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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Rotos

Kruzes Kanhoto, 31.05.10
Não faço ideia de quantos contentores do lixo são, por ano, destruídos no Concelho. Acredito que sejam muitos. A sua substituição é cara, exige recursos que poucos percebem ser escassos e que podiam ser aplicados noutras áreas – muitas certamente - não fosse a despreocupação com que olhamos para o bem público e a indiferença com que assistimos à destruição daquilo que, também, é nosso.
Mesmo sendo hoje um dia histórico para a malta esquisita, a coisa até meteu almoçarada com o não menos esquisito pseudo-engenheiro, parece-me completamente desnecessário fazer isto aos recipientes destinados à recolha de resíduos sólidos da nossa cidade. Para rotos já chegam esses javardolas que daqui por uns dias se vão poder divorciar.

A contradição já não é o que era

Kruzes Kanhoto, 30.05.10
Na anterior crise o importante era gastar. Criar incentivos às empresas, distribuir generosamente dinheiro pelas famílias mais carenciadas e fomentar o crescimento económico mesmo que isso significasse fazer disparar o deficit para valores estratosféricos. Isso, na altura, era visto como algo de necessário e apresentado até como um acto de boa gestão. Dizia-se, à época, que tinha acabado a era dos economistas e que de então em diante prevaleceria a lógica da política. 
Esta teoria disparatada foi rapidamente seguida por muitas autarquias. De um dia para o outro desatámos a ter notícias de planos anti-crise que iam surgindo um pouco por todo o lado. De resto neste campo as autarquias estavam como peixe na água, porque distribuir de maneira generosa e magnânima o dinheiro dos contribuintes está-lhes na génese. 
De repente – em três semanas, diz o outro pantomineiro – o mundo mudou, a crise também e onde antes se punha dinheiro é agora urgente tirá-lo. Assiste-se agora a idêntico frenesim autárquico, mas de sentido contrário, e são às dúzias as Câmaras a anunciar a tomada de medidas visando a contenção de despesas. De resto não é difícil escolher onde cortar. Ao longo dos anos as autarquias habituaram-se a gastar, investir dizem eles, como se não houve amanhã ou se o dia seguinte fosse de uma radiosa prosperidade. 
É bom que seja este o caminho a seguir. Mais tarde ou mais cedo será inevitável extinguir municípios e freguesias e se os gregos optaram por extinguir os que têm menor número de habitantes – dez mil no caso – nada nos garante que, por cá, alguém não possa ter a ideia de acabar com os mais endividados…

Se "escutados" e "filmados" trabalham todos no mesmo ramo porquê proceder de maneira diferente?!

Kruzes Kanhoto, 27.05.10
Da mesma forma que a divulgação de escutas, ainda que alegadamente reveladoras de potenciais crimes, não é autorizada sendo até punida criminalmente, também a exibição de imagens de um assalto a uma estação do CTT, pelos vários canais televisivos nos seus espaços noticiosos, não devia ter sucedido. Ocorrem-me razões de vária índole para sustentar o que afirmo. A saber:
 - A falta de autorização dos jovens – é assim que agora são conhecidos os meliantes – para a divulgação da sua imagem. Este procedimento, altamente condenável, pode constituir uma violação da sua privacidade e dar azo a que estes interponham uma acção contra quem autorizou a divulgação do filme. De estranhar até que não tenham interposto uma providência cautelar ou, melhor ainda, se tenham apoderado das câmaras antes de abandonar o edifício. Uma coisa assim do tipo acção directa;
 - A relativa facilidade com que o trabalhinho foi feito e o êxito da operação podem suscitar o interesse de outros pacatos cidadãos que, por uma ou outra razão, têm ficado privados dos seus meios de subsistência. Sabe-se que, por enquanto, na actividade dita criminal ainda não existe desemprego, embora a existência de cada vez mais pessoas a procurarem esta carreira possa alterar radicalmente esta realidade;
 - A tentativa de agressão de que foi alvo um dos intervenientes na operação. Como é perfeitamente visível nas imagens foi atirado um objecto que, a atingi-lo, podia ter colocado em causa a sua integridade física. Este mau exemplo, se seguido por futuras vítimas, pode influenciar o actual equilíbrio de forças e vir a condicionar o desempenho dos técnicos de angariação de bens alheios. O que, principalmente numa altura de crise, não é nada bom. Injustamente esta é ainda uma profissão não reconhecida, com poucos direitos laborais e como os profissionais do sector nem sempre cumprem com as suas obrigações com a segurança social, qualquer acidente em serviço é susceptível de causar sérios prejuízos no rendimento mensal obtido pelo técnico atingido.
Temos, felizmente, uma Justiça sensível a estas questões. Estou, por isso, em crer que em breve serão tomadas medidas sérias que evitem a exposição inqualificável dos "jovens" que, abnegadamente, se dedicam a estas causas. E, já agora, que se identifique o patife que atirou o balde, ou lá o que era, na direcção do profissional que, de forma honesta e briosa, fazia o seu trabalho. Coisas destas não podem ficar impunes sob pena de a justiça cair na rua.

