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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

“Não deixe que a verdade estrague uma boa história”.

Kruzes Kanhoto, 31.10.10


A imagem que quem nos visita leva de Estremoz  aparenta não ser a melhor relativamente à forma como por cá nos relacionamos com o automóvel. O  carrinho parece ser, a par do canito, o melhor amigo do homem – e também da mulher – estremocense de tal forma o levamos para todo o lado por mais pequeno que seja o percurso a efectuar. E, numa cidade como a nossa, quase todos o são. 
Também a maneira como arrumamos o nosso imprescindível meio de transporte é alvo de especial critica. Quase sempre o mais perto possível do local de destino, mesmo que isso signifique deixar o "boguinhas" em cima do passeio, da passadeira ou em local proibido para o efeito. Tal como acontece em qualquer outra aldeia, vila ou cidade. 
A par de fotos onde ilustra o que refiro acima, o autor de mais um post sobre esta temática lamenta que não utilizemos o parque de estacionamento gratuito, junto às Portas dos Currais, que, segundo ele, a Câmara atenta ao problema mandou construir. Acredito que alguns até gostassem de o utilizar. Há, no entanto, um pequeno pormenor. No caso nada pequeno nem menor. O espaço é privado,foi construído pelo promotor da unidade hoteleira vizinha para utilização exclusiva dos seus clientes e, como é fácil de constatar até ao mais desprevenido visitante, trata-se de um parque fechado. O que faz todo o sentido dado o fim a que se destina.
No mundo dos blogues não é de esperar grande rigor informativo nem um especial apego pela verdade dos factos. No caso em apreço, da ausência  de ambos não virá grande mal ao mundo. Mas, embora o autor do texto tenha toda a razão nas considerações que tece acerca do estacionamento cá do burgo, não cumpriu uma das regras de ouro que se deve seguir quando se fala ou escreve acerca de um tema que não dominamos. Não aprofundar demasiado...A menos que usemos aquela velha máxima que, também a mim, é tão querida: “Não deixe que a verdade estrague uma boa história”.

Passos certos

Kruzes Kanhoto, 30.10.10

Como  está por demais evidenciado em diversos posts que tenho vindo a publicar aqui no Kruzes, não tinha a miníma simpatia pelas ideias do líder do Partido Social Democrata. Até ontem. Nas últimas horas a minha admiração por Pedro Parvus Coelho disparou para um patamar  que até a mim surpreende e que deve situar-se ao mesmo nível daquilo que qualquer intelectual de esquerda nutria por Barack Obama por alturas das eleições americanas. O que, penso, dará a quem me lê uma ideia aproximada do quanto o homem subiu na minha consideração. 
Tudo graças à frase mais marcante que qualquer titular de cargo público, ou aspirante a isso, ousou pronunciar desde que me lembro de ter algum interesse por estas coisas da politica. De facto não é para todos – até agora não tinha sido para ninguém – afirmar peremptoriamente que “os direitos adquiridos caiem quando for preciso”. Mais nada! Haja alguém que tenha coragem de fazer cair interesses instalados de magistrados, políticos de toda a espécie, reformados com reformas milionárias, gestores públicos, criminosos – independentemente da cor do colarinho – com direitos que escapam ao senso comum que conduzem quase sempre à impossibilidade de serem condenados, malta do Banco de Portugal e de todos os outros que se andam por aí a pavonear à custa da imensa maioria.
Nem coloco a hipótese – ninguém de boa fé o pode fazer – que o chefe social democrata esteja a falar de outra coisa. Até porque neste campo dos direitos adquiridos pouco mais restará do que acima enunciei. A menos que Pedro Parvus Coelho esteja a pensar em reintroduzir no país a aplicação da pena de morte. Sim, porque à generalidade dos portugueses o direito à vida – e ainda assim relativamente – é das poucas coisas dadas como adquiridas.

