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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Coisas que, no âmbito do coisar, não coisam nada

Kruzes Kanhoto, 29.05.17

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Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, já dizia um conhecido figurão quando questionado acerca de umas coisas que, alegadamente, teria feito e que nos coisaram a todos. O mesmo se pode dizer acerca dos coisos. Uns servem de alguma coisa e outros para coisa nenhuma. O coiso da imagem, por exemplo. Serve para coisas de jeito. Como ver a bola ou outra coisa qualquer que mereça ser vista. Outros, caros e profusamente distribuídos pelo país inteiro, não se sabe ao certo para que servem. Daí que um coiso possa ser uma coisa útil e outro coiso não passe de uma coisa inútil. Daquelas coisas que apenas servem para fazer sombra. Ou coiso.  

O OIB (Optimismo Interno Bruto) deve estar a crescer perto dos 100% ao dia...

Kruzes Kanhoto, 26.05.17

Na sequência dos meus escritos e de um outro dichote acerca da geringonça, questionam-me, mais vezes do que aquelas que me apetece responder, quanto ao porquê da minha implicância com o governo das esquerdas. Logo eu, acrescentam, que me incluo entre os mais penalizados pelo malvado Coelho. Isto enquanto me recordam que tudo o que é indicador está agora muito melhor.

A parte das melhorias não as discuto. Devem ter razão. Não é que as sinta, mas acredito que existam. Vão ver é como dizia o lider parlamentar do PSD, Luís Montenegro, em 2014: “O país está melhor os portugueses é que ainda não”. Ou, pelo menos, alguns portugueses entre os quais me incluo, ainda não melhoraram nada. Para outros, reconheço, estará melhor. Os reformados, por exemplo. Ou para quem ganha o salário mínimo. Ou para os vencimentos mais altos da função pública. Para todos esses não tenho grandes dúvidas em aceitar que a coisa melhorou. Mas para os restantes, se mal pergunto, onde está a diferença?! E essa coisa dos feriados e das trinta e cinco horas não conta. Já tentei convencer várias meninas das caixas dos supermercados a aceitarem isso como pagamento das compras e elas, vá lá saber-se porquê, olharam-me de esguelha e não aceitaram. Para a próxima pergunto se posso pagar em optimismo. 

Osculações

Kruzes Kanhoto, 25.05.17

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 Fonte da imagem: Reprodução/Chris Sembrot

 

Diz que uma escola secundária está em pé de guerra por causa da reprimenda do conselho directivo a duas alunas que terão sido avistadas a beijarem-se. Não será, digo eu, motivo para tanto. Nem para reprimendas ou, ainda menos, para guerras. Isto cada um – e cada uma, também – beija o que lhe dá na realíssima gana e ninguém tem nada a ver com isso. Além dessa coisa da discriminação, ou lá o que é, que, parece, estará na origem do aquecimento dos ânimos. Assim de repente não estou a ver onde está o mal. Duas gajas na beijoquisse pode ser, admito, um bocado badalhoco. Mas, se quisermos ir por aí, nem sei o que diga de uma gaja e um cão na maior lambideira. Mas disso ninguém reclama. Até acham todos muito engraçado. Menos eu, que acho um nojo.

Haja respeito pelos bombistas!

Kruzes Kanhoto, 24.05.17

Está difícil a vida – e a morte, também - de terrorista. Devem estar que nem podem. Coitados. Por mais que se esforcem raramente as suas acções são reconhecidas atempadamente como resultantes da sua indómita vontade de aterrorizar. São sempre incidentes, ocorrências ou, na melhor das hipóteses, actos tresloucados.

Há, depois, aquilo da fé. Verdade que cada um tem a sua. Eles, com toda a legitimidade, têm a deles. Mas, desgraçados, por mais que insistam em se rebentarem por causa e em nome dela – da fé – outros ainda mais desgraçados esfalfam-se por demonstrar o contrário. Que não, que não têm fé nenhuma e mesmo que tenham não foi nada em nome da dita fé que se fizeram em fanicos. São, portanto, considerados uns mentirosos. Tese que, desconfio, pode ser considerada discriminatória por se tratar de um julgamento preconceituoso contra a classe dos bombistas suicidas.

