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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Pirados

Kruzes Kanhoto, 07.02.23

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Muita gente se indigna por o Estado entregar o cumprimento das suas funções, seja no âmbito da saúde ou outras, aos privados. Não vou estar para aqui a perorar acerca do mérito ou demérito dessa opção. São opções legitimas dos sucessivos governos devidamente estribadas na legislação que ao longo dos anos tem sido produzida. O que até agora, pelo menos que se saiba, nunca terá sido equacionado é a privatização da justiça e da segurança pública. Mas isso, parece, vai mudar. E logo por um governo socialista e de esquerda, pasme-se. Sem que isso constitua motivo para escândalo, estará a ser dada formação a um grupo de activistas, agrupados numa associação de alegada defesa dos animais, para que estes verifiquem as ocorrências e a aplicação da lei no âmbito do bem-estar animal.

Não vou, obviamente, fazer juízo de valor acerca da idoneidade de cada uma dessas criaturas. Mas parece mais do que evidente que daqui podem decorrer situações de elevada perigosidade. Apesar de os membros da associação em causa usarem uma fatiota que facilmente se confunde com as forças policiais, ninguém reconhecerá autoridade a um grupo de indivíduos que insista em entrar quintal dentro para verificar se o canito está ou não acorrentado. Por mim, se quiserem ir ver o alojamento da Senhora Dona Gata estão à vontade. Basta-lhes arranjar um mandato judicial, que isto à vontade não é à vontadinha.

Carcereiros de animais

Kruzes Kanhoto, 05.01.23

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Os amiguinhos dos animais estão a organizar uma manifestação onde, ao que garantem, para além de exaltarem o seu alegado amor pela bicharada pretendem evitar que o Tribunal Constitucional opte por declarar definitivamente a inconstitucionalidade da lei que criminaliza os maus tratos aos animais.

Apesar de perigosa esta gente tem, obviamente, todo o direito a manifestar-se. O problema é que muitas destas criaturas são radicais, evidenciam um comportamento doentio em relação aos bichos e, quase sempre, manifestam desprezo pela vida humana quando em causa está aquilo que acreditam ser a defesa dos interesses dos animais. Que é como quem diz, cães e gatos. E o mais estranho disto é que, na sua imensa maioria, são as mulheres que demonstram um preocupante nível de exagero na militância a favor desta causa.

Os juízes do TC alguma razão terão para duvidar da constitucionalidade da lei. Eles é que estudaram e, acredito, saberão muito mais do assunto do que as malucas e porcazinhas que, por exemplo, percorrem as cidades a espalhar comida de cão e de gato por onde calha. Com as consequências que daí resultam e que só aquelas doidas varridas não reconhecem.

Se calhar convinha, digo eu, que antes fosse definido o conceito de “maus-tratos” e que tipo de bichos e em que circunstância se podem ou não maltratar. É que, parece-me óbvio, ter um cão ou um gato encarcerado uma vida inteira dentro de um apartamento constitui uma forma de maus tratos. Isto para não falar de um pássaro, qual prisioneiro condenado a prisão perpétua, fechado numa gaiola para deleite de um qualquer amiguinho dos animais. Ou deverei dizer carcereiros?

Novos ricos, novas modas.

Kruzes Kanhoto, 15.11.21

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Por acaso não. Tornar-me vegetariano foi coisa que nunca me ocorreu. Já tive, reconheço, muitas ideias parvas, mas equacionar a possibilidade de deixar de comer carne não está entre elas. Isto é mais uma cena que assiste a meninos mimados e a gente que da vida, como diria a minha avó, não sabe o que é peixe-agulha.

Quando leio ou ouço mensagens deste tipo recordo-me sempre de, em criança, apenas comer carne por altura da matança do porco ou frango aos domingos. E outros nem isso. Chegou-me esse tempo em que fui semi-vegetariano à força. Daí que nutra por gentinha desta estirpe um profundo desprezo. Eles que façam a alimentação que quiserem, mas não aborreçam. É que isto fazer opções, mesmo as mais idiotas, é sempre mais fácil de carteira cheia do que de barriga vazia.

