Brincar c'a tropa
Não guardo boas recordações da tropa. Pelo contrário. Detestei cada dia que o Estado português me obrigou a prestar serviço militar. Tinha emprego, vencimento e durante dezasseis meses fui privado de fazer a minha vida normal sem que ninguém me indemnizasse, até hoje, por isso. Coisa que não aconteceu com as mulheres desse tempo que, curiosamente, não reivindicavam o direito de engrossar as fileiras militares. Só os homens passavam por este calvário. Nem elas nem os ciganos. Depois venham para cá falar de discriminação, ou o catano.
Este desabafo vem a propósito das recentes notícias sobre a linguagem inclusiva que as forças armadas pretendem implementar. Acho bem. Isto há que clarificar a questão do inimigo ou inimiga, do canhão ou da canhona, da bazuca ou do bazuco. Entretanto, chamar “Maria Amélia” ao pessoal que não sabe fazer os exercícios deve passar a ser uma coisa extremamente valorizável. Quase tanto – ou mais, na optica do BE e do PAN - como aquilo que diziam os graduados durante a recruta com o intuito de aborrecer os “maçaricos”. Garantiam eles que recruta está na escala da evolução humana dez pontos abaixo de polícia que, por sua vez, está vinte abaixo de cão.
Só falta, mas não tardará, um manual de boas maneiras e espírito de tolerância do combatente. Ou combatenta.