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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Música celestial. Ou municipal, sei lá.

Kruzes Kanhoto, 31.01.15
A música é uma coisa importante. A felicidade também. E os autarcas, como sabemos, gostam de ver os seus eleitores felizes. Daí que uma autarquia gastadora e visivelmente empenhada em aumentar o nível de satisfação dos munícipes tenha decidido criar uma academia de música. Daquelas à séria, com professores e tudo. Pagos, como seria de esperar, com o dinheiro dos contribuintes.
Pode, assim ao primeiro olhar, nem ser a pior maneira de esturrar o graveto que nos sai das algibeiras. Qualquer um se lembrará, sem grande esforço, de outras quinhentas e vinte e duas formas bem piores. A questão nem é essa. É, antes, o poder politico a imiscuir-se naquilo que não lhe diz respeito. A intrometer-se nas competências da sociedade civil e a espalhar os seus tentáculos por áreas das quais se devia afastar. Por muitas razões. A começar pela transparência e independência de que estas actividades deviam gozar face à politica.

Vá, expliquem-lhes lá isso de não pagar a divida...

Kruzes Kanhoto, 29.01.15
Nos últimos dias muitos têm sido os capitalistas nojentos – disfarçados de cidadão comum e reformado na maioria dos casos – que se dirigem aos balcões dos correios para comprar divida do Estado. Tratantes e patifes, também conhecidos por mercados. Gananciosos da pior espécie, diria. Uns malandros especuladores que sacam os recursos do país e com os quais urge correr.
Teria tido piada ouvir a opinião dos defensores do não pagamento da divida, da sua renegociação ou, até mesmo, dos mais moderados que defendem somente que não se paguem os juros. A sério. Gostava de os ouvir explicar aos velhotes que ali aplicaram as poupanças de uma vida de trabalho e, de uma maneira geral, a todos os que viram no produto financeiro em causa uma forma de rentabilizar as suas economias, as vantagens de não verem o seu dinheiro de volta. Era capaz de ser hilariante.    

Mas isso sou eu que não acredito em bruxas...tenho é tendência, perante alguns fenómenos mais inexplicáveis, a acreditar em bruxedos!

Kruzes Kanhoto, 27.01.15
Vai por aí uma estranha indignação por causa das reportagens do jornalista da RTP que fez a cobertura das eleições gregas. Os Charlies de pacotilha, a esquerdalha em geral e os muitos amiguinhos que, de repente, os gregos granjearam por cá, ficaram ofendidos com o conteúdo do trabalho jornalístico que foi emitido. Não gostaram, pelos vistos, de saber que os gregos elaboram os mais sofisticados estratagemas para escapar aos impostos, fazem falcatruas para receber subsídios e que subornam ou aceitam subornos sempre que precisam ou podem. Noticias que os nossos sensíveis ouvidos, habituados à linguagem politicamente corrente dominante, não estavam preparados para ouvir.
Dizer que os políticos são todos corruptos e com práticas manhosas é coisa mais ou menos valorizável ou que, pelo menos, se tolera. Nomeadamente se os políticos forem de direita, já que os de esquerda, por um qualquer toque divino, estão todos envoltos num manto de pureza que os mantém afastados dessas tentações. Já sugerir que o povo que os elege e, no fundo, de onde eles saem é igualmente dado às mesmas práticas constituiu uma espécie de blasfémia difícil de engolir.
Não sei se tudo o que foi reportado pelo jornalista de serviço corresponde ou não à verdade. Não me custa nada admitir que sim. Até porque, salvaguardando algumas diferenças, as coisas por cá talvez não sejam assim tão diferentes.  Quiçá sejam apenas um pouco menos “democráticas”. Ou, porventura, mais discretas. 

Unidos pelo pote

Kruzes Kanhoto, 26.01.15
Tinha artilhado um post onde apelava ao esclarecimento dos motivos que levam tanta gente a exultar com a vitória de uma coligação de extrema-esquerda, confessa admiradora de assassinos vários e ditadores sanguinários diversos, enquanto meia dúzia de votos em partidos da extrema-direita motivam reacções aparentadas com a histeria.
Tempo perdido, vejo agora. É que, afinal, os extremistas de direita e esquerda coligaram-se. Deve ser o cheiro do poder a unir as suas convicções. Aguardo com expectativa os tempos que se seguem. Mas, ainda que os meus dotes adivinhatórios não sejam nada de especial, já estou a imaginar as - até agora - mais improváveis coligações a governar por essa Europa fora. E, também, por cá. Um governo liderado por Paulo Portas e Catarina Martins afigura-se-me como algo perfeitamente normal...

