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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Congresso do Partido Socialista

Kruzes Kanhoto, 28.02.09
A acreditar naquilo que garantem os seus apoiantes, Portugal é governado pelo melhor governo da sua história recente e o primeiro-ministro é o mais competente que o país conheceu naquele cargo. Todas as suas medidas são as mais indicadas e oportunas, roçando quase sempre a genialidade, e só uma cambada de burros e ignorantes que não querem abrir mão dos seus privilégios injustificados é que as contestam. Pior. Desarmados perante tamanha sabedoria recorrem a campanhas – invariavelmente negras - para, numa tentativa desesperada e quase sempre falha de argumentos válidos e construtivos, destruir a imagem do engenheiro José.
Não fora a laicidade do partido que o apoia e os tiques supostamente esquerdistas de que por vezes é acometido e não me espantaria que o homem ainda fosse, caso batesse a bota – coisa que, obviamente, não se deseja – proposto para santo.
Ora é por isso que o lema da moção a aprovar no congresso do Partido Socialista – A força da mudança – me causa alguma perplexidade. Se é tudo tão genialmente perfeito na actual governação, mudar o quê e para quê? A menos que ser apenas genial não seja o bastante. Provavelmente pretende-se passar à fase do soberbo. O que, se atentarmos em certas atitudes a que vimos a assistir nos últimos anos, faz todo o sentido.

A minha rua

Kruzes Kanhoto, 27.02.09
Este blogue ganhou parte da pouca notoriedade que tem, muita má fama e alguns inimigos, por causa das postagens que aqui tenho colocado acerca do mau comportamento cívico dos estremocenses donos de cães que permitem aos seus animais cagar na via pública sem que, de seguida, recolham os dejectos que estes vão largando. Recordo que, a este propósito, o KruzesKanhoto foi já citado num órgão autárquico quando um dos seus membros alertava para esta problemática. Muito prestigiozinho, portanto. Embora de merda, convenhamos.
Por isso este tema não podia permanecer por mais tempo longe destas páginas. Até porque, quase diariamente, os canitos das redondezas fazem questão de mo lembrar. Repare-se nesta foto, obtida à minha porta, e onde é possível constatar a profusão de dejectos espalhados pelo passeio. Não que os cachorros tenham especial predilecção pelo passeio fronteiro à minha casa ou os donos, que desconfio nem lêem blogues, os tragam a cagar num local que me incomode. Nada disso. Eles é que cagam em todo o lado e vão contribuindo para nunca falte material para publicar no blogue.

Autárquicas 2009

Kruzes Kanhoto, 27.02.09
Em época eleitoral surgem as mais fantásticas promessas com o intuito de cativar o eleitorado. Principalmente quando se trata de eleições para os órgãos locais. Depois daquela extraordinária promessa do Bloco de Esquerda, que prometia criar um serviço de “táxi pijama”, ou seja, um transporte público que recolhesse os bêbados e os levasse a casa ao fim da noite, ou princípio da manhã conforme o ponto de vista, tenho alguma dificuldade em imaginar o que estará para ser prometido nas autárquicas 2009.
Aguardo com expectativa que alguém se lembre de prometer a construção do primeiro “Centro de Contacto, Acolhimento e Boas-vindas aos Visitantes de Outros Planetas”. É um tipo de infra-estrutura de que o país ainda não está dotado e que representa uma lacuna na prossecução de interacções harmoniosas com habitantes de outras galáxias que partilham connosco este imenso espaço cósmico. Urge, portanto, desenvolver sinergias nesse sentido.
Quando às boas, vindas do nosso próprio planeta, também não serão, certamente, esquecidas. Nunca o são.

Causas fracturantes

Kruzes Kanhoto, 26.02.09
Não deixa de ser curioso que os chamados temas fracturantes surjam em tempos de especiais dificuldades e lançados a debate pelo partido do poder em vez de, contrariamente ao que seria expectável, serem os partidos da oposição mais à esquerda e sem responsabilidade governativa a suscitar este tipo de discussão.
Regionalização, eutanásia e casamento entre pessoas do mesmo sexo são, para já, as questões pretensamente fracturantes, nomeadamente as duas últimas, com que se quer entreter a sociedade. Obviamente parece-me pouco ambicioso. Devia e podia ter-se ido mais longe. Alvitram alguns que discutir a eutanásia dos homossexuais seria uma coisa ligeiramente mais fracturante e que motivaria uma discussão ainda mais acalorada. Mas nem vou por aí. Já ficava satisfeito se em debate estivessem assuntos como a desigualdade fiscal entre contribuintes casados, solteiros ou divorciados, ou a viver em comunhão de facto (ainda que com pessoas de sexos diferentes), com claro prejuízo para os primeiros. Ou, mas se calhar era pedir demais, que se discutisse a descriminação no acesso aos diversos apoios sociais concedidos pelo Estado e onde os trabalhadores por conta de outrem estão claramente em desvantagem em relação a quem trabalha por conta própria.
Evidentemente que os temas que sugiro não suscitariam grandes discussões nem, quase de certeza, mobilizariam os portugueses. Infelizmente para a maioria dos meus concidadãos parece tão aceitável um par de indivíduos meter coisas que não tem em lugares onde não deve, como outros usarem coisas que não devem em desfavor daqueles para quem essas coisas foram criadas.

É malha-los!

Kruzes Kanhoto, 25.02.09
Episódios como a apreensão de exemplares de um livro em Braga ou a proibição judicial da exibição de imagens de mulheres nuas no Carnaval de Torres Vedras, em ambos os casos por supostamente serem atentatórias da moral e bons costumes, não são novidade. Assim de repente e sem fazer um grande esforço de memória, recordo-me quando, em pleno cavaquismo, o então Subsecretário de Estado da Cultura, Sousa Lara, resolveu cortar da lista de concorrentes ao Prémio Literário Europeu o romance de José Saramago “Evangelho segundo Jesus Cristo” porque, segundo ele, a obra atacava princípios que têm a ver com o património religioso dos portugueses.
Igualmente os casos que a comunicação social tem relatado envolvendo a DREN e a sua inenarrável directora ou declarações como as do pigmeu político – na sua própria definição – Santos Silva, também não constituem nada de novo na vida social e politica portuguesa. Sem necessidade de recuar a tempos mais antigos, recordem-se as intenções de um certo general que ponderava a hipótese de meter uns quantos cidadãos numa conhecida praça de touros – e não, não era para assistir a nenhuma tourada – ou da estória do despedimento de um segurança, em serviço num hospital público, que pediu a identificação a um conhecido político quando este pretendia visitar o pai fora do horário estabelecido para as visitas.
Nada disto, acho eu, constitui qualquer drama. Antes pelo contrário. São estas coisas que nos proporcionam a ocasião para os malhar. Porque os autores destas traquinices, além de fazerem figuras de parvo e se cobrirem de um ridículo que os acompanhará até ao fim dos seus dias, também levam. Eles que se habituem.

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