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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

A eficácia da bazuca

Kruzes Kanhoto, 31.08.21

Segundo um dos muitos estudos que todos os dias se publicam, a maioria dos portugueses desconfia da eficácia da chamada bazuca. Acham que os fundos europeus aplicados no PRR vão deixar tudo na mesma. Não estou, assim de repente, a ver nenhum motivo razoável para tanto cepticismo. Vai mudar alguma coisa, sim senhor. Vidas haverá que vão melhorar muito. Atente-se ao que aconteceu com os anteriores quadros comunitários e veja-se o quanto a vida de alguns melhorou nesse espaço temporal. É só ver onde moravam antes e onde moram agora, que carros tinham então e que automóveis têm hoje, onde petiscavam noutros tempos e onde se repastam nos dias que correm. Nada disso deve constituir surpresa. Nem, de resto, a evolução destes espécimes representa qualquer indicio de marosca. É apenas a vida, como diria o outro. Ou, como se cá estivesse haveria de dizer a minha avó, para ficarem todos mal mais ficar só um bem.

Impostos bons e impostos maus

Kruzes Kanhoto, 30.08.21

Isto do IRS enerva-me. Ouvir argumentos a defender a manutenção das elevadas taxas a que vencimentos miseráveis estão sujeitos, só para que outros ainda mais miseráveis não se sintam prejudicados, dá-me cabo dos nervos. De acordo com este ponto de vista nunca nenhum imposto pode baixar. Desde o ISP ao IVA. O primeiro porque o pobres não têm carro ou fazem menos viagens e o segundo porque os ricos compram mais e se o IVA baixasse tirariam daí mais beneficio. Um pouco, convenhamos, o argumentário daqueles que são contra a taxa plana do imposto sobre o rendimento.

É uma ideia interessante, essa, a de fazer justiça social através do IRS. Lamentavelmente parece ser o único imposto com queda para justiceiro. O IMI e o IMT são uns mariquinhas. Verdadeiros cobardes, até. Pior. Esquivam-se a ajudar os pobres de uma maneira perfeitamente ignóbil. Basta um gajo, coitado, cheio de boas intenções declarar que um pardieiro qualquer é, afinal, um chalé todo catita e cheio de pedigree, que aquela dupla de tributos deserta de imediato da guerra contra a pobreza e nunca mais ninguém o vê a lutar pela justiça social. Mas não faz mal. Quem precisa de estrupícios como o IMI e o IMT quando tem o IRS?

Um caso pouco sério

Kruzes Kanhoto, 26.08.21

Nunca levei essa cena da religião muito a sério. Confesso até que, por vezes, acho-lhe uma piada dos diabos. Como agora, por causa dessa polémica que por aí anda, em resultado da leitura da epistola do tal Paulo que manda as mulheres baixar a bolinha e obedecer mas é aos respectivos consortes. Uma lengalenga velha como o caraças que eu me lembro de ter ouvido, pela primeira vez há mais ou menos quarenta anos, recitar a um padre na cerimonia religiosa de um casamento. Palavreado que, recordo-me como se tivesse sido hoje de manhã, nessa ocasião deu origem a uma animada troca de piadolas entre alguns convivas mais jovens.

Mas, reitero, acho piada a toda esta polémica. Isto porque, tal como eu, a esmagadora maioria dos indignados com a leitura do tal texto não leva a religião a sério. E, por outro lado, até a própria igreja vem agora esclarecer que a tal passagem da bíblia não é para levar a sério. Ou seja, se a igreja não se leva a sério e se os indignados de ocasião não levam a igreja a sério, por que raio estão a fazer disto um caso sério? A sério pá, não vale a pena.

A velha carcaça

Kruzes Kanhoto, 24.08.21

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Vender é uma arte. Há até quem consiga convencer os outros a adquirir algo de que não precisam e que, em condições normais, nem dado aceitariam. Contudo não vivemos na normalidade. São tempos estranhos, estes. Tão estranhos como seria ver esta velha carcaça de novo a navegar. Mas pode acontecer. Por muito improvável que nos pareça, ou por mais tempo que demore a surgir um comprador, haverá sempre alguém disposto a compra-la. É por isso que as velhas carcaças continuam por aí. Enquanto existirem “jeitosos”, daqueles que gostam de “untar as mãos” a recuperar estas coisas, as velhas carcaças manter-se-ão sempre à tona.