Pior ainda é o que se segue aos rebentamentos. Não para os rebentados, que esses já foram ter com as virgens, mas para os candidatos a rebentar. Os infelizes têm de aturar os papalvos das flores, das rezas, das velas e dos facebook’s amaricados. Uma chatice. De tal ordem que até os que ainda não foram acometidos da vontade de se explodir ficam mortinhos por o fazer. E costumam fazê-lo.

Acolhimentos

Kruzes Kanhoto, 23.05.17

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Desconheço, até porque só vi de longe, a que espécie de acolhimento se refere a tarja afixada – presumo com a devida autorização municipal – no coreto cá do sítio. Deve ser, calculo, algo que tem a ver com o turismo. Uma maneira simpática de saudar os muitos turistas que nos visitam, provavelmente. O que, diga-se, só nos fica bem. São eles que estão a fazer crescer a nossa economia, a contribuir para a queda do desemprego e, de certa maneira, a tornar-nos um povo mais feliz e optimista. São bem-vindos e merecem o nosso agradecimento. Esses. Quanto aos outros…que saibamos honrar a memória do nosso primeiro rei.

As cerejas da crise (ah, espera...isso já acabou!)

Kruzes Kanhoto, 22.05.17

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A produção da cerejeira cá do quintal foi uma miséria. Uma crise, mesmo. Daquelas a sério. Ou não se resumisse a colheita praticamente a isto. Poucas mais ficaram na árvore. Para piorar o cenário – se é que um cenário tão desolador pode ficar pior – há ainda os melros. Essa ameaça alada que paira sobre as cerejas mal elas começam a apresentar uma cor vagamente parecida com a camisola do Glorioso. São mais que muitos, os patifes dos melros. Que, para a coisa ficar mesmo má, se trata de uma espécie protegida. Vá lá saber-se porquê, se não estão em vias de extinção nem nada. Pelo contrário. Bicharada dessa não falta por aqui. Dessa e doutra. Que, diz, também não se pode matar. Parece que é proibido matar seja o que for que tenha asas. Não fosse isso e já teria feito uma fisga. Isso e as janelas da vizinhança.

O eleitor multiculturalista

Kruzes Kanhoto, 21.05.17

Ciclicamente há quem se lembre de sugerir que a autarquia cá do sitio - Estremoz, no caso -  deve construir casas para albergar os habitantes do resort. Não são, felizmente, muitos os defensores desta ideia. Se quisermos ter a certeza quanto ao seu número nem são necessárias grandes contas. Basta atentar nos resultados eleitorais das forças politicas que se têm candidatado a dirigir os destinos do município. Poucas terão proposto isso aos eleitores e quem o fez, se é que alguém se atreveu, teve o sucesso eleitoral que se conhece.

Confesso, no entanto, que começo a mudar de opinião acerca deste tema. Não me chocaria que, no âmbito de um projecto piloto qualquer, a autarquia realojasse alguns moradores do bairro de barracas. Só para ver como é que a coisa corria. O que não falta por aqui – tal como em todo o interior – são habitações devolutas. Mais que muitas. Daí que não existe necessidade nenhuma de edificar novas construções. Basta aproveitar o que há. Bem que a autarquia, aproveitando o bom momento financeiro que atravessa, podia adquirir umas quantas habitações e instalar lá parte daquela população. Perto, condição sine qua non, daqueles que entendem ser obrigação do município dar uma casinha a essa gente. Seria um projecto com sucesso garantido e capaz de suscitar a admiração por esse mundo fora. Nomeadamente ao nível de integração social e do multi-culturalismo.

As melhoras aos optimistas

Kruzes Kanhoto, 18.05.17

O optimismo, reconheço, é uma coisa boa. Que, igualmente aceito, devia ser praticada em mais ocasiões. Ou regularmente, de preferência. Também concordo que nos últimos dias foram vários os acontecimentos que motivaram uma onda de contentamento – o que, normalmente, anda relacionado com isso do optimismo – entre muitos sectores da população. Por mim fiquei particularmente feliz por mais uma conquista do Glorioso. Quanto às cantigas ou ao padrecas-mor não estou a ver, assim de repente, que outras coisas me podiam ser mais indiferentes. Mas se uns quantos ficaram contentes, então, ainda bem para eles.

