O tempo, o dinheiro e a fauna
Kruzes Kanhoto, 30.05.11
Faz-me confusão que existam pessoas que gostem de ir às compras. Por mim acho insuportável. Nomeadamente quando se trata dessa invenção a que chamam superfícies comerciais. Grandes ou pequenas. Por todos os motivos. Assim, de repente, são estes – mais podiam ser mais – os que me ocorrem: O tempo que se perde, o dinheiro que se gasta e a fauna que se encontra. Principalmente aquela fauna que não acredita em pagamentos electrónicos nem em listas de compras.
Quanto aos primeiros motivos, não há nada a fazer. São daquelas inevitabilidades que apenas posso lamentar. Não sou auto-suficiente em nenhum produto de que necessito para viver, daí que tenha de recorrer ao mercado para suprir as minhas necessidades. Para meu desapontamento a consequência é ver o dinheiro a esfumar-se da carteira a uma velocidade muito superior ao desejável. Isto apenas porque ninguém me dá nada, nem tenho o hábito de surripiar os bens que me fazem falta.
Por último, mas não menos importante, a fauna que frequenta esses lugares. Nomeadamente aquela – porque a outra não faz grande diferença – que tem a mania de complicar na zona da caixa. Ou porque não acha, no fundo da carteira, as moedas que perfaçam a quantia exacta que corresponde ao pagamento ou, como hoje, o esparveirado que estaciona o carrinho na fila, continua a fazer compras e quando volta, alguns minutos depois, fica desagradado ao constatar que foi ultrapassado. É o que dá não levar uma cábula com os produtos em falta, ou próximo do ponto de rotura, na despensa lá de casa. Por isso, esparveirado aborrecido por ter ficado para trás na fila do Continente, para a próxima diz à Maria que, em vez de ligar para o telemóvel para não te esqueceres das batatas, faça a lista das compras.