militar dos russos, ora garantem que as ditas sanções até são boas para o país agressor, exultando pelo facto de os cofres do Kremlin estarem a receber valores nunca antes vistos provenientes do comércio com o resto do mundo. Convém que se decidam e nos esclareçam se, na sua douta opinião, as sanções são boas ou más. Não é que as opiniões deles tenham qualquer espécie de relevância. Não passam, afinal, de tentativas falhadas de manipular incautos, mas, ao menos, evitavam fazer figura daquilo que são. Indigentes mentais.

Oportunistas de serviço

Kruzes Kanhoto, 27.05.22

Parece que temos uma estranha necessidade de imitar tudo o que os espanhóis fazem. Especialmente as parvoíces. Agora deu-lhes, lá no parlamento, para com o sentido de oportunismo que lhes é característico, propor a semana de quatro dias e a licença menstrual. Nem vou estar para aqui a dissertar acerca das inegáveis vantagens da primeira proposta e da possível bondade da segunda. Isso fica para os especialistas nestas especialidades que, em breve, se pronunciarão sobre a temática. Mas, conhecendo relativamente bem o funcionamento da administração pública, não sei se os portugueses, mesmo aqueles que aplaudem estas medidas, estarão a ver bem o esforço fiscal que vão ter de fazer. É que, assim de repente, já estou a imaginar a quantidade de gente que vai ser necessário contratar para compensar os – pelo menos – sete dias por mês que as funcionárias públicas vão deixar de trabalhar. E nem vale a pena pensar que a medida apenas se aplicará a algumas. Todas irão ter dores horríveis. Será como a “gravidez de risco”. Hoje, no sector público, raramente existe uma grávida que não seja de risco e, por conta disso, esteja larguíssimos meses sem bulir.

Podem, reitero, ser duas medidas simpáticas, justas e cheias de boas intenções. O pior é o resto. Por mim, se tivesse uma empresa, sei o que faria. Os empresários, acredito, também.

Irritação, precisa-se

Kruzes Kanhoto, 26.05.22

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Calculo que os meus leitores já terão reparado que, de há tempo a esta parte, tenho escrito aqui no Kruzes muito menos do que era habitual. O alivio que lhes tenho proporcionado deve-se, por um lado, à agricultura da crise e, principalmente, aos baixos níveis de irritabilidade de que ando a padecer. Quem me segue com regularidade já terá percebido que a irritação inspira-me. Torna-me os dedos mais leves, digamos assim. Coisa que, ultimamente, não tem acontecido. Apesar de temas capazes de despoletar a minha ira surgirem quase todos os dias, estou com manifesta dificuldade em irritar-me. Oxalá isto passe depressa. É que começo a ficar preocupado. Para que se perceba a dimensão do drama, nem sequer me consigo irritar com aquelas pessoas – e, espantosamente, são muitas - que insistem em chamar palhaço ao presidente da Ucrânia, apesar de terem votado no Marcelo. Sei que é esquisito, mas só me consigo rir. As melhoras a mim, porque essas criaturas são casos clinicamente perdidos.

Reduflação

Kruzes Kanhoto, 24.05.22

Diz que estamos a voltar a padecer de uma maleita social que andou desaparecida durante decadas. A r. Uma artimanha que consiste na redução da quantidade de certo produto sem diminuir o preço. Uma prática que não é ilegal, já avisaram os especialistas na especialidade, se o peso ou as medidas do produto corresponderem ao anunciado na embalagem. Nada de novo, a bem-dizer. Sou do tempo em que o “pão de quilo”, por não poderem aumentar o preço, passou a ter oitocentas gramas e o pagode, só para chatear e não ser levado por parvo, passou a pedir “um quilo de pão”. Durante um tempo um ou outro vendedor menos manhoso cedeu ao pedido do “contrapeso”, mas isso caiu em desuso e hoje, desconfio, se um panito pesar setecentas gramas já vamos com sorte.

