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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

A desolação de sábado de manhã

Kruzes Kanhoto, 29.11.20

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Desoladora. É o que me ocorre escrever acerca da imagem. Num sábado normal, às nove e picos, neste local quase não havia chão onde pôr os pés. Agora está assim. O que até torna irónica a medida de limitar a quinhentas pessoas a lotação máxima do espaço onde decorre o mercado. Que, diga-se, é a céu aberto e se estende por uma área que equivalerá, mais coisa menos coisa, a dois campos de futebol. Apesar disso, como qualquer pessoa de bem reconhecerá, um local muito mais propenso à propagação do vírus chinês do que um pavilhão fechado onde, durante horas, estão enfiados mais de seiscentos malucos a discutir a melhor maneira de nos impor – nem que seja pela força – as suas ideias manhosas.

Tontos

Kruzes Kanhoto, 28.11.20

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Tendo a confiar muito mais nos técnicos do que nos políticos. É cá uma coisa minha, esta ideia. Embora reconheça com facilidade que, como não pode deixar de ser, que a decisão seja qual for o assunto terá de ser sempre política. Afinal é para isso mesmo que os elegemos. Mas o que não faltam são exemplos de decisões tomadas ao arrepio das opiniões dos técnicos. Com os resultados desastrosos que, quase sempre, daí resultam.

Isto da vacina para a Covid é apenas mais um caso. Aquilo que alguns técnicos recomendam – e, provavelmente, nem entre eles será uma posição consensual – pode ou não ser seguido pelos decisores políticos. O que não pode é ser considerada por esses decisores, que de saúde pública perceberão tanto quanto eu percebo de cozinha polaca, como uma ideia tonta.

Não sei porquê mas a mim quando estou doente ocorre-me consultar um médico. Recorrer a um político para verificar o meu estado de saúde foi coisa que nunca me ocorreu. Uma tontice, certamente. Daí acreditar que um técnico de saúde saberá muito melhor do que um político quem deve, ou não, integrar os grupos prioritários de vacinação. E até a mim, gajo pouco letrado e completamente ignorante nesta cena da saúde, me parece razoável que quando se pretende travar a cadeia de contágio a prioridade seja vacinar quem espalha o vírus. Mas, lá está, isso sou eu a dizer. Que, reitero, não percebo nada disto nem tenho eleitores a manter.

25 de Novembro, sempre!

Kruzes Kanhoto, 25.11.20

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Tirando uma ou outra coluna de opinião, a comunicação social fez questão de ignorar a data que hoje se assinala. Os órgãos de soberania, também. Nem a uns nem a outros interessará recordar o fim do PREC. A efeméride causará um enorme desconforto, para não lhe chamar outra coisa, a quem actualmente governa e a toda a vastíssima panóplia de apoiantes e seguidores. Não me surpreende por aí além. O que me inquieta é o Partido Socialista, que contribuiu decisivamente para reduzir à sua insignificância toda a corja comunista que então mandava nisto tudo, ter-lhes aberto de novo a porta do poder. E hoje, pasme-se, parece envergonhar-se desse passado.

Coisas de socialista

Kruzes Kanhoto, 24.11.20

O parlamento acaba de inventar mais uma taxinha. Trinta cêntimos sobre as “embalagens de utilização única adquiridas em refeições prontas a consumir”, que o incauto consumidor irá pagar a partir de Janeiro de 2022. O pretexto é o da moda. O ambiente. Que é uma causa fofinha e um peditório para o qual até fica mal não dar.

Enquanto isso uma proposta no sentido de dotar as forças de segurança de “body cams” não mereceu aprovação dos deputados. Devem ter medo que os polícias andem por aí a filmar coisas. Ou, então, é por causa da privacidade dos gajos que vão às trombas aos senhores agentes. Embora, atendendo à maioria que chumbou a proposta, me pareça legitimo desconfiar que também tenham um certo receio de ficar sem tantos motivos para as indignações costumeiras acerca daquilo a que gostam de chamar violência policial.

