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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Tudo gente séria

Kruzes Kanhoto, 31.07.10
Não falta quem, por estes dias, exulte com a decisão da justiça relativamente ao caso Freeport e à ilibação de José Sócrates. Nada de novo. Já outros fizeram o mesmo relativamente a Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras, Isaltino Morais, Avelino Ferreira Torres ou Pinto da Costa.

Eu também sou muito mentiroso...

Kruzes Kanhoto, 31.07.10
“Pegámos fogo à lixeira porque não temos contentores”. A frase está na primeira página de um dos jornais que por cá se publica - o Ecos, no caso – e terá sido proferida pelos moradores do resort das Quintinhas como justificação para a causa de mais um incêndio que deflagrou naquele local. 
Claro que sim. Nós acreditamos. Nesse e em todos os outros dislates que a reportagem do citado periódico acerca do acontecimento se encarrega de reproduzir. Aliás o mesmo acontece nos concelhos vizinhos de Elvas e Campo Maior onde as malvadas das autarquias também não colocam contentores em abundância.
Compreendemos igualmente que é apenas por imperiosa necessidade que os moradores têm de chegar a roupa ao pêlo aos bombeiros que insistem em ir lá apagar os fogaréus, quando podiam estar a fazer coisas bastante mais importantes. Como beber umas bejecas, sei lá. 
Naturalmente que também não acreditamos – ninguém, a começar por mim ousa sequer colocar essa hipótese – que se trata de acções premeditadas destinadas a queimar o isolamento do cobre e de outros materiais ferrosos encontrados ao abandono ou que algum morador no local tenha recolhido inadvertidamente contra a vontade do proprietário. Ou de coisa parecida. 
De forma nenhuma acredito que se trate, ainda que vagamente, de algo que possa ser considerado ilegal. Impossível, mesmo. Até porque as comunidades em causa são conhecidas pelo exemplar cumprimento da lei, cordialidade e maneira assertiva como se relacionam com a restante população. Tirando uma ou outra chapada num bombeiro que esteja mesmo a pedi-las. Fora isso são adoráveis.

Coa breca!

Kruzes Kanhoto, 30.07.10
O progresso terá, alegadamente, chegado hoje a Foz Côa. Quinze anos depois de ter sido prometido que a não realização de uma obra é que faria progredir e desenvolver a localidade. E chegou sob a forma de Museu. Ironicamente. 
Há – poucos, mas parece que há – quem goste assim. As iluminarias do costume que têm a sorte de não morar onde o desenvolvimento passou ao largo. Apenas esses. Os outros sabem do que falam e sabem o que querem. E, se tivessem sido ouvidos saberiam dizer que não queriam bestas a dar palpites quanto ao seu destino. Principalmente palpites parvos que não podiam dar noutra coisa senão no que está à vista. 
Faço votos para que nenhum antepassado se tenha entretido a rabiscar garatujos manhosos ali para os lados de Veiros. Os rabiscos não matam a sede a ninguém e o desenvolvimento que trazem é aquele que todos podemos apreciar.

Desabonos

Kruzes Kanhoto, 29.07.10
Vão, dentro de dois dias, entrar em vigor as novas normas de atribuição de diversas prestações sociais. O objectivo não é moralizar, ajudar quem mais precisa ou, sequer, redistribuir melhor o apoio do Estado. Pretende-se apenas cortar. Coisa que, ainda há bem pouco tempo, deixava José Sócrates e seus lacaios para lá de indignados por a então líder da oposição tencionar fazer o mesmo. 
Apesar das modificações não estarem a ter junto da opinião pública o impacto que, me parece, deviam merecer, elas vão afectar uma parte muito significativa da população. Talvez porque a medida mais emblemática, assim de repente, aparenta não não mexer com os interesses de muita gente. Refiro-me à fantástica ideia de – assim, sem mais nem menos – excluir do âmbito dos beneficiários de algumas prestações sociais quem tenha um património mobiliário superior a cem mil euros. Um conceito que englobará, ao que me é dado perceber, as contas bancárias e carteiras de títulos dos membros do agregado familiar e que deixa de fora os sofás, os cordões e crucifixos de ouro ou as notas estrategicamente colocadas debaixo do colchão. Tal como tudo o que estiver “ao largo”... 
Aparentemente afigura-se ter alguma lógica deixar de subsidiar quem tem um pé de meia significativo e que, por isso, não precisará das migalhas do Estado. Sabe-se, contudo, que as coisas não são assim tão simples. Podemos deparar-nos com situações em que alguém, mesmo com um vencimento pequeno mas porque sempre fez uma vida regrada, tenha uma conta bancária bem recheada e, em consequência, perca o direito ao abono de família. Enquanto isso, outro ganhando bastante mais mas avesso a poupanças ou especialista na arte de as fazer sumir – das mais diversas formas – continua a beneficiar da protecção da segurança social. 
Claro que qualquer reforma deixará sempre pontas soltas ou buracos por onde alguns poderão passar. No caso presente ainda pior porque não se trata de reformar seja o que for. Pretende-se apenas cortar. O verbo que, a par de encerrar, o governo socialista melhor conjuga.

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