A indignação, mais do que um direito, constitui um desporto nacional. É vê-los nas redes ditas sociais – que às vezes mais parecem ati-sociais – a destilar indignaçãozinha da boa por todos os poros. A vitima, hoje, é uma pacata aldeia onde, na falta de melhor diversão, os habitantes têm por hábito divertir-se a fazer umas patifarias aos gatos. A um, apenas. E só uma vez por ano. Ao que consta o bichano nem, sequer, chega a esgotar uma das suas sete vidas mas, ainda assim, os indignados da praxe não perdoam. Queixas, processos e autoridades em bolandas são, para já, as consequências conhecidas. A conta, essa, é paga pelo contribuinte. Sim que isto não é de borla.
Não me revejo nestas selvajarias. Nem noutras como ter cães ou gatos enclausurados em apartamentos, touradas, praxes académicas ou abandono de idosos. Mas, porra, há que relativizar um bocadinho as coisas. E, se calhar, é capaz de haver no país, na Europa e no mundo temas que nos deviam preocupar muito mais. Hoje, por sinal, até aconteceram umas quantas. Diz que houve uns quantos atentados onde até morreram umas largas dezenas de pessoas. A boa noticia é que nenhum gato se chamuscou.