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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

"O prémio"?!

Kruzes Kanhoto, 30.03.11
Mantive um destes dias - na qualidade de pacato cidadão, contribuinte preocupado com o destino dos meus impostos e de eleitor atento às decisões de quem me representa – uma breve conversa com um dirigente de uma conhecida agremiação cultural. O motivo da cavaqueira, não muito amena e ainda menos cordial, teve a ver com o financiamento por entidades públicas das associações culturais e do destino que a esse apoio é dado pelos seus dirigentes. 
A discordância instalou-se logo que o meu interlocutor defendeu – aberta, descarada e veementemente – que entre as componentes a financiar se devem incluir almoços, jantares, comes e bebes diversos ou festividades variadas. Mesmo quando isso não se inclua no âmbito de uma qualquer acção ou projecto do grupo – uma deslocação, por exemplo – mas em que o simples acto de dar ao dente constitua por si só uma actividade devidamente programada. Será, justificou, uma espécie de prémio e que, a não ser assim, ninguém quererá dar o corpo ao manifesto e perder o seu tempo no movimento associativo. 
Custa-me a crer que dirigentes, praticantes e outros que mantêm vivas as associações culturais e desportivas deste país, sejam uma troupe de esfomeados. Recuso-me a acreditar que a maioria dos que dão o seu melhor, quase sempre em prejuízo do seu tempo de lazer e de convívio com a família, o façam a troco de comida. Mas ainda que as entidades associativas resolvam promover banquetes todos os dias, para gáudio de quem muito bem entenderem, será lá com elas. Fazê-lo com o dinheiro obtido através do financiamento público é que entendo ser, pelo menos, imoral. Para não lhe chamar outra coisa. 
Ainda que a minha opinião tenha deixado o senhor em causa para lá de indignado, acredito que muitos pacatos cidadãos, contribuintes preocupados com o destino dos seus impostos e eleitores atentos às decisões de quem os representa, não terão grandes dúvidas em concordar comigo.

iPad2, iVa e gente pouco séria

Kruzes Kanhoto, 29.03.11
Confesso – sem vergonha nenhuma, diga-se – a minha ignorância. Não sei o que é, nem para que serve, a porra de um tal iPad 2. Nem o facto de uma quantidade parva de alarves ter esgotado, em menos de meia-hora, o stock destes aparelhos, acabadinhos de ser postos à venda numa loja da especialidade, me desperta mais curiosidade em relação à traquitana.
O brinquedo que despertou este inusitado interesse custa, ao que parece, quase um salário mínimo, na sua versão mais rasca, e pode ir até vez e meia a remuneração miníma nacional na opção mais catita da gigajoga. Calculo que quem o adquiriu não esteja preocupado com o dinheiro que, depois da compra, lhe sobejou na carteira ou na conta bancária. Admito que se tratarão apenas de umas centenas de palermas exibicionistas que gostam de ter no bolso – se é que aquilo lá cabe – a ultima inutilidade tecnológica. Concedo que terão toda a liberdade que quiserem para esturrar o dinheiro que lhes custou – ou não - a ganhar. O que tenho manifesta dificuldade em aceitar é que um aparelho desta natureza não tenha uma taxa agravada de iva. Ou, em alternativa, esteja sujeito a outro imposto qualquer. Mas para isso era preciso que tivéssemos um governo a sério. Ou, apenas, sério.

Loucos!

Kruzes Kanhoto, 28.03.11
Os portugueses devem estar loucos. Só pode. Ou então ainda não perceberam o que lhes está a acontecer. O que não altera em nada a conclusão anterior, embora possa também configurar um estado de inconsciência ou de negação da realidade. Apenas algo do género pode explicar que o parque de estacionamento de uma zona comercial, que para além de calçado apenas vende roupa, possa estar praticamente lotado. 
Verdade que se tratam de bens essenciais. Com a diferença em relação, por exemplo, aos bens alimentares que têm um larguíssimo período de duração e, portanto, não sejam coisas que se comprem com com a mesma frequência. Exceptuando, claro, aquelas pessoas que têm o vicio de comprar trapos apenas para espairecer. Mas aí estamos perante alguém profundamente demente e visivelmente transtornado das ideias. 
São imagens como esta – e também as bichas nas caixas registadoras dos diversos estabelecimentos – que me mantêm na dúvida e fazem hesitar entre três opções: 
A - O país está em crise mas os portugueses continuam a viver bem e a ter dinheiro ou crédito disponível; 
B - Estamos a sofrer de uma espécie de alucinação colectiva, achamos que o fim do mundo está a chegar e o melhor é aproveitar. Está tudo doido, portanto;
C - Não existe crise nenhuma e tudo não passa de uma tramóia dos políticos para, como sempre, nos lixarem.

O descanso do lepidóptero

Kruzes Kanhoto, 26.03.11
Garantem alguns que quando uma borboleta bate as asas com mais força num local, provoca um ciclone do outro lado do mundo. É provável que assim seja. Este bicharoco – ou bicharoca – não será desses. Por mais violento que seja o seu esvoaçar não aparenta ter poderes para provocar nem, sequer, uma leve brisa. Mas isto sou eu a dizer, porque no âmbito dos vendavais nunca se sabe o que está para vir nem do que cada um é capaz. Mesmo que se trate de um ser esvoaçante como uma mariposa. Uma pousa-lousa, vá.

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