Os donuts são outro bom exemplo. Aquilo do buraco no meio não está ali por acaso. Mas a solução não está em legislar sobre embalagens, pesos ou medidas nem em fixar preços. Isso, mais cedo do que tarde, dá sempre muito mau resultado. Sempre assim foi e sempre assim será. O mal menor será deixar funcionar o mercado. Gostemos ou não, esta problemática não tem solucionática.

De "estripanço" percebem eles...

Kruzes Kanhoto, 22.05.22

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Apesar da retórica oficial basta uma rápida passagem de olhos pelas redes sociais para se perceber, relativamente à invasão russa da Ucrânia, de que lado está o partido comunista. Os militantes, simpatizantes, apaniguados ou lá o que sejam, podiam, até para evitar males maiores para aquele já de si minúsculo e irrelevante grupelho, fazer de conta que a leste não se passava nada. Mas não. É-lhes impossível conter a admiração que nutrem pela Rússia, por Putin e por tudo o que os faça recordar os seus tempos de juventude em que sonharam impor em Portugal uma ditadura comunista igual à que foi corrida a pontapé pelos povos daquela zona da Europa. Levam o dia no Facebook a papaguear até à exaustão a propaganda do Kremlin. Aos mais velhos até os compreendo. Coitados. É inútil contrariá-los ou chamá-los à razão. Fazê-lo só piora as coisas. Já a minha avó me avisava para nunca contrariar nem um bêbado nem um maluco. Mas também há comunistas mais ou menos jovens a defender a causa putinista. Gente inteligente, culta e geralmente bem informada acerca de tudo o que envolve esta guerra. Sabem tanto, mas tanto, que mesmo qualquer criatura, natural ou que sempre tenha vivido naqueles países, é considerado um perfeito ignorante se, como acontece quase sempre, manifestar o seu repúdio pelas opções politico-militares russas. Consideram-se, cheios de convicção, gente de outra estirpe. Quanto a isso estamos de acordo.

Deixem os velhinhos raspar à vontade!

Kruzes Kanhoto, 19.05.22

Esta mania, tão apreciada pelos portugueses, de o Estado se meter em todos os aspectos da nossa vida aborrece-me profundamente. Hoje é um organismo qualquer – oficial, presumo, dado que tem como líder um destacado militante socialista – que vem propor uma comissão para analisar o impacto social das raspadinhas. Podia ser para estudar uma coisa séria. Como a influência do IRS no miserabilismo dos salários, por exemplo. Mas não. A preocupação tem antes a ver com o alegado vício de reformados e outros desfavorecidos em relação aquele jogo de azar da Santa Casa. O que, para além das maleitas de carácter social, até faz com que os coitados estejam a ser sujeitos a uma espécie de imposto, alegam os especialistas em vícios de pobrezinhos, velhinhos e outros coitadinhos.

Esta perspectiva acerca do comportamento dos cidadãos que investem em lotaria instantânea cheira-me, entre outras coisas, a discriminação no âmbito da jogatina e do comportamento em geral. Pode haver - e provavelmente haverá - muita gente a esturrar a reforma ou o rendimento mínimo em raspadinhas. Tal como outros esbanjarão o que têm e não têm no casino, nas apostas on-line, nas putas, em viagens, em carros ou naquilo que a imaginação lhes ditar. Ninguém quer saber. Só, pasme-se, os velhinhos e os pobres é que não podem fazer o que bem lhes apetece dos seus rendimentos sem que venha logo alguém apontar-lhes o dedo e criar comissões que estudem a maneira de os impedir de raspar em busca da sorte. Se isto não é discriminação, então, temos de rever o conceito do que se entende por discriminar. Ou, se calhar, é ainda pior. Quiçá a ideia seja, um dia destes, generalizar aquela cena do “Regime do Maior Acompanhado” às pessoas a quem o PS o Estado acha que andam a raspar em demasia...

Dados há muitos...