A falta de fair-play da paneleiragem

Kruzes Kanhoto, 26.05.10
Não me canso de afirmar que o verdadeiro ataque à liberdade de expressão não vem, como nos últimos anos muitos nos têm feito crer, dos políticos que ocupam os mais variados cargos aos diversos níveis do poder. Nem mesmo José Sócrates, apesar de todas as manigâncias em que é acusado de estar envolvido, conseguiu calar ninguém. Mesmo quando circunstancialmente levou a sua avante e obteve o afastamento de uma ou outra voz mais incómoda, muitas outras se levantaram e as consequências das suas tentativas – a terem existido - revelaram sempre que não é possível silenciar as vozes discordantes nem calar aqueles que se opõem ao poder.
Entendo, já o referi vezes sem conta, que a verdadeira censura que se vive hoje em Portugal tem muito mais a ver com o pensamento politicamente correcto, padronizado por uma esquerda pedante e em muitos casos rabeta, que impede a maioria das pessoas de exprimir livremente a sua opinião sobre assuntos,acerca dos quais está instituído uma linha de pensamento oficial da qual não se pode divergir sem ser vítima de uma adjectivação insultuosa que, já me tem acontecido, apenas se entende o significado com um dicionário por perto.
Veja-se, a este propósito, as reacções da paneleiragem e actividades correlativas ao último trabalho discográfico de Quim Barreiros. Denotando uma falta de fair-play e poder de encaixe – característica que não posso deixar de estranhar nessa malta – os insultos ao cantor não se fizeram esperar. Por mim não aprecio - detesto é capaz de ser mais apropriado - as músicas do dito cantor. Mas detesto ainda mais aqueles que o  criticam, não por o homem cantar mal ou aparentar um estilo a atirar para o javardola mas porque ousa parodiar o casamento gay no seu último trabalho. E, imaginem a ousadia, atreve-se a tratar por paneleiros, larilas ou maricas aquela rapaziada que fez a opção – legitima, evidentemente – de o ser.

Orçamento para lamentar

Kruzes Kanhoto, 25.05.10
Mesmo correndo o risco de ser acusado de populismo, ou de estar a enveredar por um perigoso caminho que é geralmente percorrido por aqueles que atacam a democracia e as suas instituições, não posso deixar de me indignar – poder até podia, mas não quero – com o agravamento dos custos que o país tem suportar com os seus representantes, vulgo deputados, na chamada casa da democracia. Pior ainda quando em simultâneo o restante país está sob fogo cerrado de medidas altamente restritivas que, não raras vezes, raiam o ridículo e visam apenas poupar uns míseros trocos sem significado. 
Não consigo vislumbrar argumentos que justifiquem a absoluta necessidade democrática de pagar subsídios de reintegração, viagens ou de melhorar significativamente as ajudas de custo dos deputados. Nem, sequer, que se gaste uma pequena fortuna a proporcionar-lhes um ambiente de trabalho ainda mais agradável. Podem os apreciadores desta democracia argumentar que tudo isso contribuirá para elevar a qualidade das nossas leis e, por consequência, das nossas vidas e que, no fundo, os beneficiários de todas estas pequenas extravagâncias não são eles, somos nós. Podem, mas é melhor que não o façam perto de quem vai ser espoliado de centenas de euros que, entre outras coisas, vão servir para melhorar a qualidade de vida de um certo surripiador de dispositivos de gravação.

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