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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Manifestação de tolerância, civismo e democracia...

Kruzes Kanhoto, 30.06.20

No meio da manifestação do Chega, no sábado passado, estava um individuo com uma bandeira colorida associada a essa coisa das actividades sexuais alternativas. Ali, especado, em plena avenida e bem no meio dos manifestantes que iam desfilando. Sem que ninguém, segundo relatos insuspeitos, o maltratasse ou evidenciasse intenções de o afastar do local.

Apesar dos elogios que o contra-manifestante tem recebido nas redes sociais, não me parece que tenha sido grande ideia. Por um lado, pela comparação - legitima e que qualquer um pode fazer - com o que eventualmente aconteceria se na outra manifestação contra o racismo um adepto do Chega tivesse tido a mesma ideia e, por outro, por desmentir a convicção que se pretende transmitir de que a malta daquela agremiação é uma trupe de intolerantes, arruaceiros e fascistas do piorio. Veremos se, com aquela atitude, não foi dar argumentos a favor do Ventura...

Seja como for e independentemente das opções políticas, pessoais ou outras que o levaram a tomar aquela atitude, reconheça-se que para fazer o que ele fez é preciso tomates. Sem ofensa.

Extremismos

Kruzes Kanhoto, 28.06.20

A extrema esquerda tem trinta e dois deputados no parlamento e representa, no seu conjunto, mais de dezassete por cento do eleitorado. Coisa que a poucos preocupa. A inquietação do momento, vá lá saber-se porquê, é a extrema-direita. Apesar de ter apenas um deputado e não representar mais do que uns miseráveis 1,6% dos votantes.

Por mais que me expliquem nunca hei-de perceber esta dualidade de critérios relativamente aos extremos do cenário político. Ah e tal, explicam-me com condescendência, a extrema esquerda não é extremista e defende as minorias, enquanto a extrema-direita é extremista e persegue as minorias. Pois. Deve ser, deve. Basta atentar nos modelos de sociedade que PCP e BE preconizam e saber um poucochinho de história ou, simplesmente saber ler. A União Soviética – que o Diabo a tenha - e a China são excelentes exemplos de tolerância e de respeito pelas minorias. A esquerda tem preocupações sociais e defende os mais pobres. Claro, claro, nota-se. A Venezuela, a Nicarágua, Cuba ou a antiga Europa de leste não nos deixam esquecer que a esquerda adora pobres.

Um extremo não é melhor do que o outro. A diferença entre André Ventura, as manas Mortágua, Jerónimo de Sousa e, até mesmo, socialistas de oportunidade como Isabel Moreira ou Pedro Nuno Santos está apenas na boa imagem que a comunicação social transmite dos esquerdistas e na diabolização que faz do primeiro. O resto são tretas. Quem quiser que as compre. Por mim, passo.

 

O privilégio e a cor da pele

Kruzes Kanhoto, 27.06.20

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Ao que leio no Twitter, Isabel Moreira, a escanzelada deputada do Partido Socialista, terá afirmado numa entrevista qualquer, que se sente uma privilegiada por ser branca. A mim, que não sou especialista na especialidade de racismo, parece-me uma afirmação um bocado parva. Embora, desconfio, consensual na parte que toca aos privilégios, ou não tivesse ela as ligações partidárias e familiares que se conhecem. Caso tivesse nascido na Merdaleja e fosse filha do Zé da Égua Manca, ser alva como a cal havia de lhe adiantar uma grande coisa.

Já outra Isabel, a dos Santos, não tem uma tez propriamente clara. Terá no entanto, ao que dizem que eu nunca “lho” contei, uma fortuna considerável. Ainda que, também ao que contam que dessas cenas nada sei, obtida por meios um bocado manhosos. Do que não faltarão certezas é que a senhora será, qualquer que seja o padrão utilizado para a avaliação, uma privilegiada. O que, levando à letra os considerandos da senhora magricela, poderá levar mentes mais sinuosas a conclusões demasiado inquietantes – e também deploráveis - quanto a isso do racismo.

Tourada de desconfinamento

Kruzes Kanhoto, 26.06.20

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A praça de touros cá da terra vai receber a primeira tourada a realizar no pós confinamento. O que constituirá, segundo os organizadores, a reabertura mundial da cultura tauromáquica. Nada que me entusiasme. Nem, tão-pouco, me orgulhe. Causa-me, antes, alguma preocupação. O acontecimento trará à cidade ainda mais gente do que o habitual – sejam aficionados ou amiguinhos dos animais – o que, a juntar aos que resolveram vir para aqui “acampar” durante a pandemia, não augura nada de especialmente bom.

A recuperação do praça de touros foi, na minha opinião de eleitor e contribuinte que gosta de ver dar bom uso aos seus impostos, um dos piores investimentos realizados no concelho com dinheiro público. Por várias razões. Primeiro porque o imóvel tem um valor histórico irrelevante, depois por se tratar de propriedade privada – a transferência para a autarquia durante umas dezenas de anos dá um jeitão à entidade que é dona daquilo – e, finalmente, porque é usada apenas em duas ou três ocasiões por ano. Se, como tudo indica, as touradas acabarem em meia-dúzia de anos é só fazer a conta ao custo de cada uma. Que, recorde-se, não é apenas suportado pelos poucos aficionados locais que frequentam os ditos espectáculos.

O que não se pode quantificar é a má fama que estas iniciativas trazem à cidade. Nem, igualmente, os ganhos para a população se o edifício tivesse sido demolido e, naquele e no espaço envolvente, existisse algo de que todos pudessem desfrutar. Ou, até, nem existisse nada. Não seria pior.

