O optimismo, reconheço, é uma coisa boa. Que, igualmente aceito, devia ser praticada em mais ocasiões. Ou regularmente, de preferência. Também concordo que nos últimos dias foram vários os acontecimentos que motivaram uma onda de contentamento – o que, normalmente, anda relacionado com isso do optimismo – entre muitos sectores da população. Por mim fiquei particularmente feliz por mais uma conquista do Glorioso. Quanto às cantigas ou ao padrecas-mor não estou a ver, assim de repente, que outras coisas me podiam ser mais indiferentes. Mas se uns quantos ficaram contentes, então, ainda bem para eles.
Deve ser derivado de todo este clima festivo que os portugueses acreditam que o país, graças à geringonça, está agora muito melhor. Os indicadores que periodicamente vão sendo divulgados parecem dar-lhes razão. Embora em relação a essa cena dos números continue a pensar que os ditos, quando torturados, dizem sempre aquilo que nós queremos que eles digam. Mas, dizia, ainda bem que os portugueses estão contentes e confiantes quanto ao futuro. Sinal disso é que voltaram a esturrar tudo o que têm e, também o que não têm.
Não é que queira ser do contra, mas não consigo partilhar desse entusiasmo. Hoje, desconfiado que se me está a escapar qualquer coisa por não perceber onde estão tantas melhorias, fui comparar o último recibo de vencimento com o de Maio de 2011. As minhas suspeitas confirmaram-se. Recebo bastante menos agora do que recebia nessa altura. Mas, se calhar, só me acontece a mim. Admito que não sei fazer contas daquelas complicadas e que a minha formação académica – no caso a falta dela – não me permite ombrear com os génios das ciências politicas, económicas, financeiras e outras que por aí pululam, mas, garanto, comparar dois valores em euros e descobrir qual é o menor, isso sei fazer.