Lágrimas de crocodilo
Kruzes Kanhoto, 31.01.12
As noticias sobre velhinhos sozinhos e abandonados à sua sorte – ou, no caso, azar – voltaram a estar na ordem do dia. Infelizmente aquilo que, por estes dias, as televisões não se tem cansado de mostrar não constitui novidade e, antes pelo contrário, não se trata de um fenómeno isolado nem, ainda menos, passageiro. O envelhecimento da população e outras circunstâncias que, quase sem se dar por elas, se foram acentuando na sociedade potenciam o surgimento de cada vez mais casos como os que têm sido relatados.
Soluções para situações desta natureza não existem. Nem será fácil encontrar uma forma de as minimizar. O que se dispensam são as lágrimas de crocodilo. Nomeadamente de jornalistas bem pagas ou de assistentes sociais com jeito para a representação. Não se espera que ninguém, principalmente esta gente, faça milagres. Agora o que gostava era que as profissionais da assistência social tivessem a honestidade de, perante as câmaras de televisão, ter a mesma atitude que exibem nos seus gabinetes a quem as procura para encontrar uma solução de acolhimento para os seus parentes mais velhos. Ou, por exemplo, quando nos hospitais procuram a todo o custo despachar, seja para onde for, os doentes com alta médica mas sem condições para ficar em casa. E, já agora, que jornalistas de lágrima prestes a brotar as interrogassem acerca disso.