Fantasias no país das crises

Kruzes Kanhoto, 28.10.10
Na crise de 2009 – aquela em que, recorde-se, gastar dinheiro dos contribuintes era bom e que fazê-lo constituía quase um imperativo patriótico – os autarcas portugueses, seguindo o exemplo do governo, esmeraram-se naquilo em que tradicionalmente melhor sabem fazer. Gastar o que têm, o que não têm e aquilo que sabem nunca irão ter. 
Cheios de generosidade, de amor ao próximo e imbuídos de um espírito altruísta que costuma atormentar os políticos na proximidade dos actos eleitorais, trataram de inventar planos de apoio aos extractos sociais mais desfavorecidos, medidas de emergência para auxiliar eleitores em situação de carência, estímulos ao emprego ou incentivos a tudo e mais alguma coisa. De caminho fizeram obras, arranjaram empregos, contrataram os cantores da moda, organizaram passeatas e tudo o mais que ocorreu à sua fértil imaginação. 
A crise de 2010 é, ao invés da anterior, daquelas tradicionais. Conservadoras, mesmo. Parece que nesta não se pode gastar. Terá, pelo contrário, de se cortar muita despesa. Inútil ou não. Embora a mim o conceito de despesa inútil com dinheiro público me faça uma certa confusão. Se calhar quem gasta o dinheiro de todos em coisas que não são úteis devia ser preso. Ou levar um par de estalos. Não sei, digo eu assim de repente. 
O certo é que agora não basta poupar. É preciso deixar de gastar onde antes de distribuía magnanimamente. Mas isso, suspeito, é tarefa impossível para os autarcas tugas. Não conhecem essa realidade, diria que nem suspeitam que exista, e fazer um esforço para reequilibrar as depauperadas contas da esmagadora maioria das autarquias não é assunto que mereça qualquer relevância. 
Nada disto me surpreende. Só me entristece que não encontre ninguém que queira apostar comigo em como o país se vai iluminar com milhões de luzinhas de natal, muita gente se vai empanturrar e embebedar nas múltiplas festas alusivas à quadra, pistas de gelo não vão faltar no centro de qualquer vilória e pai-natais barrigudos cheios de prendas, de que putos mimados desdenharão, andarão por aí numa roda-viva. Tudo com o alto patrocínio da quase falida autarquia lá da terrinha.

Os empresários nossos amigos

Kruzes Kanhoto, 27.10.10

Se de repente uma central sindical – ou outra organização qualquer, não interessa - se lembrasse de exigir uma redução das taxas de irs sobre os rendimentos do trabalho na ordem dos oitenta e cinco por cento, era muito bem capaz de ver esta intenção apelidada de irresponsável, demagógica e populista. No mínimo. E com razão. 
Se uma associação de aforradores, revoltados com a elevada taxa fiscal que incide sobre os juros dos depósitos a prazo, viesse a terreiro reivindicar uma baixa significativa – aí para um virgula cinco por cento – sobre o imposto que incide sobre os resultados da sua poupança, quase de certeza provocaria a ira do Ministro das Finanças. E do Bloco de Esquerda, também. Desagrado que, acredito, reuniria largo consenso.
Já um estudo, elaborado por uma universidade, sugerir como medidas para melhorar a competitividade das empresas nacionais o aumento do iva – provavelmente mais do que aquilo que o governo propõe – e reduzir a contribuição patronal para a segurança social de 23,75 para 3,75% é, digamos de uma forma simpática, parvo. E a atirar para o alarve.
Contrariamente ao que se possa pensar numa apreciação mais ligeira a universidade em causa não é a Independente. Embora não haja certezas quanto a isso - as fontes não o referem - suponho que a análise desta problemática e a conclusão obtida para a sua solucionática terá ocorrido num Domingo. De manhã, quase de certeza. Depois de uma noite de muito álcool, umas brocas e, se calhar, algumas gajas. Provavelmente até, mas isso sou eu a divagar dado o adiantado da hora, tudo patrocinado por algum “empresário” recentemente regressado da China.

Tramar a ladroagem

Kruzes Kanhoto, 26.10.10
Segundo alguns analistas destas coisas da economia, provavelmente os negativistas mais exacerbados e que urdem campanhas negras contra o PS - que é como quem diz contra o país – uma contracção do consumo na ordem dos dez por cento teria consequências catastróficas. Nem desconfio se tudo o que tem sido anunciado irá originar uma quebra dessa grandeza. Mas, aos olhos de um leigo, esse parece ser um número facilmente atingível se  os recos que se governam lá por Lisboa concretizarem todas as ameaças e mal-feitorias que pretendem impor aos portugueses. 
Por mim tudo farei para que o consumo tenha mesmo a queda tão temida pelos analistas económicos. Nem terei de me esforçar muito. Neste aspecto os cevados do governo irão usufruir de toda a minha colaboração. 
Apesar de sentir na carteira os efeitos das más intenções desta gente sem escrúpulos, nem categoria para gerir um clubezeco de bairro quanto mais governar o país, não acredito por aí além em greves. Desse acto pouco advirá de bom para quem aderir. Antes pelo contrário. Perder um dia de vencimento só beneficiará o governo que poupará uns trocos, no caso dos funcionários públicos, e nos privados irá certamente dar azo a mais uns quantos despedimentos. Prefiro outras formas de resistência individual e de boicote a pagamento de impostos que, no conjunto, acredito terão um impacto muito maior e que ainda podem trazer alguns benefícios à nossa bolsa. É tudo uma questão de imaginação. E se ela não falta à ladroagem que nos anda a tramar a nós também não.

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