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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

As inquietações do deputado

Kruzes Kanhoto, 03.12.08

O deputado Paulo Pedroso interpelou hoje na Assembleia da Republica o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, acerca dos voos da CIA que transportaram prisioneiros para Guantanamo e que, alegadamente, terão sobrevoado o território nacional.

O deputado do Partido Socialista mostrou-se vivamente interessado nesta questão, apesar da mesma não passar de um pequeno problema e constituir apenas um tema menor da política nacional. Até porque este é mais um daqueles casos em que a verdade dificilmente será apurada e onde ninguém vai ser condenado, mesmo que não seja declarado inocente. Ainda assim ficam-lhe bem estas preocupações. É sempre bonito estar ao lado dos mais desprotegidos e desafortunados. Muito mais bonito que estar por trás. Ou pela frente.

Os seniores

Kruzes Kanhoto, 02.12.08

Tenho fundamentado receio de nunca chegar a ser velho. Não que tencione morrer cedo – antes das vinte e três horas não me dá jeito – ou acredite que a ciência vai descobrir qualquer coisa que me impeça de envelhecer. Nada disso. A mania do politicamente correcto vai encarregar-se de tudo e fazer com que eu daqui por uns anitos seja algo que, por enquanto, nem consigo imaginar.

Vejamos o que me leva a esta conclusão. Quando era miúdo, aos velhos chamava-se isso mesmo. Velhos. Num tratamento cordial podíamos apelidá-los de velhotes ou, mais ternamente, velhinhos e alguém menos educado chamar-lhe-ia, depreciativamente, velhadas.

No pós “vinte cinco do A” a intelectualidade de esquerda achou mal esta designação e, vai daí, passaram a ser a “terceira idade”. Mas como no singular não dava muito jeito desatámos a tratá-los por idosos. Ultimamente é ainda pior. Já não são nem uma coisa nem outra. São conhecidos agora como seniores.

Ora isto suscita algumas questões de carácter linguístico que considero assaz pertinentes. Por exemplo, o que devo dizer em lugar de velhinho? Seniorzinho?! Não me parece. Idosinho soaria ligeiramente melhor, mas demasiado demodé. E depreciativo? Não encontro pior do que veterano. E como se substitui o sempre simpático e afável velhote? Por qualquer coisa impronunciável, certamente… Era nestas coisas que os gajos que andam sempre a inventar estas mariquices deviam pensar antes de se porem com ideias.

Noutra perspectiva e vendo o lado positivo, reconheço algumas vantagens nesta nova semântica. Nomeadamente ao nível do piropo de andaime. Imagine-se um destes dias um trolha, perante uma senhora que apesar da idade mantenha ainda intactas algumas qualidades, a gritar: “Olha-me aquela sénior… toda jeitosa! Ainda fazia uma perninha nos juniores.”

Neve?! Não obrigado.

Kruzes Kanhoto, 01.12.08

Constitui para mim um mistério o que leva pessoas normais e aparentemente na posse de todas as suas faculdades mentais a aventurarem um viagem de dezenas de quilómetros, quando não centenas, em condições atmosféricas adversas e em estradas dificilmente transitáveis, colocando muitas vezes em perigo a sua vida e a dos seus, apenas com o intuito de ver neve. Só porque sim.

Mas isto sou eu a resmungar que ainda não me esqueci quando, em finais de Janeiro de 2006, no regresso de Sines, levei com o último nevão que assolou estas paragens. E ainda menos do “calor” que apanhei no percurso entre Alcácer do Sal e Montemor-o-Novo onde, debaixo de intensa queda de neve, apenas consegui circular porque conduzi todo esse trajecto a trinta a hora atrás de um autocarro, numa estrada que não se sabia onde começava ou acabava a berma e que pouco tempo depois seria encerrada ao trânsito pela GNR durante quase 24 horas.

Apenas quando cheguei à EN-4, onde foi obtida a foto, consegui respirar de alívio. Mas foram precisos largos minutos para recuperar do susto e poder, finalmente, apreciar a paisagem. Por isso neve, para mim não. Só através da janela.

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