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Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

Kruzes Kanhoto

Ainda que todos, eu não!

É cultura, estúpido!

Kruzes Kanhoto, 31.01.10
A expressão artística pode assumir muitas formas. Incontáveis, segundo os entendidos nestas coisas da cultura. Tomemos como exemplo os orgasmos da Clara Pinto Correia. São, ao que afirmam porque eu não vi a exposição nem os orgasmos, uma notável – sublime, até – demonstração de arte.
Neste contexto considero claramente discriminatório que as minhas fotografias de merda de cão não sejam igualmente consideradas um trabalho artístico de elevado potencial e que, pelo contrário, sejam muitas vezes depreciadas por aqueles – poucos e de gosto duvidoso – que não apreciam o meu blogue. Ignorantes e umas bestas é o que vós sois!
Pelo menos nas minhas fotos não há lugar a montagens, fingimentos ou qualquer tipo de retoque. Embora, também nelas, algo seja posto a nu. A falta de civismo de uns quantos que se arrogam no direito de sujar impunemente o espaço colectivo. Mas sobre este tipo de impunidade escreverei noutra ocasião…

Automóveis a andar às voltas são uma coisa muito gira...

Kruzes Kanhoto, 30.01.10
Faz por este dias dois anos que foi posto em prática o plano de sinalização e circulação de trânsito nos bairros da Salsinha, Quinta das Oliveiras e Monte da Razão. Não sei ao certo se é assim que chama o conjunto de disparates elaborado por um grupo de alegados técnicos, provavelmente pós-graduados em trânsito, e aprovado com sérias reservas – a imbecilidade da coisa saltava à vista - de todos os membros do anterior executivo.
Mas isso agora também não interessa nada. O que interessa é que passado todo este tempo o modelo de circulação continua a prejudicar os moradores, a não respeitar as mais elementares normas de protecção ambiental e a constituir um forte incentivo à transgressão. Sim, porque poucos estarão dispostos a percorrer inutilmente trezentos ou quatrocentos metros às três ou quatro da manhã – ou a outra qualquer hora, como já aqui documentei – só porque um plano idealizado por uns quantos “técnicos” impede que se chegue ao mesmo local percorrendo apenas dez metros. Coisa de gente sentada tranquilamente a uma secretária que desconhece a realidade do terreno e que, por qualquer motivo desconhecido mas que poderá ter a ver com alguma patologia, acha muito giro andar às voltas com o carrinho.
A linha vermelha desenhada nas imagens de satélite representa o trajecto que os residentes são agora obrigados fazer. Pelo menos os que cumprem o Código da Estrada. Não vale por isso a pena alongar-me - por hoje, porque voltarei ao tema - a dissertar acerca da dimensão da burrice que foi cometida. Neste, como noutros casos, uma imagem – ou duas – valem por mil palavras. Ou mais.

A avenida da harmonia

Kruzes Kanhoto, 28.01.10
Este original canteiro pode ser apreciado numa das entradas da cidade. Ou saídas para quem circula em sentido contrário. A sua existência resulta – digo eu, embora qualquer outra explicação seja igualmente boa - do facto de, quando do arranjo paisagístico da zona, o passeio não ter sido “encostado” ao pavimento já previamente alcatroado. Apesar disso a faixa de rodagem não ganhou mais meio metro mas, em contrapartida, ficou visivelmente mais…verdejante, digamos. Constitui mesmo um exemplo perfeito da harmonia em que podem coexistir o alcatrão e esta espécie de hortaliça.
Não sei se aquilo, depois de seco ou noutro estado qualquer, se pode fumar ou não. Nem se será coisa que se possa utilizar numa salada. Tão pouco me interessa. Acho apenas que é de preservar esta pequena maravilha com que a natureza nos brindou. Apesar do tráfego intenso, dos gases emitidos pelos escapes dos milhares de viaturas que por ali passam diariamente e das adversas condições de subsistência é reconfortante assistir à resistência heróica – brava, é capaz de soar melhor – com que estas plantas enfrentam a invasão do seu espaço natural. E mesmo quando o calor as transformar em pasto recordar-nos-emos do seu exemplo. Afinal não são apenas as árvores que morrem de pé. Algumas ervas, ainda que daninhas, também.

Orçaminto (II)

Kruzes Kanhoto, 27.01.10

 A generalidade dos comentadores económicos não está satisfeita com a proposta de Orçamento de Estado ontem apresentada. Para eles era preciso cortar mais na despesa. Muito mais. Nomeadamente nos vencimentos dos funcionários públicos. Ou até mesmo mandar muitos para o desemprego. O que seria o ideal, no entender dessas sumidades potenciais candidatos a prémio Nobel da ciência económica, embora noutra parte do seu discurso lamentem a elevadíssima taxa de desempregados e elejam isso como um dos principais males do nosso país. 

Confesso que este tipo de discurso me deixa completamente baralhado e com receio, mais que fundamentado, de não estar a acompanhar o raciocínio das criaturas. Senão vejamos. Segundo eles o desemprego é um problema gravíssimo e o governo não revela competência para inverter a situação que, asseguram os nossos economistas, é coisa para a breve prazo chegar aos dois dígitos. Por outro lado, se muitos funcionários públicos fossem despedidos – duzentos mil dispensados da função pública foi um número que chegou a ser adiantado por um desses badamecos – seria excelente. Ainda que a tal estatística, dramática segundo eles, atingisse valores que agora consideramos impensáveis.
Claro que estes senhores não são para levar a sério. Nem sei como ainda se atrevem a atirar para o ar soluções para uma crise que não foram capazes de escrever. Contudo exibir estes admiráveis níveis de incoerência parece-me uma coisa já relativamente próxima da parvoíce.

Salário menos minimo

Kruzes Kanhoto, 26.01.10
Caso os média nacionais não estivessem por estes dias mais preocupados com o Orçamento de Estado, a medida promovida pela Câmara da Vidigueira de aumentar os funcionários com mais baixos salários à custa da redução do vencimento de eleitos e respectivo staff de apoio, causaria ampla discussão e provocaria intenso debate na opinião publicada.
Ainda assim, nos blogues e nas caixas de comentários dos sites de alguns órgãos de comunicação social onde a notícia mereceu uma discreta referencia, as reacções não se fizeram esperar. Se, por um lado, uma ampla maioria concorda com o caminho que aquela autarquia alentejana se propõe seguir surgem já, aqui e ali, umas quantas vozes discordantes a revelarem um certo incómodo. Provavelmente mais preocupadas com as consequências e as ondas de choque que a decisão inevitavelmente irá provocar na sociedade portuguesa, do que com o seu conteúdo ou os efeitos que poderá causar na pequena localidade onde será posto em prática. Coisa que, como é óbvio, lhes interessará muito pouco por se situar a considerável distância do seu umbigo.
Não é preciso possuir grandes dotes adivinhatórios para prever que não assistiremos ao generalizar de decisões como esta noutras autarquias, em empresas, nem - ainda menos - no Estado. Não passa de demagogia. Argumentarão muitos. Talvez. Mas tratem de convencer disso quem, por esta via, vê o seu ordenado substancialmente melhorado.
Ah! E porque não tenho qualquer reserva mental em fazê-lo,aqui fica devidamente referido que a Câmara da Vidigueira é gerida pelo Partido Comunista Português.

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