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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Pérolas a porcos

Kruzes Kanhoto, 30.01.13

Num momentoparticularmente difícil é absolutamente assombroso e constitui para mim ummistério, para o qual não encontro explicação racional, que umas quantaspessoas – muito mais do que é suposto ser o número natural de malucos – sepreocupem com assuntos sem importância nenhuma e que no campo das ralações deveriamestar, numa escala de zero a cem, no lugar cento e cinquenta.
Vem isto a propósito desucessivas ondas de indignação causadas por assuntos menores normalmenteenvolvendo animais. Primeiro contra a decisão de abater o cão que matou umacriança. A causa motivou um apreciável número de palermas, meteu as habituaispetições e envolveu até figuras públicas na discussão quanto à necessidade depreservar a vida do bicho. Depois, serenada a anterior, uma nova polémicasurgiu motivada por um vídeo onde é possível vislumbrar um militar da GNR a pontapearum porco que teimava em não abandonar o asfalto, na sequência do tombo docamião onde era transportado. Agressão que deixou à beira de um ataque denervos os sensíveis frequentadores do facebook, que não tardaram a espalharpelos seus amiguinhos  as imagens dabrutalidade policial.
Está tudo parvo. Só pode.Esta gentalha parece não ter mais nada com que se preocupar. Podiam, digo eu,horrorizar-se com coisas um bocadinho mais importantes. Assim, sei lá, aausência de paz no mundo, as criancinhas com fome, a extinção do lince naMalcata ou outra causa igualmente nobre. Como a crise do Sporting, por exemplo.Sim, porque convém não elevar muito a expectativas quanto ao nível de problemasque podem interessar a esse pessoal. E depois ainda criticam a jove da mala channel… É pá vão-se mazécatar, ou o camandro!

Quem foi ao mar... perdeu o lugar!

Kruzes Kanhoto, 29.01.13

Tal como muitas outraslocalidades também Évora foi afectada pelo mau tempo que recentemente se fezsentir. Entre as vítimas do temporal está a estátua do navegador Vasco da Gama,abalroada e atirada ao chão por uma árvore de grande porte que não aguentou aforte ventania.
Provavelmente incomodadocom a demora no regresso do herói dos descobrimentos ao seu pedestal, um munícipemais impaciente tratou de arranjar um substituto. O Vasco. Um canito de louçaque esta manhã ocupava o lugar do celebre marujo. Podia, digo eu que não sou deintrigas, ter colocado ali um Obama. Cão de água português, para quem nãoperceba a tentativa de piadola, Sempre estava mais de acordo com a temática que o monumentopretende homenagear. 

Estacionamento tuga

Kruzes Kanhoto, 27.01.13

O largo da República foi, em tempos, um dos locaismais policiados de Estremoz. Quiçá do país. Um ou dois agentes da PSP, às vezesaté mais, passavam por ali o dia inteiro para irritação de comerciantes eautomobilistas. Situações como esta eram, portanto, quase impensáveis. Hoje nãoé assim. Seja pela crise, a escassez de efectivos ou outro motivo qualquer, jánão se vêem polícias naquele local. Nem noutro, agora que penso no assunto.Deve ser por isso que o proprietário desta bomba se sentiu à vontade paraestacionar na passadeira, em contra-mão e em cima do passeio.  Secalhar foi só comprar qualquer coisinha que não conseguia carregar até aoRossio…

Tropa não!

Kruzes Kanhoto, 26.01.13

Foi o governo decoligação PSD/CDS, com Paulo Portas em ministro da defesa – e de mais umaquantidade de coisas – que o serviço militar obrigatório acabou. Tarde,demasiado tarde, diga-se. Já à época não se justificava a quantidadeabsolutamente parva de gente que era mobilizada. Para nada. A não ser, talvez,justificar um imenso batalhão de empregos bem pagos e generosos em mordomias. Daíque me pareça assombroso que sejam os mesmos protagonistas a ressuscitá-lo. Seriade um nível de coerência fantástico até para quem se dedica à política. Que,como se sabe, são pessoas que mantêm com ela – a coerência – uma relação praticamenteinconciliável.
Passei lá dezasseis mesesda minha vida de que não guardo saudade nenhuma. Foi um tempo absolutamentedesaproveitado, em que não fiz nada de útil nem à sociedade nem a mim próprio.Até mesmo o argumento que mais ouço “ah e tal, fazem-se amizades e isso” nãocolhe.  Isto porque nunca podemos saberas amizades que se deixaram de estabelecer pelo facto de estar na tropa e não afazer outra coisa qualquer. A trabalhar, por exemplo, como era o meu caso. Oque, para além de outros aspectos não menos relevantes, me fez perder oordenado no quase ano e meio em que fui forçado a ir brincar aos soldadinhos.
Repugna-me, por tudo issoe muito mais, a ideia – que espero não passe disso mesmo – de regresso do serviçomilitar obrigatório. Para o diabo que os carregue. Que vão para a puta que ospariu. Se não têm dinheiro para sustentar as forças armadas, nos moldes em queestão, então que as privatizem. Ou contratem a Prossegur. Ou o raio que osparta. Ou façam uma gestão racional. Talvez deixar de mandar pessoas para areforma – reserva, como lhe chamam - aos quarenta e poucos anos não fosse máideia. E fechar quartéis também não.
Se a idiotice de retornarao SMO – muito do agrado da esquerda, convém recordar – for por diante, acabará,muito provavelmente, por ser declarada inconstitucional. Mas se isso nãoacontecer irá provocar um êxodo ainda maior dos jovens em idade de seremchamados para a tropa. É que, hoje em dia, pouquíssimos terão paciência paraaturar aquele atraso de vida. Será mais um bom motivo para bater em retirada.Estratégica. 

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