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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

A tia rabugenta

Kruzes Kanhoto, 18.05.11
As declarações da Merkel deixaram hoje irritados muitos portugueses que, ofendidos com os desmandos da bruxa germânica, destilaram a sua indignação em todos os locais onde o puderam fazer. Até a classe politica não se coibiu de manifestar o seu desagrado e foi deixando, embora de forma mais contida que a generalidade dos cidadãos, um ou outro remoque dirigido à dirigente teutónica. 
Apesar de não me agradar a exigência da senhora – sim, aquilo foi uma ordem – para que nos reformemos mais tarde e tenhamos menos dias de férias, não vejo motivo para indignações. Parece-me, antes, que afirmações deste género, em lugar de nos causarem elevados índices de irritabilidade, deviam era provocar em nós um sentimento de vergonha. Mesmo que a mulher não tenha razão nenhuma naquilo que diz, a verdade é que somos obrigados a aturá-la. Afinal é ela quem tem o dinheiro de que nós precisamos. Mal comparado é como aquela tia velha e rabugenta cuja presença apenas suportamos porque é ela quem paga as nossas extravagâncias. 
Ultrapassar uma situação como a que vivemos e deixar de ser o alvo da chacota e do desprezo dos outros povos, deveria constituir um desígnio nacional. Infelizmente a causa não parece ser suficientemente motivadora. Até porque os que nos podiam mobilizar aparentam estar satisfeitos, revelando mesmo uma mal dissimulada simpatia por estas reprimendas vindas da estranja.

Reciclar não é "chique"?!

Kruzes Kanhoto, 16.05.11

Os moradores da zona da cidade onde esta foto foi obtida não são propriamente pessoas incultas, iletradas, sem acesso à informação ou que desconheçam os procedimentos básicos que se devem seguir para efectuar a separação dos resíduos sólidos urbanos. No entanto, por alguma razão que a própria razão terá dificuldade em explicar, adoptam de forma reiterada a prática que a imagem demonstra, evidenciando um lamentável desprezo pela comunidade e um comporatmento cívico abaixo de miserável. Nem sequer se tratará de comodismo. Dada a distância a que se encontra o eco-ponto será antes uma atitude provocatória. Uma espécie de rebeldia parva, talvez. 
Em causa não está apenas o lado ecológico da questão. Mais do que esse aspecto choca-me o quanto, desnecessariamente, isto nos custa a todos em termos económicos. Para lá dos custos inerentes à recolha, que são bastantes, cada quilo de lixo indiferenciado - todo o que não é depositado nos eco-pontos - que é recolhido e depositado no aterro sanitário, é pago pelo Município quase a peso de ouro. Preço que, naturalmente, a autarquia faz repercutir na factura da água que, pelo menos alguns de nós, pagamos mensalmente. Ou seja, de cada vez que alguém não recicla tudo o que pode ser reciclado, estamos todos a pagar. 
Este é apenas um pequeno - pequeníssimo e insignificante - exemplo do que podemos fazer pelo país e de como o comportamento negligente de alguns tem reflexo na carteira de todos. E se num bairro onde habitam, em número significativo, pessoas de escolaridade elevada ou com algum destaque social se vêem coisas destas, não será difícil imaginar um cenário desolador noutros locais com realidades sociais bem piores.

Perdoais-lhes senhor...

Kruzes Kanhoto, 15.05.11
A cada vez mais provável vitória de José Sócrates nas próximas eleições legislativas constituirá um interessante caso de estudo, a ser analisado ao pormenor, pelas diversas áreas da ciência contemporânea. Nos dias que se seguirão ao funesto acontecimento não irão faltar especialistas, em tudo e mais alguma coisa, a tecer considerandos acerca do porquê de tão parva decisão dos eleitores. 
Por mim, especialista em coisa nenhuma, a resposta parece-me óbvia e resumir-se-à mais ou menos a isto. Os portugueses, embora desconheçam quanto as medidas que nos foram impostas os vão afectar, estão apreensivos relativamente ao futuro. Mesmo sabendo que lhes estão a mentir, as pessoas demonstram preferir quem lhes diz que isto não há-de ser nada, optam por ignorar as más noticias e vão escolher para governar aquele que pensam que não irá cumprir as ordens dos gajos que nos emprestaram o dinheiro. 
Nada que constitua motivo para grandes surpresas. Basta ver a quantidade de contratos, de toda a ordem, que os portugueses deixaram de cumprir nos últimos anos. A única diferença para José Sócrates, é que os incumpridores tugas primeiro apanharam-se na posse do dinheiro emprestado e depois é que deixaram de cumprir, enquanto o candidato socialista ainda não tem o dinheiro e já diz que não cumpre...

