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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

O helicóptero do dinheiro

Kruzes Kanhoto, 31.01.21

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A capa do semanário “Sol” deste fim de semana proclama em letras garrafais que “temos de meter dinheiro nas mãos dos portugueses”, dando voz a uma conceituada especialista na especialidade que trata destas cenas da economia e afins. Se ela diz, quem sou eu para a contrariar. Até porque sou português e já estou para lá de farto que metam as mãos no dinheiro do portugueses. No meu, nomeadamente.

Mas, assim de repente e de isso já ter sido feito por Trump com os americanos, não estou a ver bem como iria funcionar essa coisa de dar dinheiro ao pagode. Um cheque para cada tuga? Se calhar não era grande ideia. Os ricos metiam-no no banco, os pobres compravam telemóveis desses ainda mais modernos e os assim-assim iam de férias para o estrangeiro. No final o nosso dinheiro acabava na mão de empresas e países estrangeiros ou nos bancos. Outra vez.

Se é para injectar dinheiro na economia que seja pela via fiscal. Reduzir os impostos sobre o trabalho, as empresas e o investimento parece-me o único caminho. O resto são teorias – cientificamente muito bem elaboradas, tenho a certeza – mas que tendem a esquecer um pequeno pormenor. Uma coisinha de nada, digamos. A realidade, ou o que é.

Confinados, mas pouco...

Kruzes Kanhoto, 30.01.21

Diz que vivemos uma espécie de confinamento. Não parece. Continua a haver gente na rua que, aparentemente, não terá necessidade nenhuma de lá estar e mantêm-se abertos serviços públicos e estabelecimentos comerciais que bem podiam estar fechados. Apenas dois exemplos. Serviços municipais e casas de apostas, lotarias e afins.

No caso dos serviços camarários, se calhar, chegavam os serviços essenciais. Recolha do lixo, piquetes e pouco mais. Compreendo que, nesta fase, haverá muito trabalho a desenvolver tendo em vista as eleições mas, que diabo, desconfio que eleitor morto é eleitor que não vota. Pelo menos na maioria das circunstâncias. O mesmo, com as devidas adaptações, se aplica aos putativos candidatos e respectiva vassalagem.

Quanto às casas de apostas, a justificação para as manter abertas raia o domínio da demência. O jogo não constitui nenhuma espécie de bem essencial. Os jornais, ou seja o que for que mais é vendido nesses sítios, também não. Até porque alternativas online não faltam. E nem vale a pena o argumento dos velhinhos, coitadinhos que ficam sem raspadinha. Que, assim de repente, vem-me logo à memória aquela coisa que afinal não era – mas enquanto foi, vi muitíssima gente a achar muito justa – da proibição do ensino à distância para garantir a igualdade entre as criancinhas.

Os mais pobres e, provavelmente, também os mais parvos.

Kruzes Kanhoto, 27.01.21

Nunca tive curiosidade nenhuma em ler o programa de qualquer partido. Muito menos do Chega. Devo ser, a julgar pelo que vejo nas redes sociais, dos poucos portugueses que não norteiam a sua vida pela busca do conhecimento permanente em matérias fundamentais como as linhas programáticas dos partidos políticos. Nomeadamente do tal Chega.

Também já tinha prometido que, tão cedo, não voltava ao tema “taxa plana de IRS” depois de, na sequência da proposta apresentada na Assembleia da República pela Iniciativa Liberal ter dedicado uma semana inteira de posts aqui no Kruzes. Estão aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Mas isto é mais forte do que eu e esta cena do IRS mexe muito comigo. Nomeadamente ao nível da carteira. Daí que, após ler inúmeras publicações de gente esclarecida e bastante informada em política fiscal criticando os eleitores do Ventura por votarem no homem sem conhecerem as propostas do Chega para o IRS – e para mais umas quantas coisas, também - resolvi vasculhar o programa daquela agremiação relativamente a esta matéria. A critica – a que me interessa, com as outras não perco o meu tempo - desta chusma de especialistas da especialidade prende-se com a taxa única de imposto que os cheganos pretenderão aplicar se um dia forem governo (lagarto, lagarto, lagarto, ai Jesus, cruzes canhoto). Uma vergonha, garantem os entendidos do facebook escandalizados por ser proposto que todos paguemos quinze por cento sobre o rendimento auferido. Mas não leram – e, por acaso até aparece ANTES do valor da taxa – que a taxa única de IRS, que defendemos, deverá ser aplicada apenas a partir de um determinado nível de rendimento”. Deve ter sido esquecimento. Ou burrice. Ou, então, estão a usar aquela coisa de que acusam o chegano Chefe. Demagogia, ou lá o que é.

