O diabo está nos conceitos
Quando se fala de alegada má gestão no chamado terceiro sector é de bom tom, logo para inicio de conversa, afiançar que não se deve confundir a árvore com a floresta e que poucas serão as instituições que não possuem uma administração a pautar-se pelos mais estritos conceitos de bem gerir. Pois. Será.
É que o problema está precisamente nisso. Nos conceitos. Levar uma família a fazer uma doação – seja em dinheiro ou em espécie – a uma IPSS para que um idoso tenha lugar no lar da terceira idade – coisa que nem sei se acontece – pode, a suceder, ser considerado um excelente acto de gestão. Ou uma Organização Não Governamental, cansada de esperar por refugiados, ir buscá-los directamente aos portos líbios para garantir o apoio governamental por cada cabeça resgatada, também poderá – lá está, a acontecer – constituir uma boa estratégia de negócio.
Há, depois, o descaramento. Ou, como outros preferem, o deslumbramento. Daí que algumas entidades – neste caso em Espanha, mas estas coisas têm tendência a globalizarem-se – promovam campanhas de caça à herança com o alto patrocínio, imagine-se, das Nações Unidas. Que isto convém sempre dar um ar de seriedade à coisa. Por cá também se contam muitas histórias de heranças e de como elas terão, segundo a voz do povo, melhorado a vida de alguns. Ou não, dependendo do conceito.