Deve ser derivado de todo este clima festivo que os portugueses acreditam que o país, graças à geringonça, está agora muito melhor. Os indicadores que periodicamente vão sendo divulgados parecem dar-lhes razão. Embora em relação a essa cena dos números continue a pensar que os ditos, quando torturados, dizem sempre aquilo que nós queremos que eles digam. Mas, dizia, ainda bem que os portugueses estão contentes e confiantes quanto ao futuro. Sinal disso é que voltaram a esturrar tudo o que têm e, também o que não têm.

Não é que queira ser do contra, mas não consigo partilhar desse entusiasmo. Hoje, desconfiado que se me está a escapar qualquer coisa por não perceber onde estão tantas melhorias, fui comparar o último recibo de vencimento com o de Maio de 2011. As minhas suspeitas confirmaram-se. Recebo bastante menos agora do que recebia nessa altura. Mas, se calhar, só me acontece a mim. Admito que não sei fazer contas daquelas complicadas e que a minha formação académica – no caso a falta dela – não me permite ombrear com os génios das ciências politicas, económicas, financeiras e outras que por aí pululam, mas, garanto, comparar dois valores em euros e descobrir qual é o menor, isso sei fazer. 

A ditadura da fatiota

Kruzes Kanhoto, 15.05.17

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Um idiota qualquer lembrou-se hoje de opinar acerca da indumentária que as mulheres devem usar em contexto de trabalho. Obviamente que lhe caiu tudo em cima. Bem feita. Ninguém lhe manda andar a despejar alarvidades. É, pois, com normalidade que se assiste por esta altura à ridicularização do individuo em causa. Ninguém parece demonstrar a mínima compressão para com a criatura. Ou, já agora, tolerância que é uma coisa a que se apela com frequência. Mas, lá está, o tipo merece.

Curiosamente outra ideia igualmente repugnante, dada a conhecer ao mundo por estes dias, provocou muito menos reacções de desagrado. Pelo contrário. Suscitou até uma certa benevolência para com a proponente da iniciativa. Trata-se de uma fulana que se lembrou de promover um desafio para que as mulheres ocidentais usem o hijab durante quinze minutos. Diz, coitada, que se sente mal com os olhares de escárnio e piadolas que lhe dizem. Coisa que, acho eu, a senhora resolveria facilmente. Bastava tirar o trapo que lhe cobre a cabeça. Ou, para aquilo do multiculturalismo ser levado a sério, sugerir quinze minutos de mini-saia em Riade.

Pode sempre argumentar-se que não são situações comparáveis. Pois não são. O português pateta que largou aquele disparate representa o passado. É motivo de chacota, soltamos hoje umas gargalhadas à conta dele e amanhã já ninguém se lembra de tamanha parvoíce. A gaja que quer pôr as mulheres a usar o véu islâmico representa o futuro. Aquele que, seguramente, irá acontecerá num tempo não tão distante quanto isso. Daí que a maioria de nós prefira assobiar para o lado, encarar o assunto com alguma bonomia e fingir que o problema não existe. Não vá o diabo – ou o equivalente islâmico – tecê-las.



 

Remate kruzado

Kruzes Kanhoto, 14.05.17

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Para uns o Benfica só foi melhor por ter sido o campeão. Para outros foi o melhor e por isso foi campeão. Por mim estou-me nas tintas. Até porque em qualquer das opções constam as palavras melhor e campeão. Se os adversários não querem reconhecer o mérito, problema deles. O mundo benfiquista convive bem com isso. E, de certa forma, até agradece. Enquanto estiverem entretidos a falar do Glorioso não pensam em resolver os problemas deles. O que, convenhamos, é óptimo. Diz que agora vão formalizar aquilo que já se sabe existir na prática. Uma espécie de geringonça futebolística. O que será, seguramente, uma coisa divertida de ver. Um deles vai ser comido de cebolada, contribuindo assim para o crescimento do outro. E, como não são as galinhas que comem as raposas, não parece difícil adivinhar qual é que vai servir de repasto. Mas isso é lá com eles. A nós, aos adeptos do maior clube do mundo, não nos interessa. Diverte-nos, apenas.

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