Uma espécie de desígnio nacional
Estou comovido. Tanta sensibilidade deixa-me assim. Isto porque o Costa acaba de anunciar, como desígnio nacional, “chegar ao dia 25 de abril de 2024 — quando comemorarmos os 50 anos da revolução – podendo dizer que eliminámos todas as situações de carência habitacional”. Acho bem. A sério. Se eu fosse gajo de lágrima fácil estaria agora a sacar de um lencinho.
Tal como me parece muitíssimo bem que, num momento de rara sagacidade, tenha deixado cair aquela ideia parva e pró-comunoide de aplicar o conceito da reforma agrária às habitações devolutas. Era, de facto, pouco digno de um país democrático.
Desconfio, porém, que se esteja prestes a criar outro problema. Maior, até, do que aquele que se pretende resolver. Aos idosos e deficientes, no caso. Pretende-se agora que os contratos de arrendamento que envolvam estas pessoas sejam renovados automaticamente e se garanta a impossibilidade de despejo. Já estou mesmo a ver os senhorios a franzirem o sobrolho - e a deitarem contas à idade do outro - quando lhes aparecer alguém com alguma idade a pretender arrendar uma casa...