Entregues à bicharada

Kruzes Kanhoto, 03.06.21

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As novas gerações de urbano-depressivos, na sua imensa ignorância, pensam que os animais são como eles em pequeninos os viam nos desenhos animados. Só que não é assim. Na vida real eles não falam, não são fofinhos, em grande quantidade constituem uma praga e muitos têm de morrer para que outros continuem a viver.

Depois há também aquela ideia peregrina que o homem – o branco, nomeadamente – invade os habitats da bicharada e que esta, coitada, está em vias de extinção. Por mim, que vivi quase metade da minha vida no campo, não concordo nada. Pelo contrário. O abandono de imensas áreas rurais, hoje completamente despovoadas, deixou todo esse espaço entregue a espécies que antes eram muito mais controladas. Nunca, até há poucos anos, tinha visto ao vivo uma raposa ou um javali. Agora há bicheza dessa que até aborrece. Inclusivamente às portas das zonas urbanas. Com todas as chatices daí decorrentes mas que, obviamente, nada afectam os bichinhos do betão.

O mesmo com a passarada. Agora fazem ninho nas árvores do meu quintal, onde quase lhes chego com as mãos. Coisa impensável lá no monte. Mas, ao que parece, tenho de permitir que me comam as alfaces e as cerejas. Nada que importe aos idiotas que determinaram que não se podem montar armadilhas para caçar animais selvagens. Depois, quando não houver comidinha nos supermercados, queixem-se que têm larica. Ah, espera, nas estufas não entra bicharada. O pior é que essa malta que nem sabe de onde vem a comida, também não gosta de estufas...

Nojo

Kruzes Kanhoto, 09.10.20

Aquela deputada que abandonou o partido pelo qual foi eleita apresentou duas propostas de alteração ao código do trabalho. Ambas as coisas, convenhamos, serão bastante valorizáveis. Abandonar o PAN revela ter ganho algum juízo e apresentar propostas é o que se espera daqueles a quem entregámos o poder de fazer as leis ou alterar as existentes.

Propõe a senhora que os donos de animais de estimação tenham direito a um dia de folga pelo falecimento do bicho e sete em cada ano para acompanhamento e assistência em caso de doença do animal. Nem duvido que a ideia mereça o acolhimento da bicharada restante Assembleia. E muito bem. Aplaudirei de pé tão sábia decisão. Chapeau - é francês, para os menos familiarizados com o franciú - para eles. Só espero que a licença em causa seja por cada animal e, como fará todo o sentido, independentemente da espécie. Se assim não for até já estou a ver a quantidade de gente que se vai manifestar contra a discriminação entre animais. Especismo, ou lá o que é.

A propósito. Não sei se já partilhei aqui no Kruzes a minha preocupação com o estado de saúde das formigas do meu quintal. Tenho notado que andam um bocado pálidas...

Resistir ao saque fiscal

Kruzes Kanhoto, 04.10.20

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A maioria dos portugueses – de entre os que pagam, naturalmente - não tem a mais parva ideia dos impostos a que estão sujeitos nem, sequer, a consciência do rombo – e do roubo – que isso constitui para os seus rendimentos. Alguns, infelizmente não tão poucos quanto isso, têm ainda a sensação que na data em que o fisco devolve o IRS retido em excesso lhes está a ser dada alguma coisa. Uma ignorância que dá muito jeito a quem está no poder e ajuda a não colocar o tema do esbulho triburário de que somos vitimas na ordem do dia. Embora, reconheço, o Trump e outros assuntos como o racismo, a extrema-direita ou cães sejam temas muito mais importantes e muito mais merecedores de atenção do que a nossa carteira...