Outra notícia parva do dia é a proibição, nos dias em que o governo concedeu tolerância de ponto, das aulas à distância que alguns colégios privados pretendiam realizar. Ou seja, o governo tolera que alguns não trabalhem e proíbe os que o querem trabalhar de o fazer. Só para saberem quem manda. Por mim só não percebo por que raios não decretaram logo folga obrigatória. Coisas de socialistas, é o que é.

Discursos fofinhos

Kruzes Kanhoto, 23.11.20

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O senhor doutor Mamadou não quer, obviamente, limpar-me o sebo. Nem a mim nem a ninguém, acho eu. Que o homem não é parvo e não pretenderá acabar, por via do falecimento em massa, com quem lhe garante o sustento. Aquilo é tudo uma metáfora que apenas as mentes mal intencionadas fazem questão de não entender.

Entretanto foi aprovada no parlamento, por proposta da deputada Joacine, a criação de um “observatório do discurso de ódio, racismo e xenofobia”, ou lá o que chamam ao regresso da velha censura que os novos fascistas estão a promover. Não é que ache mal, que isto de odiar as pessoas não me parece bem. Temo é que pessoas como o doutor  Mamadou ou a doutora Joacine, daqui em diante, mal possam abrir a boca.

Depois há também aquela coisa do amor e do ódio estarem, ao que garantem alguns especialistas na especialidade, separados por uma linha muito ténue. Daí não me surpreender que, então, figuras como as mencionadas passem a suscitar uma inusitada simpatia e admiração por parte de muitos. Com insuspeitas declarações de amor, até. Desconfio mesmo que, quando esse comité estiver no pleno uso das suas atribuições, a criatividade da escrita e do discurso irá conhecer um significativo incremento. Quem leu textos que tiveram de passar pelo crivo da “Comissão Central de Exame Prévio” sabe do que estou a falar. E os outros, um dia destes, vão ficar a saber.

Logicamente...ninguém fez caso!

Kruzes Kanhoto, 22.11.20

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Infelizmente as declarações da vereadora da câmara de Lisboa com o pelouro da habitação, uma tal Paula Marques, não suscitaram à comunicação social o interesse que mereciam. Diz a senhora que “temos de retirar a habitação da lógica de mercado”. Ora aí está um tema que, concorde-se ou não com a opinião da autarca, devia suscitar uma profunda discussão. Para, entre outras coisas, ficarmos a saber quem defende que sigamos o caminho para o socialismo, previsto na constituição, e quem prefere continuar a ignorar essa aberração constitucional. Seria uma discussão muito mais interessante, quer-me parecer, do que discutir o regresso do fascismo ou outras parvoíces que os intelectuais de Lisboa gostam de colocar na agenda mediática. Até porque já que discutíamos a habitação, se não desse muito incómodo, discutiam-se também alternativas ao financiamento das autarquias. Nomeadamente a de Lisboa. É que o orçamento daquela edilidade é financiado em mais de um terço pelo sector imobiliário. Privado, diga-se. O tal que é necessário excluir da lógica de mercado, mas que mete mais de trezentos milhões de euros por ano – de forma directa, fora o resto - nos cofres do município lisboeta.

Impostos bons e impostos maus.

Kruzes Kanhoto, 21.11.20

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Não é que queira, pelo menos para já, voltar ao tema do IRS e da taxa plana. Até porque anda por aí gente suficiente a dissertar sobre isso. Ainda que, a maioria dela, saiba tanto do assunto como eu de cozinha etíope. Lavar a cabeça a burros é gastadouro de sabão, como garantia a minha avó, e como os argumentos conseguem ultrapassar o nível da imbecilidade o melhor é nem me meter com eles.

