Prioridade à bola
Diz que a justiça estará a investigar, detalhada e exaustivamente, todos os jogos do Benfica realizados nos últimos cinco anos. Deve ser investigação para manter os nossos justiceiros ocupados durante uns tempos. Mas ainda bem, que isto da bola tem de ser levado a sério. Até porque essa coisa dos três grandes, seja qual for a modalidade, ganharem quase sempre e serem campeões muitas vezes – consecutivamente, com frequência – deixa-me com a pulga atrás da orelha. É estranhíssimo os melhores ganharem sem ser com manhosices, não é?
Entretanto Porto e Sporting reivindicam para si o estatuto de clube mais titulado de Portugal, reclamando, cada um deles, mais de vinte mil títulos conquistados no conjunto das modalidades que praticam. Contenda que, presumo, um dias destes será dirimida na justiça. Que é para causas nobres e determinantes que ela serve. Isto, claro, após investigar se não houve marosca na obtenção de cada uma dessas vitórias. A menos, teoria a não descartar, que o facto de equiparem de verde ou de azul seja motivo mais do que suficiente para a isenção de suspeitas.
Enquanto isso, apenas estão sob a alçada da lei meia-dúzia de políticos. Não há vagar para investigar todos os outros milhares, actuais e passados, que exercem ou exerceram funções executivas na governação central, regional e local. A esmagadora maioria, obviamente, não será corrupta. Mas convinha, digo eu, que todos percebêssemos a razão porque entram para lá pelintras e saem com um património pouco compatível com o vencimento. Respeitem-se, no entanto, as prioridades da Justiça. Se a bola está primeiro, que assim seja.