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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Bacoradas jornalisticas

Kruzes Kanhoto, 30.12.12

Um individuo lá por ser jornalista não precisa ser burro. Embora, poraquilo que vou lendo, parece ser cada vez mais difícil encontrar umque não o seja. Vem isto a propósito de bacoradas – como se dizpor cá – que frequentemente ouço ou vejo escritas na comunicaçãosocial. É que há coisas que, se escritas por um quase iletrado comoeu num blogue insignificante e sem audiência, não têm importâncianenhuma, mas quando publicadas pelo chamado jornalismo de referênciae alegadamente de qualidade se tornam verdades absolutas.
Umaconceituada revista, de periodicidade semanal, escrevia numa das suasúltimas edições, num trabalho em que se procurava caracterizar afunção pública em Portugal comparando-a com os trabalhadores dainiciativa privada, exactamente isto: “...No extremo oposto ao dosdiplomatas, estão os auxiliares, com 747,9 euros, o salário maisbaixo da Função Pública. Em Portugal, estima-se que haja 605 miltrabalhadores a ganhar o salário mínimo nacional. É outradiferença "descomunal", como diria Vítor Gaspar”.
Trata-se,como também diria o ministro das finanças, de uma “enorme”diferença entre o que muitíssimos funcionários públicos realmenteauferem e o que o autor do artigo menciona. É que, ao contrário doafirmado, são muitíssimos os trabalhadores da função publica queganham abaixo daquele valor. Tal como também não faltam os queauferem o salário mínimo nacional. Com duas agravantes. Nãorecebem nada por debaixo da mesa e descontam mais que os colegas dosector privado.
Maspedir a um jornalista que saiba estas coisas é capaz de ser exigirdemasiado. Afinal, como toda a gente sabe, um jornalista é um gajoespecializado em saber nada acerca de tudo.

Madres desnudas

Kruzes Kanhoto, 29.12.12
Aindanão há muito tempo - talvez no inicio do actual ano lectivo –quando se colocou a questão de em determinados municípios nãoexistirem fundos disponíveis para assegurar o transporte dascrianças para as escolas, uma estudiosa destas matérias sugeriuque, em alternativa, fosse oferecida uma bicicleta a cada aluno. Com ainegável vantagem, argumentou, que assim iam fazendo exercício pelocaminho. A coisa não provocou grande alarido e a declaração,perdida na espuma dos dias, ficou por ali sem que ninguém lhetivesse prestado grande atenção. Mas, convenhamos, não estava malpensado. Os recursos são escassos e essa modernice de andar a levarmeninos de pópó até à escola devia ser repensada. Pelo menos naparte em que é tudo de graça.
EmEspanha, que por sinal até nem precisou de chamar nenhuma troika, oscortes neste sector são já uma realidade. Daí que um grupo de mãesse tenha despido de preconceitos - e de alguma roupa, também - para posaram semi-desnudadas com o objectivo de angariar as receitasque permitam as seus filhos continuar a beneficiar de transporte.Parece que em causa estarão cerca de quarenta e três mil euros, que as entidades responsáveis lá do sitio dizem não ter.
Épouco dignificante, argumentarão alguns. Pois será. Mas não éilegal. Completamente fora da lei e a incorrer em responsabilidadecriminal estarão sim muitos autarcas e dirigentes municipais paragarantir que os nossos meninos continuem a ir à escolinhatransportados à custa do erário público. São formas diferentes dever a crise. É a vida. Ou o contrário, sei lá. 

Dividir para reinar

Kruzes Kanhoto, 28.12.12

Colocaros portugueses uns contra os outros foi a estratégia da governaçãoSócrates. Nisto, como noutras coisas, o actual governo manteve orumo. Aprimorou-o, sejamos justos. De tal forma que, a levar a suaavante, vai pela primeira vez provocar brechas insanáveis entre osautarcas nacionais. Classe que até agora, salvo um outro arrufo maisexacerbado neste ou naquele congresso, se tem mantido unida em tornodo direito inalienável de governar sem preocupações quanto a essacena, relativamente aborrecida, que envolve fazer a vida apenas acontar com o que se pode pagar num período de tempo que não causechatices ao credor. Ou ao contribuinte.
Aproposta de lei das finanças locais ontem aprovada em conselho deministros, para além de evidentemente vir a ser consideradainconstitucional, é um magnifico exemplo da arte de bem colocar emconfronto interesses contraditórios. A ideia de mutualizar a dividaautárquica, prevista no articulado da lei, é simplesmente genial.Vai obrigar os municípios bem geridos e sem dividas a contribuirpara pagar os calotes provocados por gestões desastrosas de outros.Com tudo o que isso implicará. E que facilmente se adivinha...
Poroutro lado será difícil a um larguíssimo conjunto de sectores dasociedade portuguesa – desde políticos, tanto da oposição comoda situação, a comentadores e outros fazedores de opinião –discordar deste conceito de mutualização da divida em que os maisricos apoiam os mais pobres. É assim uma espécie de solidariedadetão do agrado de uns quantos. Algo que me recorda o tempo – umdias destes, ainda - em que quase toda a gente andava por aí afalar de eurobonds como solução milagrosa para a crise e que exigiaque a Alemanha fosse solidária com os países em dificuldade.Pagasse parte da divida, portanto.
Eu,que nunca partilhei dessas ideias parvas, manifesto desde já o meudesagrado com essa jogada do governo. Vá lá saber-se porquê masaborrecem-me, enquanto munícipe e cidadão, que o IMI que vou pagarnos anos mais próximos sirva para saldar as dividas de municípiosmega endividados. Vizinhos ou não.

Estacionamento tuga

Kruzes Kanhoto, 26.12.12

Bempode o Presidente Ernesto alargar o passeio, plantar marcosrevestidos a fita reflectora e colocar sinais de trânsito. Não valea pena. Isto de comprar uns trapinhos, arranjar as unhas ou eliminaras pilosidades mais indesejadas, requer o estacionamento nascercanias do estabelecimento onde se trata destas coisas. E ascercanias são ali. Precisamente ali. Experimentar umas calças maisapertadas, borrar as nhacas de uma cor extravagante oufazer uma depilação artística – será que fazem a águiaVitória? -  presumo que seja tarefa para deixar qualquer condutoraesfalfada e incapaz de dar uma. Passada a pé.

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