Critérios para a extinção de municipios

Kruzes Kanhoto, 13.05.11
Embora conste do memorando que o país está obrigado a cumprir, não acredito que o futuro governo – ou outro que lhe venha a suceder – se atreva a extinguir um único município. Nem, sequer, a promover a sua fusão mantendo, pelo menos transitoriamente, assim uma espécie de mini-associação. 
A ideia, no entanto, estará já presente na mente de muitos autarcas que começam a posicionar-se para a guerra que, inevitavelmente, será travada e em que todos irão apresentar argumentos para que o concelho a extinguir seja o do vizinho e não o seu. Talvez seja por isso que, ao que consta, alguns Presidentes de Câmara estejam já a preocupar-se com o nível de endividamento a que conduziram as autarquias que governam. Será relativamente consensual entre os que estudam a matéria, que o tamanho ou a demografia não deverão constituir os únicos factores a ter em conta quando estiver em cima da mesa a discussão acerca dos municípios que vão fechar portas. Haverá quem defenda – e com muita razão, acho eu – que o montante do endividamento terá de ser um critério a ter em conta. 
Desconfiando da marosca, jogando na antecipação ou simplesmente procurando acautelar-se, autarcas mais perspicazes e previdentes, temerosos do que possa acontecer aos seu sconcelho e não querendo inscrever o nome na história como o último presidente da Câmara lá do sitio, iniciaram este ano um curioso programa de contenção de despesas. Por mais que isso desagrade aos seus munícipes. Que não apreciam a ideia – são muitos anos de maus hábitos – mas que poderão, no futuro, ter de lhes dar razão.
Ainda que acredite no fim de uma ou duas centenas de freguesias, reitero que não vislumbro como possível a extinção de um único município. Mas se estiver enganado desconfio que o critério a seguir será apenas um. Fecham os que Sócrates quiser. O que, diga-se, me parece justo. E merecido. Principalmente para quem se prepara para o reeleger.

Agarra-se mais depressa um mentiroso do que um coxo

Kruzes Kanhoto, 11.05.11
A redução da Taxa social Única suportada pelas empresas tem estado no centro do debate politico nos últimos dias. Foi lá colocada por José Sócrates e sus muchachos, ao criticar a intenção do PSD de a reduzir em quatro pontos percentuais. O que, goste-se ou não, mais não é do que quantificar aquilo que quem nos empresta o dinheiro exige que o país faça. A reacção socialista a esta proposta tem sido violenta e procura forçar os sociais democratas a admitir que, para compensar a perda de receitas, terão de aumentar o iva ou, pelo menos, passar alguns bens e serviços das taxas miníma e intermédia para a taxa máxima. 
Afinal, como se ainda houvesse dúvidas quanto a isso, podemos hoje confirmar no debate televisivo, que estamos perante um bando de pantomineiros que nos pretendem intrujar e, pior do que isso porque a esta prática nós já estamos habituados, não terão qualquer pejo em ludibriar quem vai financiar os seus devaneios. Francisco Louçã – por quem, diga-se, não nutro qualquer simpatia ideológica – desmascarou a tramóia socialista ao revelar o compromisso, escrito e assinado pelo actual governo, em reduzir, provavelmente até forma mais acentuada, a contribuição patronal para a segurança social. Confrontado pelo líder bloquista, que trucidou autenticamente José Sócrates ao longo de quase todo o debate, este foi incapaz de reagir de forma convincente e acabou mesmo por afirmar pateticamente que a grande redução, com que se comprometeu à socapa, era coisa para se cifrar em zero virgula vinte cinco por cento! Foi humilhante e, por um brevíssimo momento cheguei a ter pena do coitado do mentiroso, tal era a atrapalhação que o homem evidenciava. 
O desnorte nas hostes do Partido Socialista é de tal ordem que, noutro canal e após o debate, um conhecido paineleiro televisivo e deputado por aquele partido, quando instado a pronunciar-se acerca da dita carta, assinada pelo Ministro das Finanças, garantiu que “valia zero”. Ficamos assim a saber que, afinal, uma carta do governo chefiado por José Sócrates, dirigida a uma instituição internacional – que por acaso até nos vai emprestar o dinheiro – não tem qualquer valor. Vale zero, segundo o douto comentador. Triste sina a de um país que está entregue a esta gente e triste gente a deste país se escolher continuar a ter estes governantes.