A culpa é do Passos, pá!
Parece que aquela cena da Raríssimas já tem um culpado. Ou responsável, vá. E não, não é o actual ministro da Segurança Social que, para além de tutelar a instituição, até foi vice-presidente da assembleia geral daquela coisa, onde, pelos vistos, fazia como a Cristas enquanto ministra.
Desengane-se, também, quem esteja com ideias de culpabilizar os restantes membros de todos os outros corpos sociais da associação. Não viram nada, não sabiam de nada e coisa nenhuma lhes levantou suspeita. Livrem-se, igualmente, de suspeitar que os serviços públicos competentes – é, obviamente, uma força de expressão – possam ter no caso, ainda que ao de leve, alguma responsabilidade no assunto. Não tiveram. Nunca têm.
A culpa, como ando desde ontem a ler e a ouvir, foi do Passos Coelho. Nem podia ser de outro. E não vale a pena perguntar porquê. Os acusadores disparam, de rajada e à queima-roupa, um infindável rol de motivos que, todos juntos, me deixam convencido da sua razão. Desde aquilo de ter reduzido o Estado ao mínimo indispensável, à promoção da caridade, ao retirar o apoio que o Estado devia dar a tudo e mais alguma coisa para passar essa função para os privados, até apenas porque sim e porque Passos é Passos, tudo tem servido para culpar o ex-governante pelas alegadas tramóias que agora vieram a público.
Nada disto é surpreendente. A culpa, seja do que for, nunca pode ser de ninguém de esquerda. Nem, sequer, a solução que a canhota apresenta para que casos destes não se repitam causa grande espanto. Ponha-se o Estado a prestar todos esses serviços de assistência social, defendem. Assim estilo ex-União Soviética e outros paraísos felizmente extintos.