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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

O papel da comissão

Kruzes Kanhoto, 31.08.11

As imagens que hoje publico são,exactamente, do mesmo local. Uma é a vista aérea, obtida através do Google, eoutra tirada por mim um destes dias. Atente-se na dessincronização entre ossemáforos que obriga, ou pode obrigar, a parar no meio do cruzamento no caso emque o primeiro está verde e o segundo vermelho. Não sei se existe algo de erradocom a sinalização existente – provavelmente até estará tudo muitíssimo correcto– mas que a coisa me deixou baralhado lá isso deixou.
Quase sempre a sinalização a colocarnas ruas de aldeias, vilas e cidades é determinada por comissões. Daí que quenão seja rara a existência de sinais de trânsito em número astronómico, mesmoem locais onde não fazem falta nenhuma ou onde a circulação automóvel podia serregulada de forma muito mais racional. Claro que a comissão tem, nestas comonoutras coisas, um papel muito importante. Haverá até, quem sabe, muito papelenvolvido nas opções que se adoptam. Nada se faz sem estudos, comissões e muitapapelada. É, naturalmente, a isso que me refiro.

(Des)Créditos

Kruzes Kanhoto, 30.08.11
Ponto prévio: Não conheço este Manuelnem esta Mariana, nunca os vi com menos roupa, não quero, nem me interessa,saber quem são e faço votos para que rapidamente ultrapassem o momentocomplicado que, suponho, estarão a viver. Tão pouco pretendo expor a vida ou asdificuldades deste casal, daí que tenha apagado o segundo nome e os apelidos deambos. Embora, como se sabe, estas coisas sejam públicas e estejam disponíveisna internet para que qualquer um possa aceder a este tipo de informação.
Posto isto e feita esta declaração dedesinteresse passemos ao essencial e que, verdadeiramente, está em causa.Apesar de a muitos soar mal e contra isso sacarem de mil e um argumentos, esteé apenas mais um caso que não deixa dúvidas – apenas dividas – de que andámosdurante muitos anos, porventura muitos ainda andarão, a viver acima das nossaspossibilidades, na ilusão do crédito e na convicção que, mesmo não tendorendimentos para isso, podíamos ter tudo aquilo a que nos achamos com direito.Ainda que, nove créditos depois, não conseguíssemos cumprir o dever de pagar.
O desemprego, a doença e muitas outrassituações podem conduzir o mais sério dos cidadãos à condição de incumpridor. Aganância, a iliteracia financeira ou a vigarice, também. Publicidade agressiva,todo um conjunto de facilidades concedidas pela banca ou outras entidadesfinanceiras serão, sem dúvida, parte significativa do problema. Mas, porra,contrair nove créditos não é coisa que alguém, mesmo que não tenha mais do queum dedo de testa, ande por aí a fazer. Parece por demais evidente que, mesmo emcondições normais e com vencimento razoável assegurado todos os meses,assegurar o pagamento de tantas prestações será tarefa quase impossível decumprir.
Quem embarcou nestas jogadas – e serãomuitos – não teria dinheiro para o estilo de vida que ambicionava. Amaneira mais fácil que arranjou para alcançar o patamar a que almejavachegar foi o recurso ao crédito. Ou seja, pediu emprestado para poder levar umavida que o seu rendimento não suportava. A isto chama-se viver acima das suaspossibilidades. Portanto e concluindo, tenho a maior dificuldade em perceber oporquê da indignação que esta afirmação suscita em muita gente. Principalmentequando se chega a este limite em que, publicamente, fica demonstrado que nãotêm possibilidade de pagar a vida que quiseram ter.

Onde está o interruptor?

Kruzes Kanhoto, 29.08.11
Certos locais devem permanecer bemiluminados. As cercanias das casas de banho públicas, por exemplo. Nem quesejam quatro da tarde de um radioso dia de Verão. É que, desde que o homem foià Lua, isto anda tudo mudado e nunca se sabe quando aparece uma nuvem negra aofuscar o Sol. Daí que, talvez para prevenir, a iluminação artificial estejaligada. A EDP e o ministro das finanças agradecem. Os utentes, esses, vãochamando nomes a quem não manda desligar a luz. Ingratos.