Só mais uma coisinha. No final do mandato presidencial resultante desta eleição seremos o país mais pobre da Europa. Atrás de muitos países que recentemente nos ultrapassaram e de outros que, entretanto, vão ultrapassar e  onde a taxa plana de irs é uma realidade. Mas deve ser apenas coincidência, claro. 

 

Fachos, comunas, xuxas e outra ladroagem

Kruzes Kanhoto, 26.01.21

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E continuam. Deve ser coisa para durar mais uns dias, ainda. Não há cão nem gato que não vá para o Facebook desancar nos alentejanos – uma minoria, apesar de tudo – que votaram no Ventura. Como se a escolha eleitoral  dos outros deixe de ser legitima apenas por não ir de encontro ao nosso pensamento. Mas isso nem é o que me incomoda mais. A bem dizer nem me incomoda nada. No fundo até me diverte. Gosto de os ver assim. Chateados. Aborrecidos por uns quantos – poucos, reitero – alentejanos terem optado por votar num demagogo, em lugar de terem escolhido Marisa Matias, João Ferreira ou Ana Gomes todos eles admiradores confessos de ditadores e criminosos. Sim, porque, tanto quanto sei, para os dois primeiros Cuba, a Venezuela ou criaturas como Lula da Silva constituirão uma espécie de faróis. Ou de sol na terra, sei lá. Já Ana Gomes é pública e confessa fã de criminosos que roubam o correio e limpam a conta bancária a quem lhes apetece. Mas isto, para estes novos moralistas, não interessa nada. É gente de outro nível. Daquela que, certamente, não se importará de levar porrada, de passar fome ou de ser roubada. Desde que seja por alguém da sua laia, claro.

Descobriram agora a democracia, coitadinhos...

Kruzes Kanhoto, 25.01.21

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Parece que constitui hoje uma espécie de obrigação moral mostrar quanto estamos indignados pela votação obtida por André Ventura no Alentejo. Indignação que, curiosamente ou talvez não, nunca existiu quando um partido estalinista tinha por aqui maiorias arrebatadoras. Ao contrário do que ontem aconteceu com a extrema direita que, para além de Estremoz com 23,32%, obteve os melhores resultados em Elvas (28,76%), Moura (31,41%) e Monforte (31,41%). Votação que, diga-se, a ocorrer em legislativas provavelmente não seria suficiente para eleger deputados.

A este propósito li os maiores impropérios dirigidos aos eleitores alentejanos. Das duas uma. Quem os escreve ou é daqueles negacionistas como os do covid ou é alguém profundamente ignorante que desconhece em absoluto a realidade que se vive por estas paragens. Nem, se calhar, saberá o que têm em comum todos esses concelhos. Também não sou eu que vou gastar os meus dedos a explicar-lhes. Afinal lavar a cabeça a burros sempre foi e continuará a ser gastador de sabão. Continuem a fingir que não vêem o elefante na sala, que não há nenhum problema com “grupos de pessoas” ou, como escreve hoje um colunista do Observador, a preocuparem-se com os fascistas quando o problema são as avestruzes. Depois queixem-se.

O bichano Marcelo

Kruzes Kanhoto, 23.01.21

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Tenho um profundo desprezo por quem abandona os animais que outrora estimou. Noutros tempos acolhi uns quantos. Hoje não tenho condições nem disponibilidade para tal. Mas, caso quisesse continuar a acolhe-lhos, “matéria-prima” não faltava. Aqui pelo bairro, talvez por estar numa ponta da cidade e junto a uma estrada nacional de muito movimento, é frequente aparecerem cães e gatos que foram deixados à sua sorte depois do azar que tiveram em ter um dono capaz de os abandonar.

Este gato – ou gata, que eu não quero estar para aqui com preconceitos baseados em estereótipos – apareceu ontem aqui no quintal. Espaço pelo qual, diga-se, os bichanos parecem ter um fascínio especial. Tanto que foi precisa muita persuasão para o convencer a evacuar a área. Mas continua por aí. A rondar. Se continuar pelas redondezas será Marcelo, a sua graça. Mesmo que seja gata, que isso dos nomes masculinos e femininos em função do género – seja lá isso o que for - é mais uma daquelas cenas que é preciso desconstruir...

