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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

A culpa é do Passos, pá!

Kruzes Kanhoto, 13.12.17

Parece que aquela cena da Raríssimas já tem um culpado. Ou responsável, vá. E não, não é o actual ministro da Segurança Social que, para além de tutelar a instituição, até foi vice-presidente da assembleia geral daquela coisa, onde, pelos vistos, fazia como a Cristas enquanto ministra.

Desengane-se, também, quem esteja com ideias de culpabilizar os restantes membros de todos os outros corpos sociais da associação. Não viram nada, não sabiam de nada e coisa nenhuma lhes levantou suspeita. Livrem-se, igualmente, de suspeitar que os serviços públicos competentes – é, obviamente, uma força de expressão – possam ter no caso, ainda que ao de leve, alguma responsabilidade no assunto. Não tiveram. Nunca têm.

A culpa, como ando desde ontem a ler e a ouvir, foi do Passos Coelho. Nem podia ser de outro. E não vale a pena perguntar porquê. Os acusadores disparam, de rajada e à queima-roupa, um infindável rol de motivos que, todos juntos, me deixam convencido da sua razão. Desde aquilo de ter reduzido o Estado ao mínimo indispensável, à promoção da caridade, ao retirar o apoio que o Estado devia dar a tudo e mais alguma coisa para passar essa função para os privados, até apenas porque sim e porque Passos é Passos, tudo tem servido para culpar o ex-governante pelas alegadas tramóias que agora vieram a público.

Nada disto é surpreendente. A culpa, seja do que for, nunca pode ser de ninguém de esquerda. Nem, sequer, a solução que a canhota apresenta para que casos destes não se repitam causa grande espanto. Ponha-se o Estado a prestar todos esses serviços de assistência social, defendem. Assim estilo ex-União Soviética e outros paraísos felizmente extintos.

Piripiri na patareca

Kruzes Kanhoto, 11.12.17

 

Depois do rasgar de vestes a que assistimos na sequência daquele acórdão manhoso - que metia citações da bíblia e alarvidades diversas - relativamente a um caso de adultério, estou curioso quanto ao que se vai seguir quando for conhecida a sentença de um crime de carácter passional que está a ser julgado por estes dias. É o caso de uma senhora que, chateada com a traição do companheiro, entendeu vingar-se despejando piripiri na patareca da rival. Entre outras patifarias, ao que consta.

Admito que, para os anteriores indignados e nomeadamente para as militantes feministas, não se trate de um assunto fácil. Reconhecer a perversidade desta criatura quando descobriu o alegado encornanço e a violência da agressão cometida sobre a “outra”, era coisa que só ficaria bem a todos os que andaram por aí a largar postas de pescada acerca do machismo de que, afiançam, ainda padece a sociedade portuguesa. Mesmo que na sentença deste caso não conste nenhum provérbio.

Chapéus há muitos…

Kruzes Kanhoto, 10.12.17

Apesar da má conta em que tenho os jornalistas e o jornalismo de uma maneira geral, era gajo para tirar o meu chapéu – se usasse - à reportagem exibida pela TVI a propósito de umas quantas manhosices alegadamente praticadas pela presidenta de uma associação de solidariedade. Ainda que nada daquilo me soe a novidade. Com as devidas proporções, dependendo sempre da escala de cada associação, presumo – mais por precaução do que por ausência de certezas – que situações como a descrita, ou outras de uso em actividades de utilidade duvidosa dos dinheiros públicos que são atribuídos a associações, sejam comuns por esse país fora. Mesmo que os valores envolvidos ou a natureza das manigâncias alegadamente praticadas possam ser – caso ocorram – bastante diversos.

Desconfio que não será difícil encontrar associações onde a direcção pode reunir no quarto e a assembleia geral na sala de jantar. Nem se revestirá de grande dificuldade deparar com entidades associativas que só existem para justificar o emprego – ou negócio – dos seus “dirigentes”. Nada disso teria mal se não estivesse envolvido dinheiro público. Seja sob a forma de subsidio ou, eventualmente, fuga ao fisco.

E depois há aquelas que já nem se dão ao incomodo de disfarçar. São as que não se importam nada de justificar que gastaram o dinheiro dos contribuintes em festas e comezainas. Mas, confesso, as minhas preferidas são as que nem se envergonham de pedir – em modo de exigência, quase – apoio público para festas privadas. Assim tipo almoços ou jantares comemorativos de coisas.

Em todas as circunstâncias não é apenas a má consciência cívica dos “dirigentes associativos” que está em causa. Pior, muito pior, é acção dos detentores de cargos públicos que lhes “dão” o guito. O nosso guito, convém relembrar.

Outro a prever a vinda do Diabo...

Kruzes Kanhoto, 08.12.17

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Bom, se é o camarada Louçã a dizer, então, deve ser verdade. A menos que, de agora em diante, perca todas as qualidades que têm feito dele uma voz de referência para a esquerda e passe a ser considerado mais um “passista” qualquer. Daqueles que apenas desejam que os portugueses vivam na miséria.

Não é preciso ser “dótor”, ter uma inteligência por aí além ou possuir dotes adivinhatórios para concluir que, por este caminho, a coisa vai voltar a dar para o torto. E a culpa, lamento contrariar a generalidade das opiniões, não é maioritariamente dos políticos. É nossa. Dos portugueses. Daqueles que exigem que todos os dias sejam de festa e que haja festa todos os dias. À conta do Estado. Admito que tristezas não paguem dividas. Mas estas, as dividas, rapidamente tratam de nos tirar a alegria. Já devíamos saber isso.