Um pincel a cada feminista

Kruzes Kanhoto, 25.06.20

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A discriminação da moda é o racismo. Mas há outras. As que se queiram, praticamente. Maneiras dos activistas das diversas causas se manifestarem, também. Agora, além das manifestações no sentido clássico, o que está a dar é vandalizar coisas. Escaqueirar ou borrar qualquer cena que incomode as alminhas mais sensíveis, nomeadamente. Por enquanto as principais vítimas têm sido as estátuas que homenageiam figuras ligadas à expansão marítima, aos descobrimentos ou a movimentos com alguma relevância na sociedade como, por exemplo, os escuteiros.

Discriminações, por estes tempos, há muitas. E símbolos a espatifar, também. O machismo e toda a simbologia que para aí há, por exemplo. Parece-me escandalosa a quantidade de desenhos do órgão sexual masculino, que borram as paredes de todos os lugarejos, por contraposição à ausência de pinturas alusivas ao equivalente feminino. Nem consigo perceber a passividade das feministas militantes perante visões desta natureza. Ou andam desatentas ou são demasiado preguiçosas para pegarem num pincel.

Solidarizem-se, porra!

Kruzes Kanhoto, 22.06.20

Passou pelos pingos da chuva uma proposta de criação de mais um imposto. Taxa Covid, propõem chamar-lhe e visará taxar os ricaços. Será, segundo a explicação avançada pelos seus proponentes, uma cena fofinha que abrangerá apenas quem tem muito graveto e que nada terá a ver com austeridade. Apenas solidariedade, esclarecem.

Não estivesse eu farto de ser solidário – ando a sê-lo para aí desde 2009 – e ainda era gajo para achar que se tratava de uma ideia simpática. Não soubesse eu que quem ganha pouco mais do que o salário mínimo já é considerado rico, talvez não me parecesse despropositada uma taxazinha qualquer que permitisse minorar o impacto da crise. Se desconhecesse a maneira como o Estado esbanja os recursos que nos saca, era capaz de acreditar que o produto do esbulho proposto não iria parar aos bolsos dos do costume. Fosse eu parvo de todo, talvez acreditasse que isso dos ricos pagarem a crise não acontece apenas no país das maravilhas.

Mas, confesso, essa cena da solidariedade agrada-me. É por isso que via com bons olhos um impostozinho qualquer sobre todos aqueles que se reformaram na casa dos cinquenta anos de idade – ou menos se tiverem sido políticos – e que levaram a reforma completa após trinta e seis anos – ou menos – de serviço. Era capaz de ser justo solidarizarem-se comigo que, após quarenta anos de trabalho, se me aposentar agora ficarei, de acordo com o simulador on-line da CGA, com  uma pensão de quatrocentos e trinta e oito euros e oitenta e um cêntimos. E é porque, parece, não pode ser menos.

De volta à Figueira

Kruzes Kanhoto, 21.06.20

Domingo, dia de sol e algum calor pareceram-me motivos mais do que suficientes para justificar uma ida à Figueira. Logo pela manhã – madrugada, quase – que a Figueira não é já ali. Se bem que, confesso, as expectativas não fossem as mais elevadas. Como, após chegado ao local, acabei por confirmar. Diria, até, que a viagem foi debalde. A passarada chegou primeiro e para eles não há cá essa cena do distanciamento social. Aquilo é tudo ao molho. Daí que o balde tenha voltado meio vazio. Ou meio cheio, dependendo do ponto de vista.

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É urgente financiar também a imprensa estrangeira...

Kruzes Kanhoto, 19.06.20

Os países que reabrem as suas fronteiras estão a deixar de fora os portugueses. Não nos querem lá. Por causa do vírus chinês que não há maneira de nos largar, alegam. Coisa que, compreensivelmente, está a causar enorme irritabilidade no governo e na sua imensa legião de apaniguados nas redes sociais. De facto não se compreende como é que no estrangeiro não sabem do enorme sucesso que Portugal tem tido no combate à Covid. Um caso de estudo, até, tal é a eficácia que temos demonstrado na aniquilação do bicho. É o que dá esses decisores lá da estranja não verem os telejornais dos canais tugas. Nem, ao menos, lerem o Público.

Mas, por outro lado, não se percebe a irritação governativa. Vendo bem estas restrições até vêm mesmo a calhar. Assim, se ninguém nos quer receber lá fora, mais portugueses ficam cá dentro a gastar os euros que esbanjariam noutras paragens.

Mais parva ainda é a ideia de retaliar. Ou seja, não deixar entrar em Portugal os residentes em países que não deixam entrar portugueses. Parva e estúpida, acrescente-se. Principalmente agora, que andam os estarolas todos – inclusive o estarola-mor - entretidos na caça ao turista...

Agricultura da crise

Kruzes Kanhoto, 18.06.20

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Estamos em plena época de morangos. Estes não têm as dimensões gigantescas dos que se vendem nos supermercados e afins. Cá, na agricultura da crise, não se usam daqueles produtos esquisitos que fazem as coisas aumentar de volume. Nem de outras, a bem dizer. É que nem estrume, ou qualquer outra espécie de fertilizante, os desgraçados dos morangueiros apanham. Culpa do malvado compostor – oferta da empresa de gestão de resíduos da região – que parece ter uma fome absolutamente insaciável. Ando há seis meses a “alimentá-lo” e, para além de nunca mais ficar cheio, produzir um composto capaz de fertilizar o quintal afigura-se como uma realidade ainda distante. Por isso, para plantas que sobrevivem num solo de barro quase compacto, até estão muito bons.

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