Os "grupos de pessoas" estão isentos de confinar?

Kruzes Kanhoto, 22.01.21

Um dia destes as televisões encheram-se de gente indignada porque uns quantos cidadãos resolveram ir passear para a beira-mar. Alguns, as Tv’s fizeram questão de mostrar, nem usavam máscara. Parece que passear, seja onde for, é coisa que não se pode fazer por estes tempos. Os mais variados especialistas, das mais variadas especialidades, tratam de nos recordar que temos é de ficar em casa e não andar por aí a fintar a lei. Por mim não posso estar mais de acordo. Se é a lei, então que se cumpra.

Ontem, em Setúbal, “um grupo de pessoas” resolveu sair à rua – muitas sem máscara ou com a dita pendurada do queixo - para chamar nomes e atirar coisas na direção de um candidato à presidência da República. Não me interessa se acertaram ou não no alvo. Não quero saber se o gajo anda mesmo a pedi-las ou não. Nada disso me importa. O que me rala é o silêncio dos mais variados especialistas das mais variadas especialidades. Cem pessoas na rua – sem motivo legal para isso – com a máscara mal colocada, aos berros e nem uma indignaçãozinha em relação ao “grupo de pessoas” que violou o dever de confinamento. Depois queixam-se que o pessoal não leva isto a sério...

Se eu não estudo, tu não estudas...se eu não como, tu não comes...se eu não f***, tu não f****...

Kruzes Kanhoto, 22.01.21

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O governo fechou as escolas e, num rasgo de rara sagacidade, proibiu o ensino à distância. O objectivo, garante, é prevenir situações de desigualdade entre os alunos. Assim, para evitar que uns continuem a aprender e outros não, proíbem-se as aulas on-line. Um estranho conceito, este, em que se nivela tudo por baixo. Do tipo, se eu não aprendo tu também não. Todos iguais na burrice, portanto. O que não admira. É nesse ambiente que o socialismo sobrevive.

Contudo, ao que leio, são poucas as vozes discordantes em relação a mais esta ideia brilhante de quem nos governa. Desconfio, até, que ainda hão-de surgir opiniões a contestar a medida por ser notoriamente pouco ambiciosa. Para promover uma verdadeira igualdade, o governo devia era ter decretado a proibição, durante o interregno lectivo, de os alunos estudarem em casa. Não vá algum ter essa ideia. Sim, que isto há gente para tudo.

Dobrar a mola.

Kruzes Kanhoto, 21.01.21

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Cada coisa no seu lugar. Mas o lugar desta coisa não é ali. Até porque quando se compra um colchão novo o vendedor fica com o velho. Ou se a reforma de um não implicar a compra de outro, existem alternativas para nos desfazermos do “mono” sem necessidade de “enfeitar” o contentor. Usá-las é que dá muito trabalho. Daí que pareça fácil concluir que este seria o colchão de um perguiçoso. Não quis dobrar a mola.

Informaçãozinha da boa...

Kruzes Kanhoto, 20.01.21

O jornalismo televisivo iniciou ontem uma nova era. No telejornal da TVI, imediatamente após um candidato ter mandado para o ar umas quantas patacoadas – coisa em que todos são pródigos, diga-se – o pivot de serviço apressou-se a esclarecer que o dito candidato não teria apresentado evidências que provassem o que acabava de afirmar. Nunca, que me lembre, tal procedimento terá sido seguido em relação a nenhum outro político. Não acho mal, obviamente, terem-no feito ontem. Errado é não terem até agora adoptado este critério.

Aguardo com alguma expectativa os próximos noticiários. Se, daqui em diante, o procedimento jornalístico for o que usaram ontem o jornalismo nacional está de parabéns. Se não o fizerem e aquilo não passar de uma estratégia no sentido de influenciar o eleitorado, então muito mal vai o jornalismo, a democracia e o país.

E, já agora, o facto do visado ter sido o Ventura é-me absolutamente indiferente. Até podiam ter feito o mesmo em relação a Ana Gomes – a criatura mais detestável que me entra pelo ecrã dentro – que não alterava uma linha.

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