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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Uma questão gastronómica

Kruzes Kanhoto, 30.09.16

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“Comia-te toda” terá sido o piropo que motivou a ira de uma cidadã ao ponto de levar o caso à justiça. Que, numa atitude ajuizada de quem assim decidiu, entendeu não haver na manifestação daquela intenção qualquer indício de crime. Apenas má educação, concluiu o meritíssimo juiz que analisou o caso.

De facto o autor do piropo não dará grande uso às boas maneiras. Nem à gentileza. Atrever-me-ia, até, a dizer que a criatura nasceu num dia em que a educação gozava férias. Podia, em lugar daquela grosseria, ter declarado perante a senhora a vontade de a degustar integralmente. Teria sido mais simpático. Ou mesmo de a depenicar, vá. Mas não. Quis ser garganeiro. O que, quando muito, pode configurar aquilo do pecado da gula.

E é nisto que se entretêm as instituições e os servidores do Estado. Desde os deputados que propuseram e aprovaram esta lei aberrante aos magistrados que a têm de apreciar. Passando pelos incontáveis intervenientes que um processo desta natureza envolve. Depois admiram-se que se diga que existem funcionários públicos em excesso...

 

Imposto triplamente estúpido

Kruzes Kanhoto, 29.09.16

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 A ideia de taxar um imóvel já é, só por si, suficientemente parva. Taxa-lo a triplicar, apenas por estar devoluto, é uma burrice enorme própria de criaturas mentalmente indigentes. O coitado está ali – imóvel, como o nome indica – sem fazer mal a ninguém e sem que a sua presença provoque qualquer despesa ao erário público mas, ainda assim, quem o detenha é obrigado a pagar um dos impostos mais estúpidos do mundo. A multiplicar por três, se tiver o azar de o ter desocupado. E as autarquias, beneficiárias destas receitas, vão fazer o quê com este dinheiro? O que sempre fizeram, claro. Coisas. Daquelas que todos conhecemos o resultado, nomeadamente.

Velhos que abafam a palhinha.

Kruzes Kanhoto, 28.09.16

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Uma iniciativa da Câmara, da Santa Casa, das duas ao mesmo tempo ou sei lá de quem, terá andado a contar os velhotes larilas que habitam em Lisboa. Ou a fazer algo parecido. A ideia será ajudar os idosos homossexuais a “sair do armário”. Não sei se a história será bem assim mas, lido na diagonal, foi o que me pareceu. Se for, trata-se de algo merecedor do maior aplauso. Ser gay é fino. Está na moda. Há, portanto, que não marginalizar os idosos e proporcionar-lhes uma coisa toda modernaça. Própria de gente culta, urbana e civilizada. Fazer ver aos velhinhos e velhinhas aquilo que andaram a perder quando, feitos parvos, encostavam a calça à saia em lugar de juntar os coletes. Mostrar-lhes o caminho. A luz. O futuro, em suma. Demonstrar-lhes o quanto estavam errados quando seguiram aquele conselho do “ide e multiplicai-vos” e as consequências nefastas que tão tresloucado acto produziu. A começar, provavelmente, pelos mentores de tão importante estudo.

Investimento eleitoral

Kruzes Kanhoto, 26.09.16

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Câmaras e freguesias que pagam passeatas, almoços, lanches, jantares, viagens de avião e outras liberalidades aos seus eleitores mais idosos já não merecem qualquer destaque, de tão corriqueira que se tornou a compra de votos através dessa estratégia.

Dar coisas a cidadãos alegadamente carenciados – ou apenas por pertencerem a uma etnia – também já não constitui nenhuma espécie de novidade. Acontece a toda a hora em todo o lado. Dar emprego, na Câmara ou na junta, a quem durante a campanha eleitoral – ou até mesmo fora dela – se prontifica a segurar o pau (da bandeira, claro) é encarado de forma tão natural que todos estranharíamos se assim não acontecesse.

Daí não surpreender – e até parecer justo – que com o dinheiro dos impostos se paguem igualmente as festarolas da malta nova. Deve ter sido isso que pensou o autarca de Gaia, que resolveu pagar o jantar aos finalistas do ensino secundário lá da terra. Se calhar é a aplicação daquele principio do “ou há moralidade ou comem todos”... 

