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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Pinto da Costa - A falta de memória do velhote gágá

Kruzes Kanhoto, 31.05.09
Pinto da Costa gostava de ter jogado a final da taça de Portugal no Estádio da Luz. Nada mais acertado. Era bonito a final de tão importante competição realizar-se no maior estádio português e que é propriedade do maior clube nacional. A propósito recorde-se este célebre episódio em que aquele fulano quis – e conseguiu – jogar uma final da Taça em casa.
A 1 de Junho de 1983, com Benfica e FC Porto apurados para a Final da Taça de Portugal, após os "encarnados" vencerem o campeonato sai bomba da Assembleia Geral do clube das Antas: Pinto da Costa, com o apoio dos associados, anuncia que o FC Porto não comparecerá na final da Taça a ser disputada no Estádio Nacional, exigindo que a mesma seja disputada no Estádio das Antas. E, Pinto da Costa ainda disparou mais longe: "Vamos a ver se a FPF tem a coragem de nos mandar para a 2ª Divisão, pois é esse o desejo que os move, pois Lisboa quer continuar a colonizar o resto do País". Silva Resende, o presidente da FPF, limitou a sua resposta a um parco "os regulamentos serão religiosamente cumpridos".
A polémica prosseguiu e a 8 de Junho ficou a saber-se que a competição ficava adiada para uma nova data ainda desconhecida. Os jogadores do Benfica e do FC Porto partiam de férias, num dos momentos mais circenses de todos os tempos no futebol português. Fernando Martins, presidente do Benfica, mais tarde, viria a aceitar a final da Taça nas Antas, segundo ele, "em defesa do FC Porto e do prestígio do futebol".
A final ficava marcada para 21 de Agosto de 1983, fazendo-se a vontade de Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto. O Benfica venceu a partida por 1-0, com um excelente golo de Carlos Manuel, num jogo em que ambas as equipas se apresentaram em 4-4-2, com meio campos muito preenchidos e dois avançados - Gomes e Jacques, no FC Porto, Nené e Filipovic, no Benfica.
No final da partida o habitual mau perder de Pedroto, a ver a sua estratégia e de Pinto da Costa sair furada: "O Benfica utilizou o seu poderio para não jogar na data marcada, pois estariam em muito má forma". Fernando Martins preferiu a diplomacia: "Fui eu que decidi que viessemos às Antas em defesa do futebol. A política de amizade entre o Benfica e o FC Porto não vai ser alterada, apesar desta polémica".
Fonte: “Terceiro Anel”

Vai cá uma agitação...

Kruzes Kanhoto, 30.05.09
Como se pode constatar pela imagem, captada hoje numa vila algures no Alentejo, a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu está verdadeiramente emocionante. Diria que transborda de alegria, de entusiasmo e sente-se à distância a convicção com que os apoiantes das candidaturas fazem passar a mensagem dos candidatos.
Do lado dos eleitores o entusiasmo não é menor. Precipitam-se na direcção da comitiva, imploram por uma lembrança – que pode ser um saco plástico, um porta-chaves, um preservativo com a cor do respectivo partido e o sabor do fruto que o simboliza ou um rolo de papel higiénico com a cara do candidato – juram a fidelidade eterna do seu voto e elogiam toda e qualquer acção anteriormente realizada ou declaração proferida ultimamente. Seja ela qual for que, para o caso, não interessa nada.
Claro que há sempre aqueles que só sabem dizer mal. E escrever, também. E há, ainda, os outros. Os que sustentam convictamente que “são todos a mesma merda”, não passam de uma “cambada de chulos” e que o “que eles querem é tacho”. Ora isto não será propriamente dizer bem mas, concordemos, também não é dizer mal. Afinal quantos de nós não repetimos já milhentas vezes uma destas expressões?! Se isto é “negativismo”, “bota-abaixismo” ou outros “ismos” parvos, eu começo a pensar que "eles" estão como o pai do recruta da anedota. “O meu filho é o único com o passo certo…”

Gente séria

Kruzes Kanhoto, 29.05.09
Em tempos cheguei a pensar que, mais tarde ou mais cedo, ia acabar por ficar rico. Não que estivesse disposto a seguir o método de alguns ricaços mais ou menos conhecidos que trabalharam como mouro vinte cinco horas por dia e começaram a vida a carregar botijas ou vender atacadores. Até porque era capaz de ficar cansado nem, mais importante, não gosto de mouros. Mesmo a hipótese de ficar milionário através dos jogos de fortuna e azar nunca se me afigurou como provável porque, apesar de semanalmente investir “algum” nesta área, a esperança de ver engordar a conta bancária por esta via foi-se esfumando ao longo dos muitos anos de sucessivas apostas falhadas.
O processo de enriquecimento protagonizado por uns quantos personagens ultimamente muito em voga parece-me muito mais eficaz e, sobretudo, muito menos cansativo. É tão bom e tão genial que, ao que se diz, nem é preciso fazerem aquilo para que são pagos para, na mesma, lhe pagarem quantias verdadeiramente mirabolantes. Coisa para dez milhões de euros por seis meses de algo a que apenas com muito boa vontade podemos considerar trabalho.
Mas talvez a minha sorte esteja prestes a mudar. Um tal de Mr. Huang, a julgar pelo nome deve ser um gajo tão respeitável como outros que já nos governaram a nós e se governaram a eles, enviou-me hoje um e-mail onde me informava – se bem percebi no meu inglês quase técnico - que tinha 32,300,000.00 de dólares para depositar na minha conta. Para tanto basta que lhe comunique os meus dados pessoais e bancários. Genial. Porque raio não me lembrei disso antes?!

O imposto europeu

Kruzes Kanhoto, 28.05.09
Anda meio mundo a malhar – eu sabia que esta expressão me ia dar jeito – no cabeça de lista do Partido Socialista às europeias por este ter manifestado intenção de, quando ocupar o seu lugar em Bruxelas, propor a criação de um imposto europeu. Ora Vital Moreira anunciou apenas uma inevitabilidade. Daquelas que até chateiam – e esta por maioria de razão – de tão inevitáveis que são. Mais tarde ou mais cedo nós, europeus, teremos de suportar directamente, porque indirectamente já agora o fazemos, seja através de um imposto sobre o consumo ou mais provavelmente sobre o rendimento, os custos de funcionamento das instituições europeias e do esforço de coesão de eventuais novos países membros. Ou da ajuda aos palestinianos. Que, como se sabe, morrem de amores por nós. Alguns, pelo menos.
Um imposto, como decorre do próprio nome, nunca constitui algo que as pessoas encarem com agrado. No entanto se o mesmo incidisse sobre a entrada de mercadorias no espaço europeu poderia eventualmente recolheria alguma simpatia por, de alguma forma, poder constituir um meio de protecção do emprego e do sector produtivo do velho continente. Será contudo impraticável a sua aplicação a curto ou médio prazo. Tal iria ao arrepio de tudo o que tem sido a politica das instituições e governos europeus ao longo das últimas dezenas de anos mas, ou muito me engano, constituirá a longo prazo mais uma das tais inevitabilidades se quisermos que a Europa, tal como a conhecemos, sobreviva. Isto, claro, se alguém estiver interessado nisso.

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