Adoro os impostos dos outros...

Kruzes Kanhoto, 22.08.21

Os portugueses gostam de impostos. Nomeadamente do IRS. Num país onde muito mais de metade da população escapa a esse tributo, não surpreende que assim seja. Os políticos, os nacionais e os locais, jogam com esse sentimento e têm ao longo dos últimos anos esticado a corda a seu belo prazer. Os primeiros, subindo a taxação sobre os rendimentos como muito bem lhes apetece e os segundos não prescindindo nem de uma migalha da fatia que lhes é destinada.

O Costa, como político experiente que é, sabe melhor do que ninguém jogar com esta mesquinhez. Daí que venha agora prometer uma baixa no IRS e, como já o fez noutra ocasião, acabe por, com sorte, a redução se ficar por valores meramente residuais. Daqueles que não dão nem para um café por mês ou uma carcaça por semana. Só para usar um termo de comparação que o pessoal da esquerda percebe.

Li um número relativamente significativo de comentários produzidos a propósito destas declarações do primeiro-ministro. Acredito que constitua uma amostra, mais ou menos fiável, do pensamento dos portugueses. A conclusão a que chego expressei-a no inicio do texto. Somos um povo que temos um carinho especial por impostos. Queremos cada vez mais despesa e temos uma imaginação prodigiosa para sugerir novos impostos que financiariam as nossas divagações. Daqueles que apenas seriam os outros a pagar, nem preciso esclarecer. Que isto a malta padece de iliteracia financeira aguda, mas não é parva.

Agricultura da crise

Kruzes Kanhoto, 20.08.21

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A melancia da crise, no caso. A única sobrevivente dos dois pés que plantámos lá na cooperativa. (Cooperativa por ser o resultado da cooperação com a minha Maria, nada de confusões). Nenhuma das demais sobreviveu mas, ainda assim, atrevo-me a considerar a experiência como um sucesso. Não apenas pela qualidade, a mais saborosa que comi este ano, mas essencialmente por esta Citrullus lanatus, contra todas as expectativas, ter chegado à nossa mesa - hoje ao jantar, mais precisamente -  sem aqueles pózinhos pirilipimpim que as tornam mais vermelhas do que a camisola do maior clube do mundo. 

Planeta dos macacos

Kruzes Kanhoto, 17.08.21

Se, como naqueles passatempos da adolescência, tivesse de escolher um filme para caracterizar o que se está a passar no Afeganistão não teria grandes dúvidas em optar pelo “Planeta dos macacos”. Parte dois, no caso. Aquilo, a começar pelos protagonistas, é mesmo do que dá ares.

A dificuldade é maior em encontrar adjectivos que exprimam o que sinto pelos muitos que, de uma ou de outra forma, manifestam compreensão pela actuação dos símios que tomaram o poder e, pior ainda, criticam todos aqueles que desesperadamente tentam deixar o país. Falar é fácil. Nomeadamente quando se está a vários séculos de distância.

Não deixa de ser curioso é que, desta vez, muitos dos que têm andado a defender que a Europa tem obrigação de acolher as hordas de migrantes africanos e asiáticos, não mostrem agora a mesma disponibilidade para reivindicar o acolhimento dos afegãos. Se calhar, digo eu, era altura de exigirem uma ponte aérea que conseguisse tirar daquele inferno todos, mas mesmo todos, os que se recusam a viver governados por macacos.

Dinossauros que não sobrevivem longe do poder ou a infinita vontade de bem servir o povo...

