As saudades que eu já tenho de uma grandolada...
Ainda me lembro daquele tempo, quando a direita bafienta governou e como consequência disso as trevas se abateram sobre a terra, em que as mulheres tinham a mania de dar à luz em ambulâncias, as criancinhas desmaiavam de fome nas escolas e os adultos nas filas dos centros de emprego, o SNS estava à beira da rotura, os serviços públicos prestes a sucumbir e os transportes incapazes de satisfazer as necessidades da população. Gritámos, então, que queríamos as nossas vidas de volta, criámos comissões de utentes e cantámos a “Grândola”. Felizmente fez-se luz. O céu azul paira sobre as nossas cabeças e pelas narinas entra-nos o fresco aroma do pinho. As comissões de utentes levaram sumiço e as grandoladas passaram à história. O que mudou, entretanto? Nada. Mas fizeram-nos acreditar que sim. Foi o suficiente para nos convencermos que o sol brilhará para todos nós. Já acreditámos nisso em 1975. Com o resultado que se viu.