“Pontapear ela”, a gramática.
Estou muito longe de constituir um exemplo, seja para quem for, no que se refere ao bom uso – escrito ou falado – da língua portuguesa. Por vezes arrefinfo-lhe com cada pontapé que só visto. Ou ouvido, depende das circunstâncias. Mas tudo tem um limite. E o meu é atingido quando leio ou ouço barbaridades como “vou ajudar ele”, “procurei ela” e outras bacoradas parecidas, escritas e pronunciadas por gente que sempre viveu deste lado do Atlântico. Pior ainda quando expressões desta natureza são usadas por gente que frequentou a escola no tempo em que esse era um local onde se aprendiam coisas - nomeadamente português – e não servia apenas, como agora, para adquirir competências. Seja lá o que for que isso signifique.
Um destes dias, num serviço público, ouvi uma destas calinadas. Espero que a criatura não escreva da mesma forma. Nem é tanto pelo exemplo pois, no caso, “despedir ela” não deixaria de ser adequado. Mas não. “Contratar ela” é, nos tempos que correm, muito mais utilizado. Tudo, obviamente, para “ganhar ele”.