Reformas ou esquema em pirâmide?
As conversas em torno das reformas baixaram de intensidade. Deve aquela táctica de, perante um assunto manifestamente desagradável, garantir que o caso está encerrado. Nem sequer quando um economista de renome veio, um dia destes, dizer umas coisas acerca da sustentabilidade – ou da falta dela – do sistema de pensões as hostes se agitaram. Tirando um ou outro cão de fila. Daqueles que rosnam a tudo o que, mesmo vagamente, se assemelhe a uma critica à coligação de esquerda.
Não sei se, como afirma o tal senhor, o sistema de pensões é ou não sustentável. Assim de repente, olhando para a demografia, não parece. Por mim olho para aquilo e vejo um esquema em pirâmide. Desses manhosos, em que quem chega primeiro ganha muito dinheiro e os últimos perdem tudo. Com uma diferença, nesses esquemas quando se descobre a tramóia os que perderam, ao menos, sabem que já não vão perder mais. Nisto das pensões não é assim. Nós, os que vamos perder tudo o que descontámos, somos obrigados a continuar a pagar. Mesmo sabendo que dali não levaremos nada e que todo o nosso dinheiro irá parar a outros bolsos. A isto, no meu dicionário, chama-se burla.