Crise?! Sabem lá eles o que é isso!

Kruzes Kanhoto, 25.01.15
Pouco me importa como cada um gasta o que tem ou o que não tem. Tanto me faz que o esturre em pastéis de nata ou, simplesmente, limpe o cú às notas. Agora o que me desagrada é a lamuria, o queixume e a pieguice. O constante lamento da crise, da austeridade, da carga fiscal e do camandro. Isto, naturalmente, quando vindo de pessoas cujo comportamento evidencia tudo menos viverem dificuldades de ordem financeira.
É o caso das larguíssimas centenas de milhares de pais – e de avós, provavelmente, que nestas coisas gostam sempre de dar uma ajudinha - que despenderam algumas centenas de euros para proporcionar às suas crias a ida a um espectáculo musical por estes dias realizado em Lisboa. Folgo que tenham disponibilidade para o fazer. Ainda bem. É lá com eles e, reitero, nada tenho a ver com isso. Mas, porra, calem-se com isso de estarem a ser roubados, que não aguentam mais austeridade e que não têm nada de vos ir ao ordenado ou às reformas para pagar a crise. Calem-se não vá, como dizia a minha avó, Deus castigá-los. Seja ele – o Deus – qual for.

O turismo como desígnio nacional

Kruzes Kanhoto, 24.01.15
Somos um país vocacionado para o turismo. Temos sol, praia, gastronomia e paisagens fantásticas. Há, também, outros segmentos que mais recentemente começámos a explorar como o turismo religioso, o enoturismo ou o surf. O futuro será seguramente melhor se todos estes campos, e outros que entretanto surgirem, forem explorados com inteligência e imaginação de forma a trazer até nós charters de turistas. Endinheirados, de preferência.
Não menos importante será apostar no mercado interno. Aqui a inteligência e a imaginação terão de ser ainda muito maiores. Haverá, até, de recorrer à esperteza. Que, como se sabe, tem pouco a ver com as qualidades antes enunciadas. Mas, reitero, a tudo se deve recorrer para reforçar a aposta turística e dinamizar a economia.
Nesta vertente Câmaras e Freguesias já fazem o que podem – e às vezes o que não podem, mas isso é outra história – levando os seus munícipes ao “Preço certo”, a Fátima e, de uma maneira geral, a passear por esse país fora. É, por assim dizer, o turismo eleitoral.
Com a prisão de Sócrates abriu-se uma nova janela de oportunidades para o sector turístico. O turismo prisional. Depois de muitos já o terem feito de forma individual, vai amanhã realizar-se a primeira excursão organizada à cadeia onde se encontra engaiolado o antigo primeiro ministro. Para já serão mais de cem os excursionistas que rumarão a Évora. Mas isto é só o principio. Trata-se de um segmento que poderá crescer a um ritmo de fazer inveja a qualquer país emergente. Potenciais novas atracções, alegadamente, não faltam.


Eh pá, tratem-se...

Kruzes Kanhoto, 22.01.15
O Fuçasbook é um “lugar” estranho. Assim tipo uma parede de casa de banho pública onde cada um escreve as parvoíces que quer. Sobejam, entre outras coisas igualmente parvas, as sugestões de partilha das causas mais ou menos idiotas. Uma delas é a sugestão da criação de hospitais veterinários públicos. Isto é, pagos com o dinheiro dos portugueses que pagam impostos. O mesmo dinheiro que, recordem-se as recentes noticias sobre o assunto, não existe para tratar convenientemente as pessoas.
Percebo que os donos do cães – ou de outros bicharocos – prezem o bem-estar dos seus animais nem me surpreende que muitos tenham dificuldade em suportar os custos associados ao tratamento das suas maleitas. Não devem é sugerir que sejamos todos a pagar. Tratem, por exemplo, de fazer um seguro de saúde para a bicharada lá de casa. Ou, caso não encontrem seguradora disposta a fazê-lo, peçam ao veterinário para passar a receita em nome de outro membro do agregado familiar. Abate no IRS e, com sorte, ainda ganham um carro das finanças.

