Presos às dividas
Kruzes Kanhoto, 08.10.12
Lamentava-se, aqui há atrasado,um dirigente de uma associação representativa dos profissionais das forças desegurança da situação, dramática segundo ele, que estaria a ser vivida poralguns dos seus associados e que, alegadamente, colocaria em causa o seu bomdesempenho profissional. Dita assim a coisa podia, de facto, ser preocupante. Temosde concordar que, na maioria das circunstâncias, quando as forças policiais intervêm,o caso, já de si, será um drama. Se a isso acrescer uma história dramática queinfluencie o comportamento do agente, então, o caldo pode mesmo entornar-se.
Mas não. O assunto tãodramatizado pelo tal dirigente não merece especial relevância. Trata-se afinalda dificuldade que alguns polícias e militares da GNR estarão a sentir para pagaras prestações dos créditos que contraíram. Em certos casos, acrescentava ocavalheiro, noventa por cento do vencimento estaria já comprometido e que orestante não dava, sequer, para assegurar as despesas de alimentação.
É verdade que ser autuadopor um agente esfomeado não é das coisas que mais me tranquiliza. Não me pareceé que o assunto assuma o dramatismo que se lhe pretende colocar em cima. As forçasde segurança são, esmagadoramente, compostas por gente competente e que sabeseparar de forma conveniente o trabalho dos assuntos particulares. Não irão porisso ter agora um comportamento diferente de quando, com dinheiro emprestado, iamde férias para destinos exóticos, compravam todo o tipo de novidade tecnológica,trocavam de carro todos os anos ou compraram uma casa toda artilhada e com odobro do tamanho do que necessitavam para albergar o agregado familiar.