Apesar dos sucessivos ataques aos contribuintes, ainda é possível minorar ligeiramente os danos do brutal saque fiscal. E esta, agora que estamos a três meses do final do ano, é a altura certa para preparar a defesa. Fazer contas é o segredo. O primeiro passo será revisitar a declaração do ano anterior – disponível no portal da AT – e simular com os dados do ano corrente. Depois tomar decisões. Por exemplo constituir um PPR. Dependendo das circunstâncias, com uma aplicação de três a quatro mil euros pode obter-se uma poupança fiscal entre seiscentos a oitocentos euros por casal. É dinheiro. No bolso do contribuinte, que é o sitio certo para ele estar.

Anjinhos de quatro patas...patudinhos m'ai lindos...donos m'ai porcos!

Kruzes Kanhoto, 11.09.20

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Admiro a cortesia do autor deste recado. Deve ser alguém dotado de uma paciência de santo e de uma educação de fino recorte. Pedir por favor – em dose dupla – e no final ainda deixar um obrigado, não são palavras que um javardo mereça.

A rua onde a mensagem está afixada é o principal acesso a uma das mais afamadas unidades hoteleiras cá da terra. Além do lixo e da sujidade habitual, tem os passeios, como outras, frequentemente decorados com várias bostas de cão. Não é que me incomode com a imagem que os turistas levam de cá. Se calhar na terra deles acontece o mesmo e, provavelmente, alguns também não recolhem o cocó do seu canito. O que me chateia é que passo ali a pé todos os dias e ainda me lesiono por causa dos desvios repentinos de trajectória que sou forçado a fazer para evitar os montes de merda. Os verdadeiros.

Pragas urbanas

Kruzes Kanhoto, 18.08.20

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Nem devia ser necessário o dono do estabelecimento dar-se ao trabalho de escrever este aviso. Bastava bom-senso por parte dos clientes. Senso, apenas, também chegava. Mas não. As pessoas insistem em alimentar a bicharada. E o pior é julgarem que estão a praticar uma acção muito meritória.

Já não basta aos maluquinhos dos animais dar comida a cães e gatos errantes ou distribuir milho aos pombos nas ruas e praças das cidades. Agora é vê-los nas esplanadas, todos ternurentos, a oferecer migalhas e restos das refeições ou do que estiverem a comer, a pombos, pardais ou gaivotas. Sem perceberem o quão estúpidos estão a ser.

A loucura desta gente é de tal ordem que vi em certa ocasião, numa esplanada à beira-rio, um destes indivíduos quase bater num idoso que tentava afastar, agitando a bengala, as gaivotas que cirandavam à volta da sua mesa em busca de comida. E o pior é que malucos destes são cada vez mais. Uma praga, também eles.

Gato morto

Kruzes Kanhoto, 06.11.19

Por falar em bichanos. A gata que vadiava aqui pela zona quinou. Paz à sua alma felina. Jaz há três ou quatro dias, toda esticadinha, num recanto vagamente ajardinado onde, como referi neste post, era alimentada por um comité de amiguinhas dos animais. Local onde também lhe construiram uma casota. O que surpreende – ou talvez não – é que nenhuma delas tenha feito o funeral ao bicho. Já agora faziam a boa acção até ao fim e não deixavam o cadáver para ali a apodrecer.  

Porco no espeto

Kruzes Kanhoto, 31.08.19

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Presumo que esta seja uma imagem capaz de suscitar indignação a umas quantas criaturas. Cada vez em maior número, reconheço. Se há dez anos um, entre os milhares que por aqui passaram, não apreciasse ver o bicho naquele preparo seria gozado e visto como uma aberração. Hoje, provavelmente terão sido umas centenas a achar que aquilo não se faz a um animal e, imagine-se, já achamos normal que eles se indignem. Daqui por dez anos, quase garanto, quem quiser assar um porco terá de o fazer à socapa e daqui por vinte, se alguém se atrever a fazê-lo, corre o sério risco de ser abatido sumariamente. Chamam a isto evolução ou lá o que é.