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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Preconceitos

Kruzes Kanhoto, 31.01.11
Na sequência das declarações de Pedro Passos Coelho, preconizando o encerramento das empresas públicas com prejuízos crónicos, o porta voz do actual Partido Socialista acusou o líder social democrata de ter preconceitos ideológicos contra tudo o que é público. De facto só um preconceituoso da pior espécie se atreveria a alvitrar o fecho de uma empresa que, ano após ano, dá prejuízo. Ainda mais tratando-se de uma empresa pública que, como se sabe, não tem como finalidade dar lucros mas sim empregar a rapaziada com pouca apetência para o trabalho possuidora de cartão de sócio do partido do poder. Seja qual for que lá esteja. 
Em matéria de preconceito relativamente ao tecido empresarial do Estado o Coelho alaranjado não passa de um menino. Se calhar porque lhe convém. Sabe que terá de manter no sector público muitas empresas, para nelas poder albergar todos os laranjinhas que se vão chegar à frente quando o PSD ganhar eleições e formar governo. Porque se realmente defendesse os interesses do país e dos portugueses tratava - por enquanto sugeria, já que não pode fazer outra coisa - de vender tudo o que é participação do Estado. Incluindo no bolo as participações autárquicas e regionais que, à semelhança das outras, apenas servem para dar tachos, esconder divida pública e, alegadamente, encher os bolsos de dúzia e meia de oportunistas. E para nos levar à ruína, também. 
Preconceitos há-os para todos os gostos. Há quem ache que o Estado deve ter uma imobiliária, porque um edifício só é bem vendido se for uma empresa estatal a vende-lo. Ou deve ser dono de uma firma de distribuição de encomendas porque, como toda a gente sabe, uma carta só chega ao destinatário se entregue por uma empresa pública. Já para não falar de um banco. Porque, se o Estado não fosse o único accionista da Caixa Geral de Depósitos, os juros pagos aos depositantes seriam ridiculamente baixos, os empréstimos eram taxados com juros usurários e um gajo era capaz de estar uma hora à espera de ser atendido num qualquer balcão de um desses bancos manhosos.

Opções esquisitas

Kruzes Kanhoto, 30.01.11
Por diversas ocasiões tenho defendido que os municípios, nomeadamente do interior, devem orientar as suas prioridades de investimento para a terceira idade. Em lugar de creches e escolas para crianças que não vão nascer ou megalomanias diversas que servem apenas para elevar o ego de autarcas à beira da demência, parece-me de uma lógica mais do que evidente - tão evidente que até me faz confusão que poucos a vejam - que a aposta deve ser, inequivocamente, nos mais velhos. Até porque temos muitos. 
Embora muito de vez em quando, vão surgindo noticias que me fazem acreditar que um ou outro autarca ainda conserva algum bom senso e mantém um nível aceitável de contacto com a realidade terrena. É o caso de um pequeno município do interior, envelhecido como quase todos os outros, que pretende construir cinco lares de idosos noutras tantas freguesias do concelho. Para tanto lançou já o concurso para elaboração dos projectos e tenciona, apesar da crise, iniciar as obras ainda este ano.
Ficará, com esta opção, impedido de subsidiar generosamente actividades importantes - almoços, jantares e comemorações diversas, por exemplo - ou manifestações culturais em que participaria parte significativa da população - cinco ou seis eleitores, vá, e quase todas da mesma família - mas pode, em contrapartida, contribuir para resolver muitos problemas de caracter social a um número cada vez maior de pessoas. De caminho contribui igualmente para criar umas dezenas de postos de trabalho e, assim, manter mais uns quantos habitantes. Há, vejam lá o desplante, quem ache isso importante.

Democratas pró-fascistas

Kruzes Kanhoto, 29.01.11
Muito boa gente - e outra não tão boa quanto isso - anda por estes dias entusiasmada com as manifestações, alegadamente clamando por liberdade e democracia, que nas últimas semanas têm vindo a ocorrer no Norte de África. Em particular na Tunísia, que já levaram à queda do governo local, no Egipto e, mais timidamente, na Argélia. Pese as tendências ditatoriais dos governos destes e dos outros países da região, não acredito que a queda daqueles regimes seja algo que possamos saudar. 
Mesmo que a democracia, mais ou menos parecida com a que conhecemos no ocidente, seja implementada por aquelas bandas depressa assistiremos a uma "evolução" para um regime islâmico-fascista. Será apenas uma questão de tempo. O tempo suficiente para a realização de duas eleições. Isto partindo do principio, que não dou por adquirido, que os vulgarmente designados como moderados ainda conseguem ganhar as primeiras... 
Deve ser isso, presumo, porque suspiram os democratas de pacotilha que tanto vibram com as revoltas, alegadamente populares, a acontecer do outro lado do Mediterrâneo. É, de resto, a única explicação que encontro para o ódio que nutrem à única democracia que vigora em toda aquela região.

Variante, sim!

Kruzes Kanhoto, 28.01.11
É frequente argumentar-se quando determinado projecto demora mais do que o habitual a ser levado à prática, que interesses pouco claros estarão a impedir a sua concretização. Não será, com certeza, o caso da variante do IP2 à cidade de Estremoz. Aqui, pelo menos alegadamente, tudo o que tem contribuído para a não efectivação da obra até parece muito claro. 
Apesar do permanente conflito de trânsito no local, dos sucessivos e cada vez mais frequentes atropelamentos e de todas as condicionantes que envolvem a zona da cidade atravessada pela Estrada Nacional dezoito, a sua construção afigura-se cada vez mais uma miragem. É contra este estado de coisas que surge esta petição  reclamando a construção da variante a Estremoz do IP2. Não sei se adianta ou não alguma coisa, sou bastante céptico em relação a petições, mas que se trata presentemente da obra mais importante para a cidade, disso, não tenho grandes dúvidas. A menos que alguém pense que outros valores, como uma paisagem bucólica ou um monte no Alentejo, valem mais que uma vida humana.

Grande ideia!

Kruzes Kanhoto, 27.01.11
É sobejamente conhecido, pelo menos para aqueles que tem a paciência de me ler ou o azar de me aturar, que não aprecio as ideias do Bloco de Esquerda. Há gostos para tudo e a mim dá-me para isso. Podia, reconheço, ser pior. Mas, como em tudo na vida, também no campo das ideias há uma ou outra excepção que confirma a regra. É por isso que manifesto o meu apreço, concordância e que considero extremamente valorizável, a sugestão dos bloquistas de Estremoz relativamente ao nome a atribuir à nova avenida que, brevemente, irá começar a ser construída na zona da actual estação do caminho de ferro. Não que, ao contrário daquela organização politica, discorde da intervenção que vai ser realizada na zona. Nada disso. A recuperação de todo aquele espaço, bem como todas as infraestruturas que ali serão criadas constituirão uma inegável mais valia para a cidade. Agora chamar ao novo arruamento Avenida da Desertificação, como a malta da extrema-esquerda sugere, é que é uma grande proposta. Está muitíssimo bem escolhido, sim senhor. Sinto, confesso, uma certa inveja de não ter sido eu a ter a ideia.

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