Os ricos que paguem a crise...que depois nós pagamos aos ricos!

Kruzes Kanhoto, 27.08.11
A súbita generosidade querepentinamente acometeu alguns ricaços por esse mundo fora, deixa-me de péatrás. De desconfiança e, simultaneamente, de vontade de o – ao pé – balancearem direcção às partes budibundas dos que se andam a oferecer para pagar umqualquer imposto que contribua para amenizar a crise e daqueles que ficaram emêxtase com a ideia. Isto porque, tal como não há almoços grátis, também não há“ofertas” destas completamente desinteressadas. E, ou muito me engano, afactura com uma conta “simpática” não tardará a ser apresentada. Esta gente nãoé parva, muito menos generosa, não anda cá para perder e não entrega o ouro aobandido, assim, de mão beijada.
Não sei se, nos termos em que propostaé conhecida, uma eventual taxação extraordinária dos rendimentos dos mais ricosdaria um contributo significativo para o equilíbrio das contas públicas. Duvido– reitero, tal como a ideia está a ser transmitida – que, no caso, se possafalar de justiça social ou fiscal. Porque, é bom lembrar, são rendimentos que,supostamente, já estão sujeitos a uma taxa de imposto que ronda os cinquentapor cento. E, convenhamos, o Estado ficar com metade daquilo que alguém ganha,seja muito ou pouco, pode parecer-me muita coisa mas entre elas não se incluinada aparentado com justiça.
Se calhar – digo eu, que gosto muitode dizer coisas – taxar outro tipo de rendimentos que agora escapam às malhasdo fisco era capaz de não ser má ideia. Desde as grandes negociatas bolsistasaté à economia paralela praticada por ricos ou pobres. Já um imposto especialsobre todo o tipo de património, como sugere Miguel Cadilhe e o Bloco deEsquerda se prepara para apresentar no Parlamento, embora enquanto tese mepareça excelente, teria uma eficácia de cobrança mais que duvidosa. A avaliaçãodas cabeças de gado, das jóias, quadros, tapetes persas e outros bens de valorassinalável, iria provocar uma carga burocrática capaz de dar azo a todo o tipode injustiças e de aproveitamentos diversos. Podendo até chegar ao extremo deum qualquer contribuinte, apesar de riquíssimo, não ter liquidez para pagar oimposto. À semelhança do que acontecia com aquela família algarvia a quem saiuo totoloto, comprou carros e casas mas, por falta de dinheiro para o dia-a-dia,teve de recorrer ao rendimento social de inserção. Com toda a legitimidade,como, à época, explicou a segurança social.
É por tudo isto que continuo na minha.A começar pelo Estado todos deviam ser obrigados a pagar o que devem. Se foremcriados mecanismos que permitam a célere e eficaz cobrança de dívidas – doEstado, dos particulares e das empresas – a economia depressa retomará o seucurso normal. Pode argumentar-se que não existe dinheiro para isso mas, emminha opinião, não é verdade. Bastaria, a título de exemplo para asadministrações públicas, que fosse proibido o lançamento de novas obras evedada a aquisição de todo o tipo bens e serviços não indispensáveis enquanto houvesse um cêntimoem divida. Se “isto” parava? Não, simplesmente, “isto” passava a ser gerido comhonestidade e rigor.

Vândalo positivista

Kruzes Kanhoto, 26.08.11
Esta enigmática mensagem foi um destesúltimos dias pintada numa das mais movimentadas artérias da cidade. Será,porventura, um apelo ao sorriso e à boa-disposição. Ou então não e trata-seapenas de um acto de vandalismo parvo cometido por alguém igualmente parvo. Ou,o mais provável, ambas as coisas.

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