Da frase “não há dinheiro” qual a parte que não percebe?
Kruzes Kanhoto, 31.05.13
Esta pergunta, consta, terá sido feita várias vezes, diz que até em reuniões do conselho de ministros, por Victor Gaspar a um ou outro colega de governo quando estes resistiam aos cortes de verbas que o titular da pasta das finanças tentava impor aos seus ministérios. Esta expressão, a par da sua confissão de benfiquista deprimido, foram, assim que me lembre, as únicas ocasiões em que senti uma pequena dose de simpatia pela criatura. Mas, garanto, passou-me depressa. Mesmo sabendo que governar esta pocilga e ser adepto do Glorioso são duas condições muito penosas nos dias que passam.
O orçamento rectificativo divulgado hoje contribui, ainda mais, para me fazer desconfiar dessa coisa da falta de dinheiro. Ou melhor. Para, também eu, evidenciar uma notória falta de clarividência para descortinar o significado dessa sequência de três palavras tão do agrado do benfiquista Gaspar. É que se a minha compreensão para trabalhar mais uma hora por dia, mesmo ganhando menos, ou para mais um aumento de impostos, apenas para assegurar o nível de benefícios de saúde que já existem, não era muito elevada, agora bateu todos os recordes negativos.
E isto porque, mais uma vez e como sempre, a falta de dinheiro não é para todos. Para uns, nomeadamente em ano de eleições, vai-se sempre arranjando qualquer coisinha. Não tenho nada contra os autarcas - ou candidatos a isso - do PSD. Desejo apenas que tenham, nestas e apenas nestas autárquicas, um resultado abaixo de miserável. Ao nível deste governo, portanto.