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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Adeus 2011, vamos ter saudades tuas.

Kruzes Kanhoto, 31.12.11

 

É,confesso, com uma pontinha de emoção que digo adeus a 2011. Apesar de, em termos profissionais, no ano que hoje acaba não ter tido aumento de ordenado nem sido promovido e a classificação de serviço não ter ido além do “Bom”. O mesmo que o Mário Nogueira. Coisa que, vista assim, me aborrece. Recordarei este como o último ano em que recebi subsídios de natal e de férias, em que me foi devolvida uma parte do IRS que paguei e onde não foram necessárias privações de maior para poder pagar o IMI. É também com mal contida tristeza que não esqueço que foi neste conjunto de doze meses que hoje terminam que, provavelmente pela última vez, pude desfrutar de pequenos prazeres como gozar meia dúzia de dias de férias, fazer uma ou outra refeição fora de casa e dar-me a outros pequenos luxos manifestamente acima das minhas possibilidades. Tivesse o Benfica sido campeão e teria sido um ano fantástico. Mesmo assim, por comparação com o que aí vem, foi certamente o melhor de todos os que se vão seguir. É por isso que desejo a todos os que me lêem um 2012 o menos mau possível.

Antes a mentira era uma coisa má. Agora não.

Kruzes Kanhoto, 27.12.11

Osleitores que tem a paciência de frequentar este blogue farão ofavor de reconhecer que não tenho qualquer simpatia politica pelofigurão que, durante seis anos, tratou de afundar o país. Nem mesmoos tratantes – no sentido de tratar de coisas - que se lheseguiram me fizeram mudar deideias. Apesar de se esforçarem muito e não se cansarem de me dar motivos para que isso aconteça. Ainda assim, face a tudo o que se tem passado nos últimosmeses, não posso deixar de considerar que o actual estudante defilosofia foi um injustiçado. Nomeadamente pela comunicação sociale fazedores de opinião em geral. Se as bacoradas que tem sidoproferidas pelos actuais governantes e seus sequazes fossempronunciadas pelos Socretinos e apaniguados, nem quero imaginar oescarcéu que por aí andava.
Estranhamenteos portugueses estão a aceitar tudo. Até o inaceitável. Mesmo oque até há poucos meses parecia impensável. Daí que seja deespantar que não pareçam incomodados por no lugar de um mentirosoestar agora um pantomineiro. Deve ser um sinal que os sequazes deagora estão a desempenhar melhor o seu papel do que fizeram antes osapaniguados do outro. Ou então que nos sentimos confortáveis.

Mancha Negra

Kruzes Kanhoto, 26.12.11
 
 
Porgente vestida mais ou menos como as imagens acima documentam – oupor causa de fatiotas do género – foram mortos na Nigéria,durante o último fim de semana, algumas dezenas de cristãos que,pasme-se, tiveram o desplante de se deslocar a uma igreja para rezar.No seu próprio país, assinale-se. Estavam, é bem de ver, mesmo apedi-las. Tendo por perto pessoal dotado de tão bom gosto, no quediz respeito a indumentária e não só, apenas a um tonto ocorredirigir as suas preces a outro deus que não aquele que abomina oporco.
Usassemos falecidos uma toalha à volta da cabeça ou andassem enrolados empanos negros apenas com os olhos à mostra e a causa da morte fosseuma bomba desses bandalhos americanos ou dos seus sabujos israelitas e, calculo, teríamos por aí uma onda de indignação. Comunistas,bloquistas, a eurodeputada Ana Gomes e, até mesmo, algumas pessoasdaquelas que uma vez por outra dizem algo que merece ser levado emconsideração, já teriam manifestado a sua indignação e teriampartilhado connosco o quanto estas mortes os horrorizam. Assim estãocaladitos. Deve ser porque ainda não lhes passou o choque quetiveram com a morte do querido líder. Aquele grande democrata deaspecto badalhoco que reinava lá para a Coreia.

O cafézinho da crise

Kruzes Kanhoto, 23.12.11


Oaumento de preço da bica parece inevitável. Pelo menos é o queconsidera um representante do sector hoteleiro que, face à subida dataxa do IVA entende não ser possível aos empresários do ramodeixar de repercutir o encargo no preço do café. Desconheço se amaioria das empresas a operar nesta actividade terão ou nãocondições para serem elas a suportar o diferencial resultante dasubida do imposto. Além de, convém não esquecer, terem também dearcar com o aumento de outros factores como a electricidade, a águaou o gás. O que sei - até porque nem foi assim há tanto tempoquanto isso - é que quando da entrada em circulação do euro, semque nenhum dos custos atrás mencionados tivesse sofrido qualqueracréscimo, os donos de cafés, pastelarias e afins trataram deadaptar os preços à nova moeda. Verdade que eram outros tempos. Amalta andava eufórica, julgava-se rica e ninguém se aborreceu comos aumentos. Hoje a coisa fia mais fino e acredito que, a haversubidas substanciais de preço, não faltarão estaminés a fecharportas.
Pormim, desde que o PPC anunciou o fim dos subsídios de férias e denatal, que entre as várias medidas anti-crise incluí a reduçãodos gastos em cafetarias e correlativos. O café da hora de almoço ébebido em casa. O que, apenas com esse pequeno gesto, representa umapoupança diária de cinquenta cêntimos. Mais ou menos cento eoitenta euros por ano. Incluindo cerca de vinte e um euros de IVA. Seum milhão de portugueses fizer o mesmo... é só fazer a conta!

Harmonias

Kruzes Kanhoto, 22.12.11

Bastousurgir a noticia de que o governo se prepara para rever as tabelassalariais da função pública, alegadamente no sentido de asaproximar daquilo que se paga no sector privado, para os comentáriosde satisfação de inúmeros opinadores se multiplicarem. Seja nossites dos jornais que publicaram a noticia ou numa qualquer esquina.Toda essa gente saliva de agrado com a perspectiva de ver osfuncionários públicos sofrerem mais uma quebra dos seusvencimentos. Isto porque – com intenções fáceis de adivinhar - éfrequentemente transmitida a ideia que no sector público osordenados são mais elevados.
Provavelmenteaté serão. Talvez a sua harmonização com os pagos no sectorprivado constitua um factor de justiça social. É que a mim, um gajorelativamente preocupado com os mais desfavorecidos, fazem-meconfusão as listas – públicas todas elas – de atribuição deapoios de âmbito escolar a alunos carenciados. Quase todos, diga-se,filhos de pessoas que trabalham no sector privado. E, não rarasvezes, até a descendência de empresários que todos julgávamos desucesso por lá aparece.
Fará,portanto, algum sentido a satisfação evidenciada por uma certapopulaça que sofre de uma raiva mal contida contra os funcionáriospúblicos. Verem-se incluídos numa lista de pobrezinhos não deveser agradável. Mesmo que os carros em que se locomovem, as casasonde habitam ou os sofisticados telemóveis e outros gadgetsmanuseados pela sua prole, indiciem que vivem numa zona de confortopouco compatível com a sua condição de quase miseráveis.

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