Kruzes Kanhoto, 15.05.22

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Não percebo nada dessa coisa de que tanto se tem falado nos últimos dias. Os metadados, ou lá o que é. Diz, assim grosso modo, que é uma cena capaz de dar um certo jeito para apanhar criminosos. O pior é que não pode ser usada. Ao que parece uns juízes quaisquer, a atirar para o bota de elástico, não terão achado boa ideia usar essa modernice na caça aos meliantes. Num momento de rara sagacidade, possivelmente maravilhados com a sua própria genialidade, acharam que a decisão era tão boa que seria uma pena aplica-la apenas em casos futuros. Daí decidiram que também conta para o passado. Lamentavelmente quando apreciaram a constitucionalidade dos cortes do subsídios de férias e de Natal não ficaram tão impressionados com o seu brilhantismo e, nessa altura, entenderam que a sua sábia decisão apenas valia para o futuro. Coerentes, estes cavalheiros.

Quem, consta, beneficiará deste beneplácito da justiça será aquela malta que andava para aí a aceder a dados dos utilizadores mais incautos do MBWay. O que pode levar um tipo como eu - que, recordo, sou um perfeito alarve em cenas como leis, dados, justiça e mais um imenso rol de áreas que me escuso de enumerar para não cansar quem me lê - a concluir que esses podem aceder aos dados que quiserem sem problemas nem constrangimentos de ordem constitucional.

Assim de repente - ainda que não tenha nada a ver com o restante conteúdo do texto - ocorreu-me aquela tirada do cidadão de etnia cigana para o causídico que o representava: “Ó sr. doutor, há lá alguém mais sério do que um cigano ou um advogado!”. Não tem, reitero, relação nenhuma com o post nem sei, a bem dizer, porque me fui lembrar disto.

Kuriosidades

Kruzes Kanhoto, 12.05.22

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Curiosa, muito curiosa mesmo, a intuição que levou um canito a escolher este local para arrear o calhau. Para além da opção, saliente-se igualmente a pontaria do bicho. Nomeadamente quando anda por aí tanta gente a “cagar fora do penico”. Não é para qualquer um, seja qual for o número de patas em que se locomove. 

Fátima, futebol e falcatruas

Kruzes Kanhoto, 09.05.22

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Não consta que a Senhora de Fátima seja portista ou, sequer, se meta em política ou assuntos futebolísticos. Terá, quando muito, intercedido a nosso favor quando de um derrame de petróleo, ocorrido já lá vão uns anos, ao largo da Galiza. Mesmo assim o treinador do Porto fez questão de lhe agradecer as alegadas graças recebidas e que lhe permitiram ganhar o campeonato do pontapé na bola. Fez bem, o cavalheiro. Se bem que essa parte do cavalheiro, atendendo ao seu comportamento dentro dos estádios de futebol, não passa de um eufemismo mal-enjorcado. Mas, reitero, fica-lhe bem o agradecimento. Até porque Fátima e futebol têm, desde o início de ambos, muito mais em comum do que aquilo que se pode suspeitar. Os pastorinhos da Cova da Iria e os árbitros portugueses comungam uma capacidade visual muito peculiar, chamemos-lhe assim, para ver coisas que mais ninguém vê.

Agricultora da crise

Kruzes Kanhoto, 06.05.22

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Cavar este quintal fazia parte das penalizações que me eram aplicadas quando, alegadamente, o meu comportamento de adolescente ultrapassava as linhas vermelhas da tolerância paterna. Outros tempos que, provavelmente, motivaram a minha aversão ao uso da enxada. Hoje está como a “vista aérea” mostra. Não por obrigação, mas antes porque posso, quero, me apetece e, principalmente, graças à minha Maria. A verdadeira mentora desta cena da agricultura da crise. É ela que domina a técnica e que dá a táctica.

Graças a isso a época agrícola anterior foi um sucesso. Poderá ter sido, também, sorte de principiante, mas a menos que alguma praga indesejada - como todas as pragas - entre por ali, a expectativa é que a coisa se repita. Para já está tudo com bom aspecto. Assim as toupeiras, os gatos e outros chegadiços não aborreçam em demasia.

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