Bonecos de Estremoz

Kruzes Kanhoto, 07.12.17

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O reconhecimento pela Unesco dos bonecos de Estremoz como património imaterial da humanidade será para a cidade, presumo, um dos acontecimentos mais marcantes de sempre. Constitui também, como muito bem salientaram os responsáveis pela iniciativa, uma responsabilidade acrescida para quem os cria e para quem os promove. Até porque, de ora em diante, muito mais gente vai estar de olho neles. Nos bonecos. E, quase aposto, não vão faltar as criticas. Nomeadamente daqueles que não entendem o contexto em que esta arte surgiu e se desenvolveu.

A cena da "matança do porco", por exemplo, calculo que deve incomodar os amiguinhos dos animais. Ou a inexistência - acho eu - de bonecos que representem ciganos, homossexuais, muçulmanos, coxos, marrecos e anões. Coisa que, provavelmente, não deixará de suscitar a indignação da policia do politicamente correcto por, à luz dos modernaços conceitos agora tão em voga, não promover a inclusão desses segmentos populacionais. O que, a acontecer e para além da risota que nos vai proporcionar, até poderá ajudar. Como oportunidade de negócio.

 

 

Muda-se mais depressa uma embaixada do que um instituto

Kruzes Kanhoto, 06.12.17

Não consigo descortinar motivos para a ênfase com que hoje as televisões noticiaram aquela cena da mudança das instalações da embaixada americana em Israel para a cidade de Jerusalém. Nem, ainda menos, o fervor com que o assunto tem vindo a ser discutido por cá. Nas redes sociais, nomeadamente. E – mas isso já nem estranho – com a maioria dos comentadores a tomarem as dores dos palestinianos e da mourama em geral. Como se nós, portugueses, tivéssemos alguma coisa a ver com isso ou partilhássemos com os árabes algo de relevante. Eles têm outros valores culturais, religiosos e políticos que nada, mas rigorosamente nada, têm a ver com os nossos. Em qualquer desses aspectos os israelitas estão muito mais, mas mesmo muito mais, perto de nós e do nosso modelo de sociedade. Mas, reitero, não me surpreende esta nossa posição. Somos assim. Por norma medimos o nosso sucesso pelo infortúnio do vizinho. O gajo que, mesmo sendo como nós, gostamos sempre de ver lixado por outro filho da puta qualquer. A quem, só por isso, admiramos.

Diz que houve por aí uma conversa - uma trapalhada, como se dizia noutros tempos - acerca da mudança da sede de um instituto público. Também de uma cidade para outra. Cá, em Portugal. Coisa pouco importante, pelos vistos. 

Desconfio das súbitas valorizações...

Kruzes Kanhoto, 04.12.17

Tenho a maior consideração por aqueles que perdem os seus haveres em consequência da seca, dos incêndios ou de outro cataclismo qualquer. Há no entanto, nisto das calamidades que afectam negócios, algo que escapa à minha compreensão. Nomeadamente quando em causa estão colheitas ou explorações agrícolas. Não consigo deixar de me surpreender com a estranha valorização de animais, árvores ou culturas de qualquer espécie quando dizimados pelo infortúnio. Agora, com a seca mas também antes com os incêndios, por qualquer animal falecido e árvore que tenha secado ou ardido é reclamada uma fortuna quando chega a hora de recorrer ao apoio público. As mesmas árvores ou animais que antes – basta estar atento à actualidade para conhecer a retórica – não rendiam nem para o tabaco. Parecem, assim mal comparado, as acções do BPN. Ou, então, acham que o Estado é uma espécie de Carlos Santos Silva dos agricultores. E se calhar até é e nem a comparação com o banco salvo pelos socialistas será tão despropositada quanto isso. Pelo menos no que diz respeito ao pagante.

Colaboradoro?! Suspeito, muito suspeito...

Kruzes Kanhoto, 03.12.17

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Há coisas a que nunca me vou habituar. Aquela de chamar colaboradores aos empregados/funcionários/trabalhadores/criados/lacaios/servos/escravos, é uma das que me tira do sério. Outra é obrigatoriedade legal, não vá um pateta qualquer sentir-se discriminado, da neutralidade do anúncio de recrutamento. Por mim, se tivesse uma empresa e necessitasse de recrutar pessoal, limitar-me-ia a um lacónico “preciso de alguém para trabalhar em troca de remuneração”. Talvez assim ninguém ficasse ofendido. Nem mesmo nenhum militante das outras, para além das normais, trezentas e vinte cinco opções sexuais conhecidas.

Neste caso não parece muito evidente o perfil da pessoa a admitir. Assim de repente quase se pode garantir que a opção será por “uma” colaboradora. Ou, vá, “colaboradoro”. Já “um” candidato a colaborador não se afigura que tenha grande hipótese de conseguir o lugar.

Tirem as patas da minha reforma, patifes!

Kruzes Kanhoto, 01.12.17

Pareceu-me ler, na capa de um jornal, que o governo voltou a cortar nas reformas. Naquelas que dizem ser antecipadas. Deve ser mais uma pantominice dos jornalistas a soldo da direita bafienta. Um governo da esquerda com um refrescante odor a pinho, jamais atacaria dessa maneira os direitos dos trabalhadores e do povo. Pelo contrário. Tem até, como todos sabemos, reposto os direitos roubados pelos maléficos governantes troikistas que o antecedeu. Ou, então, devo ter lido mal. O mais certo é não ter razão para me preocupar. Os meus trinta e sete anos de desconto devem garantirar-me os mesmos direitos que os meus colegas, já reformados, que se aposentaram mais novos do que eu sou hoje e a quem o governo já repôs cortes e prometeu aumentos. Até já me arrependi de ter pensado que são os cortes na minha reforma que garantem a deles. Um governo de esquerda com um saudável aroma a alfazema - ou será a outra erva? - ia lá fazer uma discriminação dessas!

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