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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Lágrimas de crocodilo

Kruzes Kanhoto, 31.01.12
As noticias sobre velhinhos sozinhos e abandonados à sua sorte – ou, no caso, azar – voltaram a estar na ordem do dia. Infelizmente aquilo que, por estes dias, as televisões não se tem cansado de mostrar não constitui novidade e, antes pelo contrário, não se trata de um fenómeno isolado nem, ainda menos, passageiro. O envelhecimento da população e outras circunstâncias que, quase sem se dar por elas, se foram acentuando na sociedade potenciam o surgimento de cada vez mais casos como os que têm sido relatados.
Soluções para situações desta natureza não existem. Nem será fácil encontrar uma forma de as minimizar. O que se dispensam são as lágrimas de crocodilo. Nomeadamente de jornalistas bem pagas ou de assistentes sociais com jeito para a representação. Não se espera que ninguém, principalmente esta gente, faça milagres. Agora o que gostava era que as profissionais da assistência social tivessem a honestidade de, perante as câmaras de televisão, ter a mesma atitude que exibem nos seus gabinetes a quem as procura para encontrar uma solução de acolhimento para os seus parentes mais velhos. Ou, por exemplo, quando nos hospitais procuram a todo o custo despachar, seja para onde for, os doentes com alta médica mas sem condições para ficar em casa. E, já agora, que jornalistas de lágrima prestes a brotar as interrogassem acerca disso.

E a crise que não há maneira de chegar à praga dos animais de estimação

Kruzes Kanhoto, 29.01.12
Esta é uma nova foto do alhal da crise, bastante mais pormenorizada do que a anteriormente publicada e obtida poucas semanas depois. É por isso visível, entre as viçosas plantas que entretanto evidenciam um razoável crescimento, a presença de um vistoso cagalhão. Não tendo eu nenhum cão, gato ou qualquer outro animal de estimação que produza dejectos destas dimensões a sua presença só pode significar que o meu quintal anda a servir de retrete à canzoada da vizinhança.
A julgar pela inusitada frequência com que estas coisas me aparecem por aqui, tudo leva a crer que algum canito das redondezas terá qualquer problema do trato intestinal e apenas consegue aliviar a tripa nesta circunscrita zona do bairro. Onde, por azar, se situa o meu pequeno quintal. A identificação do abusivo prevaricador está a revelar-se difícil. O que é uma pena. Teria todo o gosto em devolver o presente ao legítimo proprietário. Enquanto isso não acontece decidirei se, quando souber a quem pertence o cachorro, lho atiro para o quintal ou o introduzo na caixa do correio. Até lá vai direitinha para o meio da rua. Literalmente.

Jardinismo

Kruzes Kanhoto, 28.01.12
Ao contrário de muitos comentadores, que nos últimos dias não se têm cansado de declarar o fim do “jardinismo”, tenho alguma dificuldade em acreditar que esta forma de governar esteja a chegar ao fim. Direi mesmo que o anúncio do seu termo é manifestamente exagerado. Isto porque apesar da aparente rendição forçada do Jardim da madeira, onde se calhar a coisa de ora em diante irá piar ligeiramente mais fino, há em quase todos nós um pequeno Alberto João.
Se, com o chamado plano de resgate da Madeira, o original e grande Alberto terá forçosamente de alterar um bocadinho - pelo menos é o que se espera – a sua forma de governar a ilha, por cá vai continuar tudo na mesma para os muitos jardinistas que dirigem municípios, juntas de freguesia, empresas públicas, fundações e demais instituições onde, de alguma forma, é gerido dinheiro público. O rigor – não digo austeridade porque sou contra e acho-a desnecessária – ainda não tem data marcada para aparecer nessa espécie de universos paralelos onde tudo corre como se vivêssemos num país onde o dinheiro brota das árvores. E, quando um dia aparecer, não me enganarei muito se servir apenas para despedir funcionários, mandriões inúteis e malcriados, quase todos principescamente bem pagos. Malta que, como se sabe, ganha muito e trabalha pouco.
Mesmo ao nível do cidadão comum o jardinismo continuará a imperar. Continuaremos a adorar quem tapa cada pedacinho de terreno com betão e a aplaudir quem esturra fortunas – nossas, só por acaso – em cantorias e festarolas badalhocas. Vamos continuar a desprezar quem pretende gastar os dinheiros públicos de forma racional, a odiar os que procuram gerir a coisa pública com transparência e a votar em Isaltinos, Fátinhas ou Valentins.

Estacionamento tuga

Kruzes Kanhoto, 26.01.12

EmEstremoz poucos são os que se deslocam a pé. Excepto, claro, os queao fim da tarde, depois de arrumar o carrinho na garagem, caminhamfreneticamente pelas ruas da cidade para, alegadamente, melhorar asaúde e, aspecto não menos importante, diminuir o tamanho do rabo.Os mesmos – a chamada brigada do croquete - que não faltam anenhuma das inúmeras caminhadas promovidas pelo Município e juntasde freguesia cá do sitio. Mas aí compreende-se. Mudar o de tráspara a frente dá uma fomeca do caraças e a certeza de encontrar umlauto banquete, ainda para mais à borla, no final da etapa causa umefeito deveras estimulante nos caminheiros de fim-de-semana.
Deveser pela ausência de qualquer manjar oferecido pelos comerciantes dazona que, de segunda a sábado até ao final da manhã, nesta rua dacidade, o tuga estremocense – maioritariamente na versão feminina– estaciona o popó sem se importar com quem vem a seguir e nãocabe na faixa de rodagem. Que trepe o passeio se quiser passar,porque deixar o tugamobil mesmo à porta do pronto-a-vestir ou daesteticista é algo de que elas não prescindem.
Compreendoa necessidade de andar trajada segundo os últimos ditames da moda.Aceito, também, que comprar uma roupita toda janota fará bem aoego. Percebo que tirar o bigode, depilar o sovaco ou suprirpilosidades indesejáveis de locais mais recônditos, seja umanecessidade imperiosa. Mas, que diabo, não podiam deixar a merda docarro no rossio?! Porra, são apenas cento e cinquenta metros. Paraalém de poderem exibir a figura, não chateavam ninguém e nãoobrigavam os outros a cometer uma infracção às normas do trânsito.Sim, não sei se sabem, circular de automóvel pelo passeio dádireito a multa.

Eu também não mudo de ideias...

Kruzes Kanhoto, 25.01.12

Nãoera necessário possuir invulgares dons adivinhatórios. Nem, sequer,ter grandes conhecimentos em matéria económica ou financeira.Bastava não ostentar um nível de parvoíce acima do tolerável.Era, portanto, bastante fácil perceber desde o inicio que cortes desalários e outros crimes contra quem trabalha não constituemsolução para coisa nenhuma. Pelo contrário. Apenas contribuem paraagravar ainda mais o triste estado do país.
Comose pode constatar, já lá vão uns anos que ando a escrever issomesmo nas páginas deste blogue. Devem ser às centenas oscomentários que deixei noutros espaços onde este assunto tem vindoa ser abordado. Nem têm conta os “gafanhotos” que já mandei avociferar contra estas opções de quem nos tem governado e acontrariar os que acham que este é que é o caminho certo. Daí quenão possa deixar de me congratular com a posição do FMIrecentemente divulgada. Afinal, agora, a austeridade já é uma coisamá. E também perigosa, parece. Se é verdade que apenas os burrosnão mudam de ideias, esperemos que estes não tenham mudado tarde demais. Já quanto a outros asnos não tenho grandes dúvidas que vãocontinuar a fazer jus à sua condição.

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