Cofres cheios é péssimo, excedente é óptimo...
Diz que há para aí um excedente, seja lá isso o que for. É, pelo menos, o que todos – de repente toda a gente passou a perceber destes assuntos - andam a garantir vai para uma semana. A mim, que destas coisas de números pouco mais sei do que um barbeiro, a existência do tal excedente deixa-me dividido. Por um lado parece-me uma cena catita. Por outro não consigo deixar de pensar que, em contas públicas, excedente ou folga significam impostos em excesso. Se há dinheiro a mais e não precisam dele para melhorar o SNS ou, vá, pagar a divida, então que o devolvam a quem o tiraram. Usá-lo em favor de grupos reivindicativos mais ou menos rufias, como parece unânime entre a classe política, constitui uma afronta para a generalidade dos que não têm capacidade colectiva de amedrontar o poder.
Já foi há muito tempo e a memória das pessoas é demasiado curta, mas eu ainda sou do tempo em que uma ministra das finanças, na hora de deixar o cargo, se vangloriava de deixar os cofres cheios. Na altura, os mesmos que hoje se entusiasmam com o tal excedente, caíram em cima da coitada e chamaram-lhe tudo menos mãe. Lá está, isto de lavar a cabeça a burros não é para todos...