Kruzes Kanhoto, 15.08.21

Com o aproximar da data das eleições começam a aparecer as primeiras sondagens. Para um concelho relativamente próximo as intenções de voto, apuradas por uma empresa da especialidade, dão uma claríssima vitória – maioria absoluta – ao actual presidente. Não surpreende. Por norma apenas os eleitos mais inaptos para esta coisa da política são apeados do poder.

O que me surpreendeu, quando vi a dita sondagem, foi constatar que um ex-presidente vai mais uma vez a votos. O homem esteve no poleiro uma dúzia de anos, perdeu na primeira tentativa, tem mais do que idade para ter juízo,terá todas as condições para gozar a reforma mas, mesmo assim, insiste em candidatar-se. Para quê? O que move esta gente? O desejo de servir os outros é assim tão grande? E, ao que consta, não será o único a insistir no regresso ao poder. Haverá mais, ao que me dizem. Alguns até, ao que sugerem as más línguas, por interposta pessoa. Acredito que a vontade de trabalhar em prol dos respectivos munícipes seja mais que muita. Mas, desculpem lá, já estou como diz o outro. Toda a dúvida é legitima. Se estão assim tão interessados no bem comum, no melhor para as vossas terras e blá blá blá, por que raio não vão fazer voluntariado? Ou, adaptando um dichote presidencial de outros tempos, desapareçam seus jurássicos, desapareçam!

Não há bicicletas grátis

Kruzes Kanhoto, 13.08.21

Parece que o governo vai esturrar três milhões de euros a comprar bicicletas para as escolas. Para ensinar os meninos a andar de bicicleta, diz. Ainda que admitindo a existência frequente de maneiras piores de esbanjar dinheiro, não se me afigura que isto constitua uma necessidade ou, sequer, que alguém com um nível de bom senso ligeiramente acima de zero possa considerar que estamos perante uma prioridade que justifique esta ida ao bolso dos contribuintes. Se existe folga orçamental então que se diminua a carga fiscal. Os quarenta e sete por cento dos que trabalham, para sustentar os restantes e financiar estes e outros devaneios destes malucos, certamente ficariam agradecidos.

Mas não é apenas a parte do gastadouro de dinheiro público – público é uma maneira de dizer, porque todo o dinheiro do Estado é gerado pelos impostos para por particulares e empresas – que me suscita alguma irritabilidade. É que, assim de repente, não estou a ver por que raio há-de ser a escola a ensinar as crianças a andar de bicicleta. Então os papás e as mamãs servem para quê? Para tirar as fotos e publicar as fotos dos pirralhos na internet? E essa treta de que nem toda a gente tem dinheiro para comprar uma bicicleta é, também, conversa para embalar totós. Qualquer puto ranhoso tem nas mãos um telemóvel tão caro – ou, até, mais – do que uma bicicleta.

O ambiente e a sua alegada defesa estão na moda. Daí que, cada que o governo nos vai ao bolso – seja com medidas destas ou com a criação de novos impostos “verdes” – a manada abana o chocalho. Ou, como diria a minha avó, vão-lhes à peida e eles gostam.

Agricultura da crise

Kruzes Kanhoto, 10.08.21

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Pouco percebo de alterações climáticas. Mas, se calhar, na perspectiva de alguns fundamentalistas isto constitui uma heresia. Um crime, quase. Seriam gajos, se vissem a foto, para se questionar acerca da quantidade de água que foi precisa para produzir estes produtos e, provavelmente, suscitar mais umas interrogações sobre a sustentabilidade do planeta que a mim, pobre agricultor das horas vagas, nem me ocorrem.

Confesso o meu cepticismo sobre as teorias dessa malta do clima. Tão grande, ou parecido, com o que tinha acerca dos resultados da agricultura da crise quando tudo isto foi plantado. Vá lá que não se concretizou e o resultado está à vista. Tudo isto, mais as colheitas anteriores e o que ainda há para colher. Para principiantes a coisa não está má. E, esclareça-se, tudo verdadeiramente natural. Do mais que há. É que estes, ao contrário dos ditos biológicos que podem incorporar até cinco por cento de ingredientes não biológicos, não têm um único produto químico. Zero por cento. Mais biológico é impossível.

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