Entretanto não sei para onde migraram todos os que se queixavam do enorme aumento de impostos no tempo do Vitor Gaspar. Já se esqueceram, pelos vistos. Ou, se calhar, gostam de pagar impostos quanto o partido deles está no poleiro. São, certamente, os impostos bons – os de agora - e os impostos maus – os de antes. Mais ou menos como aquilo das armas nucleares, no tempo da guerra fria, em que havia as boas e as más. Sendo que, para essas alminhas, as boas eram as que estavam apontadas para nós...

Informaçãozinha de qualidade

Kruzes Kanhoto, 19.11.20

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A CMTV, essa referência do jornalismo televisivo, informava um destes dias que o Benfica, a maior instituição nacional, está colado com fita-cola. Já andava desconfiado. Uma defesa de vidro e um meio-campo de porcelana não auguravam nada de bom. Agora, segundo aquele conceituado órgão de informação, confirmam-se as minhas suspeitas. Escangalhou-se tudo. Vá lá que a coisa resolveu-se com cola. Só espero é que não façam mais fitas.

Vida boa...não é só em Lisboa!

Kruzes Kanhoto, 18.11.20

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Já muita gente terá escrito coisas acerca da menina Crisálida. Aquela moçoila de pernocas tatuadas que está na capa do Público de há uns dias atrás a garantir que vive do RSI e que, não fora isso, teria de mendigar. Ainda bem que não precisa de pedir esmola. Apesar da mingua – segundo os versados no assunto – que constitui aquela prestação social. A julgar por aquilo que vai partilhando com o mundo no seu perfil do Facebook, a menina Crisálida parece até ter uma vida razoavelmente confortável. Tatuagens, uns copos à beira da piscina e telemóvel de boa aparência são indicadores mais que suficientes para revelar uma gestão cuidada e parcimoniosa dos parcos recursos que o Estado coloca à sua disposição. Que assim continue. Terá – todos o desejamos, obviamente – uma longa vida pela frente e nada como começar cedo a aproveitá-la. Que isto, quando menos esperar, estará reformada.

Entrevista?! Pareceu-me mais conversa de tasca.

Kruzes Kanhoto, 17.11.20

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Uma lástima a entrevista de André Ventura à TVI. Entrevistado e entrevistador equivaleram-se na mediocridade. Retenho apenas três pontos. Nem um nem outro souberam – ou quiseram, sei lá – falar com seriedade da chamada taxa plana de IRS. Não, não é verdade que ponha os pobres a pagar mais e sim, é verdade que nos primeiros anos a receita proveniente desse imposto sofrerá uma queda acentuada. A solução será cortar na subsidio-dependência – de ricos e de falsos pobres – ou pedir mais dinheiro emprestado. Matéria em que, reconhecidamente, somos especialistas. O conceito foi testado em diversos países e – ele há coincidências do caraças – já quase todos nos ultrapassaram e os que ainda não nos passaram à frente estão em vias disso. Deve ser obra do acaso, se calhar.

Depois, aquela tirada das câmaras municipais onde os funcionários são tantos, para tão pouco trabalho, que dormem à secretária. É verdade, sim senhor, que eu já vi com estes dois que a terra um dia há-de comer. Mas não é apenas à secretária. Os que têm uma função que não envolve estar perto dessa peça de mobiliário, gozam de igual privilégio. Provavelmente, até, com um mais elevado nível de conforto, que dormir sentado não deve fazer lá muito bem à coluna. Mas isso, digo eu que gosto muito de dizer coisas, não é culpa dos funcionários dorminhocos. Quem os meteu para lá sabendo que não tinha trabalho para lhes dar é que não tem vergonha.

Por fim, aquilo de casar a filha com um cigano. Fica mal a quem pergunta. Até porque também não ignora qual seria a resposta se a questão do casamento fora da comunidade fosse colocada a um cigano. Uma provocação desnecessária, no mínimo. Que teve, no entanto, uma inegável vantagem. Fiquei a saber, por algumas reacções que entretanto li, que são mais que muitas as criaturas que não veriam qualquer inconveniente num matrimónio dessa natureza por parte da respectiva descendência. Ainda bem. Eu também sou muito mentiroso.

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