Somos todos Syriza...

Kruzes Kanhoto, 21.01.15
A expectativa da vitória do Syriza nas eleições gregas está a deixar muita gente entusiasmada. Até a mim essa quase certeza me deixa à beira da euforia. Não tanto como Marine Le Pen ou Mário Soares, é verdade, mas o meu nível de entusiasmo não deve andar longe dos evidenciados por essas duas figuras que, afinal, terão mais em comum do que aquilo que suspeitávamos. Pensávamos que, ambos, teriam um qualquer problema na área do raciocínio lógico e da coerência de ideias. Mas não. A coisa é, pelos vistos, muito pior. 
Para mim a vitória dos esquerdistas radicais gregos agrada-me por ir provar uma de duas coisas. Ou corre tudo mal e ficamos, de uma vez, vacinados contra as teses da esquerda ou, pelo contrário, o programa resulta e temos ali um exemplo a seguir. Cá e por toda a Europa.
Só uma coisa me apoquenta. Diz que os gajos do tal Syriza não querem pagar a divida e, ao que parece, o Estado português está entre os credores. Mais mil milhões de euros que poderão nunca mais voltar. Assim como um ou dois bancos nacionais o serão também e de uma quantia igualmente simpática. Ora se eles não pagarem desconfio que, por cá, alguém vai ter de calafetar o rombo que o calote provocará nas nossas contas. E, assim de repente e sem vir a propósito, ocorre-me que esse valor corresponde, aproximadamente, à despesa com o subsidio de natal da função pública... 

Costa, por que não te calas?!

Kruzes Kanhoto, 19.01.15
Se bem que a mudança de governo – dada, há muito, como certa - pouco vá alterar a vida dos portugueses, começo a duvidar que venha realmente a acontecer. O PS não dispara nas intenções de voto, o distanciamento da direcção em relação Sócrates se foi o mais sensato também foi o pior para a mobilização dos socialistas e, por último, de cada vez que António Costa fala a coisa não parece melhorar.
Agora deu-lhe para repescar o tema da regionalização. Que, recorde-se, foi rejeitado em refendo já lá vão uns anitos. É, poucos são os que não vêem, a pior altura para relançar o tema. Para além das escassas vantagens que tal processo traria parece-me que ainda menos seriam os que estariam na disposição de a pagar. Sim, por que regionalizar iria sair-nos muito, mas mesmo muito caro. E, ao contrário do que afirmam os seus defensores, as poupanças existiriam somente no domínio da fantasia.
Regionalizar significa criar mais um enorme número de lugares políticos, de assessoria e de administração. Será um alagar do campo de acção de interesses que todos, uns mais que outros, conhecemos ou, pelo menos, suspeitamos. Daí que, acredito, seja uma medida que desagrada à imensa maioria dos eleitores. Mais um tiro no pé, portanto. 

Recuso-me a debater a liberdade...

Kruzes Kanhoto, 18.01.15
Assim de repente não me ocorre motivo nenhum para aceitar sequer como racional que uns quantos sujeitos, daqueles que moram três dias para lá do sol posto, queiram decidir acerca do que posso, ou não, fazer ou dizer no meu país. Seria mais ou menos a mesma coisa que concordar que um habitante do resort do outro lado da cidade teria legitimidade para decidir o que devo ou não plantar no meu quintal.
O pior é que já conseguiram pôr as sociedade ocidentais a debater os limites da liberdade de expressão. Um conceito, ironicamente, desconhecido para a maioria deles. E nós, cobardes, aceitamos. Tal como aceitámos, em nome de um multi-culturalismo bacoco e de uma tolerância pedante, que as gajas deles se passeiem mascaradas pelas nossas cidades como se fosse Carnaval o ano inteiro. Pior ainda. Para não ferir a susceptibilidade de gente tão sensível retirámos os crucifixos das escolas, a carne de porco das cantinas, os três porquinhos das histórias infantis e os presépios de espaços públicos.
Um destes dias aceitaremos também a tal lei da blasfémia. Fazer piadas sobre amigos imaginários de outras pessoas passará, então, a constituir um crime. Outras cedências se seguirão. Acabar com os cães, os paneleiros e a mini-saia serão, seguramente, as seguintes.



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