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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Esta gente não se cansa de errar?

Kruzes Kanhoto, 03.06.12

A opinião veiculada pormuita gente, alguma com obrigação de saber do que opina, que os primeirosindicadores de retoma do crescimento da economia irão surgir no segundosemestre deste ano - não sei se repararam, mas já estamos em Junho e nicles -sempre me tem deixado ligeiramente confuso. Quase tanto como a tese,normalmente defendida por gente com rendimentos obscenos de tão elevados quesão, segundo a qual os salários terão de sofrer uma redução significativa para,então sim, as coisas começarem a melhorar. Uns e outros, por mais reputadas quesejam as qualificações que ostentam no currículo, parecem-me manifestamente deslocadosda realidade que se vive por cá.
Relativamente aosprimeiros invejo-lhes o optimismo. Apesar da evidente demência das suasprevisões se encontrarem a um nível muito próximo dos meus prognósticos quandoescolho os números do euro milhões. Terão, esforço-me por acreditar,indicadores que lhes garantam que apesar de nos últimos seis meses do ano partesignificativa da população deixar de receber dois meses de ordenado, dasreceitas fiscais irem sofrer o trambolhão resultante desse corte e de, como vemsendo hábito, no regresso de férias muitos trabalhadores encontrarem asempresas encerradas, ainda assim, entraremos numa fase de crescimento. O PaiNatal, o Coelhinho da Páscoa ou até mesmo o Sócrates, não diriam melhor.
Quanto aos segundos, paraalém de lhes desejar saúde de morto, desconfio que acreditam existir em cadaaldeia, vila ou cidade, uma fábrica a produzir coisas destinadas à exportação.Ou, pelo menos, sonham que assim venha a ocorrer. Mas entre isso e o querealmente acontece vai uma distância que nunca percorreremos porque, por maisque corramos atrás desse desígnio, haverá sempre quem chegue primeiro. Esseslunáticos desconhecem que, principalmente no interior, a economia privada sebaseia no pequeno negócio – o café, o cabeleireiro, a boutique e outros de pequenadimensão – sempre dependentes do dinheiro que os moradores da terra tenham nacarteira. E, parece evidente, quanto menos estes tiverem, mais negóciosencerram as portas. O que, mas isto sou eu a especular, me parece difícil deconjugar com as tais oportunidades de que falava o outro parvo.

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