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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Nem tudo está a correr mal...

Kruzes Kanhoto, 23.08.12

A cada mês que passaacentua-se o descalabro orçamental português. Nada de mais. Nem de surpreendente.Se exceptuarmos os apaniguados do partido no poder e os paineleiros dosprogramas de televisão, todos sabíamos que ia ser assim. Até o governo sabia.Sempre o soube. Fez, no entanto, esta opção ideológica. Nesse aspecto as coisasestão a correr-lhe de feição. Nesse e noutros. Por exemplo, a nível autárquico,uma das poucas receitas que estará a ter um comportamento positivo é a queenvolve a gestão dos cemitérios. Estarão, tudo  indica, a morrer mais pessoas do que em anosanteriores. Lamentavelmente este não tem sido um indicador devidamente valorizado pelosnossos brilhantes analistas de economia nem pelos não menos iluminados dirigentes políticos. Apenas por esquecimento, quero acreditar.

Amigos da onça

Kruzes Kanhoto, 22.08.12

A generosidade dospatrões portugueses continua a comover-me. A sua preocupação com o bem-estardos seus trabalhadores atinge níveis inusitados e que poucos suspeitariam ser possíveis.É verdade que querem mais liberdade para despedir. Não é menos certo que pretendemreduzir – ou mesmo extinguir – as indemnizações por despedimento. Estamosfartos de saber que pagam cada vez mais baixos salários e que tentam eximir-sea toda a espécie de obrigações. Mas, surpresa das surpresas, estão visceralmentecontra a aplicação de qualquer imposto sobre os subsídios de férias e de nataldos seus colaboradores. Que é como eles chamam agora à malta a quem não podem,por enquanto, por a trabalhar de borla nas suas empresas. São uns porreiraços,em suma.
Desconfio sempre dagenerosidade. E desta, vinda de quem vem, ainda desconfio mais. Quanto a mim ospatrões – recuso-me a considerá-los empresários – apenas estão contra aaplicação de um imposto aos subsídios dos seus criados porque teriam de entregarao Estado o imposto retido. Mais uma despesa, portanto. Nomeadamente paraaqueles que não fazem intenção de os pagar. Mas claro que fica sempre bem virpara as televisões explicar, como se fossemos muitos burros, que reduzir custosno Estado – leia-se vencimentos – é bom para a economia. Só se for para a deles,porque para a minha é péssimo. E para aqueles a quem eu “entregava” a parte queentretanto me foram roubando, também não me parece que esteja a sersuficientemente bom.

Olha a renda, Mexia, olha a renda!

Kruzes Kanhoto, 20.08.12

Já escrevi sobre istotantas vezes que, confesso, o assunto me aborrece. Mas declarações como a dosenhor Mexia ainda me causam um aborrecimento muito maior e fazem-me, ainda quea contra gosto, voltar ao tema. Garante o cavalheiro que mais impostos sobre osector privado não fazem sentido. Isto a propósito da eventual necessidade deestender os cortes nos subsídios de férias ou de natal à generalidade dostrabalhadores. Acrescentou ainda, embora a isso não tenha sido dado destaque,que o roubo dos subsídios aos funcionários públicos e reformados se trata deuma medida de contenção de custos e que isso é completamente diferente do quetaxar salários.
Será tudo o que elequiser. Agora o que os muitos “Mexias” deste país que defendem dever ser apenasquem trabalha para o Estado a ver o seu ordenado reduzido deviam explicar, pelomenos de forma a que um gajo de QI reduzido como eu perceba, é porque razãoalguém com um vencimento de mil e cem euros por mês deve ficar sem dois mesesde vencimento enquanto certas empresas privadas – assim de repente ocorre-melogo a EDP - continuam a receber muitos milhões do Estado. Ou, tantas outras, anão pagar impostos.
Ainda que todos tenhamdireito a emitir a sua opinião, indivíduos com a posição desta criatura eordenados para lá de obscenos deviam abster-se de mandar este tipo de postas depescada. O homem pode ser um génio da gestão, será até o melhor pau-mandado queos chineses podiam ter encontrado, mas não sabe o que é a vida real. Obviamenteque sobrecarregar ainda mais o trabalho – privado ou público - com impostos éerrado e só vai servir para agravar a tragédia que estamos a viver. Há, noentanto, muitas alternativas. Que o digam todos aqueles que já mandaram retiraros terminais de pagamento automático dos seus estabelecimentos …

Solidariedade selectiva

Kruzes Kanhoto, 19.08.12

Ser solidário é uma coisabonita. E está na moda, também. Pena é que uma observação mais atenta dascausas que motivam verdadeiras ondas de solidariedade e, bem assim, daquelesque se apressam a manifestar o seu espírito solidário, constitua um exercício quepoucos fazem.
Repare-se no caso darecente condenação, pela justiça russa, das “Pussy Riot” por terem invadido umlocal de culto, alegadamente em protesto contra o governo lá do sítio,perturbando quem estava a fazer as suas rezas. Verdade que meter as mocitas nachoça durante dois anos, só por causa das cantorias manhosas num templo, queaborreceram umas quantas beatas e desagradaram aos manda chuva lá da terra é,convenhamos, um bocado exagerado. Por isso, ou por outra coisa qualquer, nãofalta gente a anunciar a sua solidariedade, pelas mais diversas formas, paracom as cantoras (!) e a manifestar a mais convicta reprovação pela actuação dasautoridades russas.
Parece-me no entanto –mas isso sou apenas eu a desconfiar - que caso o palco do protesto tivesse sidooutro, ainda que o objectivo exactamente o mesmo, a história teria contornos muitodiferentes. Nomeadamente ao nível do movimento solidário. Admitamos que asjovens teriam tido a coragem – isso sim, seria corajoso – de ir protestar parauma mesquita ou, apenas, para um local onde meia dúzia de muçulmanos estivessementretidos nas suas práticas religiosas. Se calhar, até pelos antecedentes quese conhecem, os mesmos que agora se solidarizam com as condenadas estariam ademonstrar a sua reprovação pela intolerável provocação que as mesmas teriamcometido. A solidariedade, quase de certeza, iria direitinha para a mourama eos cartazes anti-Putin, como da outra vez das caricaturas, seriam substituídos porpedidos de desculpa…
É por estas e por outrasque não suporto a gentalha dos movimentos de solidariedade. Nisto, bem comonoutras coisas, a coerência deve vir em primeiro lugar. Mas isso pareceimportar pouco àqueles que apenas querem é aparecer.

O rei dos javardos passou por aqui

Kruzes Kanhoto, 18.08.12

Mijar para a parede,ainda que constitua um acto reprovável, é do mais corriqueiro que há. Qualqueramigo das bjekas o sabe. Cagar em plena rua já não é assim tão comum e, tirandoos cães, são poucos os que o fazem. A menos que uma inconveniente trovoada intestinalse abata subitamente sobre um incauto cidadão e a casa de banho mais próxima seencontre a mais de um quilómetro de distância, não haverá motivos para arrear ocalhau em plena via pública. Já aliviar a tripa na rua, em direcção à parede –ainda para mais em pleno centro da cidade – constitui uma proeza digna de umverdadeiro contorcionista e é, por isso, um acontecimento muitíssimo mais rarodo que os anteriormente referidos. Digamos que, no âmbito da javardice e máeducação, o gajo – ou gaja, vá lá saber-se – que cometeu este feito notável, seráo supra sumo dos javardos e merecia um prémio daqueles à antiga. Assim tipolimpar aquilo com a língua.