Da serie ainda bem que acabou a austeridade (IV)

Kruzes Kanhoto, 25.09.16

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Estou, reconheço com humildade, visivelmente impressionado com a geringonça. Estava – e dou, por isso, a mão à palmatória – equivocado acerca da capacidade da aliança esquerdista para governar o país. Tudo mudou, para muito melhor, nos últimos meses. No Inverno, ao contrário do que acontecia antes, os velhinhos não morreram de frio. Nem no Verão, apesar do calor sufocante, caíram que nem tordos ao invés do que acontecia no tempo do outro ministro da saúde. E as criancinhas? Quando governava a direita chegavam esfaimadas às escolas e até as autarquias tiveram de fazer um esforço suplementar para, no período de férias, manterem as cantinas abertas. Desde que temos geringonça já nada disso acontece. Estão gordas e luzidias. Tão bem alimentadas que o problema é apenas não gostarem de sopa e manifestarem alguma relutância em comer a fruta.

O rol de melhorias é imenso. A prova disso é a ausência de greves, manifestações e outros sinais de desagrado por parte de sindicatos e movimentos reivindicativos diversos. Estamos no bom caminho, dizem eles. Era, pelo menos, o que garantia o sindicalista que, trajado de calções e xanatos, irrompeu pelo meu local de trabalho um destes dias a distribuir propaganda. Vai boa a vida, portanto. 

Gaja tatuada

Kruzes Kanhoto, 24.09.16

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Não gosto de tatuagens. Sejam elas de que tipo forem. Acho uma parvoíce e nada acrescentam à beleza ou subtraem à fealdade de quem se tatua. Mas o que a foto mostra vai para além disso. Entra, parece-me, no domínio da mutilação. Só um motivo muito forte – ou uma autoestima muito fraca - podem justificar a opção de mandar fazer esta pintura, absolutamente horrível, nos costados. É lá com a criatura, dirão. Com certeza que sim. Mas que é macabra, isso salta à vista.

Deve ser uma exposição, ou isso...

Kruzes Kanhoto, 23.09.16

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Esta poia, de proporções épicas, constitui quase uma obra de arte a que o meu mau jeito para a fotografia não faz a merecida justiça. Ao longo dos últimos dias, embora cada vez mais reduzido por estar exposto aos elementos, tem sido possível apreciar este monte de merda de cão numa rua da cidade. Que, miraculosamente, ainda ninguém a pisou. Só é pena não se tratar de um exemplar único. Uma peça rara, digamos. Nada disso. Não faltam por aí outras réplicas igualmente sublimes. Obrigado javardões. Sem vocês as nossas ruas não seriam a mesma coisa.

Corta, corta!

Kruzes Kanhoto, 22.09.16

O FMI quer, ao que parece, que o governo volte a cortar os vencimentos da função pública. Novecentos milhões, consta. O que, presumo, deve ser dinheiro como o caraças. Por mim, e ao contrário das indignações que já li, acho muito bem. Por várias razões. Umas escuso das enumerar. Não me apetece. Outras são por de mais óbvias. Que se cortem, pois, os vencimentos dos funcionários públicos. Talvez assim se arranje margem para acolher no Orçamento, a baixa do IVA na restauração, o aumento das reformas, das prestações sociais, dos livros grátis, dos bónus aos militares e policias, da contrapartida nacional no Portugal 2020, dos desvarios que aí vêm para garantir a reeleição nas autárquicas, do aumento do salário mínimo e do IAS e das milhentas outras ideias que brotam dos cérebros da geringonça...

Da série ainda bem que acabou a austeridade (III)

Kruzes Kanhoto, 21.09.16

Talvez levados pelo entusiasmo – não confundir com populismo, que isso é coisa exclusiva dos gajos da direita – uns quantos deputados e apoiantes da maioria governativa, garantiam que o novo imposto permitiria reduzir o irs da classe média, aumentar as reformas dos velhinhos mais pobres e fazer crescer as prestações sociais dos mais desfavorecidos. Hoje parece que apenas vai contribuir para aumentar as reformas. Generosidade que, diz a mentora deste novo tributo, custará aos cofres públicos duzentos milhões de euros. Isto que dizer que, face aos números apresentados, cada um dos tais oito mil ricaços pagará, em média, vinte cinco mil euros de imposto por ano. Não é que isso me incomode. Podiam, até, pagar mais que não me causava grande aborrecimento. Mas, o que é que querem, não acredito. Nem no montante a pagar por cada um nem, ainda menos, no número de pagantes.

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