O IRS do vizinho
Não faço contas à viabilidade das propostas da direita, nomeadamente da Iniciativa Liberal, sobre a redução do IRS. Até porque não as sei fazer. Para quem apresenta a proposta seriam quatro ou cinco mil milhões, para a Esquerda, que está contra tudo o que é redução de impostos, os cofres do Estado deixariam de contar com nove mil milhões caso a proposta fosse implementada. Tudo, obviamente, estimativas. Nem uns nem outros saberão ao certo qual o impacto de uma medida desta natureza. Dependeria sempre do que cada um fizesse com o dinheiro que lhe sobraria no bolso. Se, por exemplo, eu gastasse os meus – suponhamos – cem euros de alivio fiscal em bifes o Estado perderia noventa e quatro euros, mas se optasse por gastá-los em gasolina só perdia quarenta, mais coisa menos coisa em ambos casos. Já se fosse gastar os cem paus ali a Badajoz, aí sim, o Estado perdia tudo.
Seja como for, reduzir o IRS é da mais elementar justiça. O que nos estão a fazer constitui um roubo. De tal forma que a Esquerda já nem recorre à lengalenga habitual do “Estado-social”, da Educação ou do SNS. Prefere apelar ao sentimento de inveja e justificar a sua oposição à redução do imposto sobre o trabalho com a desculpa que quem ganha ordenados milionários é mais beneficiado. Ou seja, prefere prejudicar milhões de trabalhadores para não beneficiar dois ou três mil indivíduos. Não espero, obviamente, que os portugueses entendam o que está em causa e deem o merecido castigo a quem tem estas opções. Metade não paga IRS e, portanto, estes assuntos nada lhes dizem. Da outra metade muitos não sabem sequer ler o recibo de vencimento ou sentem-se confortáveis com o que pagam. É lá com eles. Só me aborrece é que ainda tenham o descaramento de achar que eu é que estou errado. Perdoai-lhes Senhor, que deve ser doença…